Prof. Dra. Luciana Flor Correa Felipe
Cada vez mais e, principalmente no século XX, a ciência incorporou-se ao funcionamento cotidiano e a cultura científica passou a dominar a matriz simbólica da sociedade. Assim como a tecnologia. No último dia 8 de julho, comemoramos o dia da Ciência e do Pesquisador e, por isso, consideramos oportuno discorrer sobre esse assunto; por vezes tão permeado de mitos de ilusões.
Inegavelmente, vivemos dias de intensa interferência de inovações científico-tecnológicas no contexto social. As relações humanas são fortemente (re)significadas pela influência desses aparatos e nosso cotidiano é totalmente permeado por eles. Nosso futuro se apresenta como fruto daquilo que a C&T nos oferece. E devemos reconhecer que a vida humana, tal qual admitimos, dificilmente poderia ser imaginada sem considerar a presença e o significado social da C&T.
Mas, normalmente, a primeira dificuldade enfrentada por quem se propõe a discutir ciência e tecnologia, é a exata compreensão dos conceitos e trajetórias destes termos, muitas vezes banalizados e utilizados na perspectiva do senso comum.
A palavra ciência, por exemplo, é empregada com vários sentidos, alguns mais completos outros mais restritos, provocando sérios enganos mesmo em pessoas diretamente ligadas ao seu uso, geração ou política. Talvez isso se dê porque o perfeito conhecimento da problemática científica e tecnológica não faz parte da cultura da maioria da nossa população.
Neste sentido, a concepção mais popular de ciência, diz respeito a conhecimento provado, que não reflete opiniões ou preferências pessoais e suposições especulativas. Ainda nesta lógica, a ciência é vista como totalmente objetiva e confiável, um empreendimento autônomo, neutro e baseado na aplicação de um código de racionalidade alheio a qualquer interferência externa.
Não é nosso propósito desqualificar a ciência ou a atividade científica, muito pelo contrário, queremos apenas mostrar o quão humana ela é, haja vista que a própria história da ciência mostra que numerosas ideias científicas surgiram por causas vinculadas à inspiração e aos condicionamentos socioeconômicos de uma sociedade.
Sob essa lógica é possível entender que a Ciência não está alheia a sociedade e, nem “trancafiada” em laboratórios ou nas mentes dos cientistas e pesquisadores. Ela está a serviço da sociedade e por isso, deve estar sintonizada com a dimensão humana e social.
A tecnologia é outro tema que merece nossa atenção conceitual, já que sua definição é especialmente difícil, por ser indissociável da própria definição do ser humano. Hoje, no senso comum, o termo tecnologia normalmente é empregado como um sinônimo para artefato, representando algo concreto; em especial quando se está diante de novidades, de complexidade não compreendida, de algo que remeta a científico. Ou ainda como um conhecimento que nos permite controlar e modificar o mundo.
Comumente a principal diferença atribuída entre tecnologia e técnica refere-se ao fato de que, na primeira há aplicação de conhecimentos científicos na produção do bem ou artefato, enquanto na segunda não. E, essa disseminação da indissociabilidade da tecnologia e do conhecimento científico, tem gerado uma confusão comum que é reduzir a tecnologia à dimensão de ciência aplicada.
Outra leitura corriqueira da tecnologia é julgá-la impessoal, desumana e porque não dizer, fora de controle. Ou ainda, dar-lhe uma conotação de neutralidade, propriedade que ela também não sustenta; afinal, a tecnologia está associada a contextos sócio-políticos, valores e ideologias da cultura em que se insere. Portanto, o melhor conceito está atrelado a artefato técnico, “entendido no seu modo mais amplo, como construção humana”.
Neste sentido, é importante desmistificar a ciência e a tecnologia, situando-as no contexto social em que se desenvolvem, mostrando que elas são influenciadas e influenciam os valores, interesses e impactos sociais, o que faz delas atividades humanas.
Assim, cabe ao cientista e ao pesquisador, conhecer, discutir e ponderar sobre as implicações que tem o desenvolvimento científico e tecnológico na vida em sociedade; mas cabe também ao engenheiro, ao advogado, ao médico, ao professor, a dona de casa, enfim, ao cidadão comum fazer essas reflexões. E para isso, é necessário interesse, proatividade, participação. Busca por fontes confiáveis e avaliação, principalmente sobre a informação fácil, rápida, fluida e anônima (muitas vezes falsa) divulgada sobretudo nas redes sociais.
Palmas à Ciência e aos Pesquisadores e um Viva à sociedade consciente e comprometida com o seu futuro e com o futuro científico e tecnológico do país!
Você sabia?
Unisul está entre as 38 universidades brasileiras que tiveram seus projetos aprovados pela CAPES – Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior -, em edital emergencial do COVID – 19, de combate a surtos, endemias e pandemias. A Unisul foi a única universidade comunitária contemplada. Os projetos são sobre fármacos e imunologia de diferentes universidades brasileiras e ao todo serão 482 pesquisadores no Brasil e no exterior. Na Unisul, quem está coordenando o projeto é a professora do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Anna Paula Piovezan, juntamente com os professores Jefferson Traebert, Eliane Traebert e a Pós-Doutoranda Verônica Horewicz.
Fique atento!
A Unisul, em parceria com o PRAVALER, a maior fintech de soluções financeiras para a educação, irá promover o ‘Ressignificando Carreiras’, no dia 17 de julho, a partir das 15 horas, por meio do site: www.ressignificandocarreiras.com.br. O evento, 100% digital e gratuito, tem como objetivo mostrar o atual cenário, sem perder a visão do futuro, traçando um panorama de como os impactos causados pela crise influenciarão os próximos anos, além de ajudar candidatos a se prepararem para esta nova era.