quarta-feira, 24 abril , 2024
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VIVER SÓ DE PENSAR E CRITICAR, É VIVER PELA METADE

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Prof. Dra. Luciana Flor Correa Felipe

 

Na Antiguidade Clássica o que chamava a atenção em alguém que se destacava pela própria intelectualidade era a sua capacidade de dominar, dentro de suas possibilidades, as mais diversas áreas da compreensão humana. Tínhamos, neste período, conhecedores exímios de cálculos e que ao mesmo tempo exerciam atividades ligadas à medicina e ao ensino, por exemplo. O conhecimento humano era visto como um todo que deveria ser buscado e vivido.

Com o passar do tempo, no entanto, entramos num processo de segmentação do conhecimento em áreas que, gradativamente, foram se distanciando do conhecimento global. Sob o pretexto de facilitar o aprendizado e dar-lhe aplicação social, estes foram sendo agrupados em disciplinas, que passaram a ser trabalhadas separadamente umas das outras.

E, a divisão dos objetos em disciplinas fez com que, cada vez mais, os conteúdos se afastassem entre si, de forma que em alguns momentos não se percebe mais a familiaridade entre eles. Ou seja, o paradigma de separação entre o sujeito e o objeto, fragmentou o conhecimento e as estruturas sobre as quais se apoiam sua construção e disseminação.

Neste sentido, como a prática da interdisciplinaridade prevê um processo integrado e contínuo na formação do conhecimento, permitindo o diálogo entre conhecimentos e áreas, esta tornou-se uma saída para este cenário de segmentação. Entendendo-a de forma abrangente, a interdisciplinaridade se pauta na necessidade de superação da visão mecânica e linear que a fragmentação dos métodos separou.

Entretanto, para ser efetiva, a atuação interdisciplinar precisa ser planejada e conquistada pela articulação da epistemologia da prática com a epistemologia social. Por isso, buscar compreender os aspectos sociais do fenômeno científico-tecnológico e suas consequências para a sociedade é uma opção absolutamente viável.

Assim, a prática interdisciplinar, necessária à superação da visão restrita de mundo, deve romper as barreiras que frequentemente se estabelecem entre as disciplinas e, gerar integração e engajamento de educadores num trabalho conjunto e de interação; das disciplinas entre si e, destas com a realidade.

Deste modo, os estudantes terão condições de exercer criticamente a cidadania e de enfrentar os problemas complexos, amplos e globais da realidade atual. Nessa perspectiva, os conteúdos das disciplinas devem ser trabalhados formando uma teia de conhecimentos. Ou seja, se deve cumprir programas, mas ir além: proporcionando aos estudantes, relações que visem o crescimento intelectual para uma efetiva participação na civilização, com menores danos sociais.

Por isso, cabe aos educadores, de todas as áreas, fundamentar-se em uma nova visão de mundo, e atuar como precursores de um processo de aprendizagem que integre o conhecimento e a busca de respostas inovadoras para a problemática contemporânea. Afinal, viver só de pensar e criticar, é viver pela metade.

 

Você sabia?

A FAPESC vai selecionar recursos humanos para atuação técnico-científica na implantação de práticas de pesquisa, desenvolvimento e inovação na execução do Programa de Disseminação e Divulgação da Ciência, Tecnologia e Inovação (CTI) do Estado de Santa Catarina por intermédio da oferta de bolsas de desenvolvimento, pesquisa e inovação a profissionais capacitados e com experiência profissional para atuarem em atividades na área de Comunicação Social, Design, Tecnologia da Informação e Comunicação (TIC).

O objetivo do programa é desenvolver pesquisa e mapeamento das ações de Ciência, Tecnologia e Inovação no estado de Santa Catarina, a fim de gerar difusão, divulgação, disseminação, fortalecimento e avanço da Ciência, Tecnologia e Inovação produzida pelo Ecossistema de CTI do estado de Santa Catarina. O valor da bolsa corresponde a R$ 3.000,00 (três mil reais) por mês.

Outras informações: http://www.fapesc.sc.gov.br/edital-de-chamada-publica-fapesc-no-22-2020-programa-de-divulgacao-da-ciencia-tecnologia-e-inovacao-cti-do-estado-de-santa-catarina/

 

Fique atento!

Na Unisul, você tem acesso a um Componente Curricular denominado Vida & Carreira, que vai guiar sua trajetória acadêmica desde o seu 1º semestre. Ela é essencial para o seu autoconhecimento e para facilitar a compreensão do seu papel no mundo, além de ser mais um elemento de conexão com o mundo do trabalho.

Será por meio deste C.C. que você vai se tornar o protagonista da sua vida profissional; orientado por tutores e mentores, irá desenvolver mecanismos para autogestão e planejamento da sua carreira com base em suas habilidades, interesses, competências comportamentais, técnicas, talentos e personalidade. Você ainda contará com trilhas de aprendizagem, mentorias, dicas de profissionais de mercado, cursos de curta-duração, chamados de nanodegrees e muito mais. Outras informações: http://sites.unisul.br/nossocurriculo/vida-e-carreira.html

A arte da meditação: da tradição à neurociência

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Rafael Mariano de Bitencourt,
Neurocientista, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – PPGCS – Unisul

 

Meditação é o nome dado a uma prática milenar a qual vem ganhando cada vez mais popularidade nos últimos anos. Em tempos de pandemia e estresse intenso, deixa de ser apenas uma palavra popular e passa a ser uma alternativa terapêutica para lidar com todos os desafios, medos e aflições aos quais temos sido diariamente submetidos.

A prática é bastante antiga, remonta aos primórdios das tradições orientais, há mais de 2.500 anos, quando já era utilizada em movimentos espirituais que viam a meditação como uma forma de se chegar a um estado de libertação. Mas, afinal, o que é meditar?

Antes de responder esta pergunta, imagine se você pudesse desligar todos os pensamentos que povoam sua mente neste momento. Imagine que você conseguisse permanecer num estado de completo “silêncio mental”, sem preocupações, prazos, nem nada que lhe remeta a qualquer lugar que não seja o momento presente.

Imaginou? Pois então, meditar é exercitar essa possibilidade. É focar sua atenção, mesmo que por uma pequena fração de segundo, naquele lugar da sua mente onde não há absolutamente nada (ou talvez tudo); um local de silêncio e paz. Com o tempo, essa breve fração de segundo vai aumentando, mas, é claro, como toda prática, requer disciplina e persistência.

O início talvez seja a parte mais difícil, que é quando você percebe o quão barulhenta é a sua mente. Contudo, a prática leva à excelência e logo você se perceberá, em diferentes momentos do dia, acolhendo a si mesmo nesse “lugar” tranquilo e silencioso da sua mente, não importa o quão barulhento esteja fora dela.

Os benefícios, facilmente observáveis por quem a pratica, chamaram a atenção de neurocientistas ao redor do mundo que passaram a se perguntar: o que a meditação estaria fazendo no cérebro dos seus praticantes?

Foi na tentativa de responder a esta pergunta que Richard Davidson, um neurocientista da Universidade de Winsconsin – Madison, nos Estados Unidos, resolveu estudar o cérebro de pessoas que passaram a vida inteira praticando a meditação. Em seus estudos, Davidson descobriu que o cérebro desses praticantes de longa data foi transformado em consequência desta prática. E, obviamente, transformado para melhor!

Uma parte do cérebro responsável pelas emoções positivas estava mais ativa nos meditadores, portanto, aumentando os níveis de bem-estar nesses indivíduos quando comparados ao cérebro de não praticantes. Mas, se você não é um praticante de meditação de longa data, não se preocupe, pois, começando hoje, em poucas semanas você já terá mudanças importantes no seu cérebro.

Foi esta a descoberta da neurocientista Sara Lazar, da Universidade de Harvard, também nos Estados Unidos, que analisou o cérebro de praticantes iniciantes de meditação, os quais praticaram em média 27 minutos por dia durante oito semanas.

Nesse estudo, Lazar descobriu que, após esse período, o cérebro destas pessoas aumentou a massa cinzenta em regiões relacionadas à autoestima, aprendizado, regulação emocional, empatia e até mesmo compaixão, sendo todas estas mudanças correlacionadas à melhora do bem-estar psicológico.

Além do mais, a área do cérebro responsável pelas respostas de medo e ansiedade estava diminuída nessas pessoas, o que favoreceu uma amenização do estresse. Tudo isso em apenas oito semanas de meditação!

Da tradição à neurociência, a meditação vem se mostrando não só como uma alternativa interessante nos cuidados à saúde mental, mas também como uma prática que nos aproxima do encontro que só uma mente silenciada pode nos oportunizar, que é o encontro com nós mesmos.

É o tal estado de libertação, já conhecido pelos ancestrais orientais muito antes que a neurociência ocidental pudesse inventar as ferramentas capazes de estudar os cérebros dos meditadores. E você, o que está esperando para experimentar os benefícios desta prática milenar? Hoje, é sempre o melhor dia!

 

Você sabia?

Para praticar a meditação você não precisa de um “espaço ideal”, do “tapete apropriado”, nem nada que te sirva como desculpa para não começar. Você só precisa de um tempo para você mesmo, seja onde for, seja quando e como for. Presenteie-se com este tempo! Um instante por dia já é tempo o suficiente para começar uma mudança que fará com que estes “instantes” tenham cada vez mais sentido na sua vida. Está lançado o desafio!

 

Fique atento!

O Laboratório de Neurociência Comportamental (LabNeC), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da UNISUL, desenvolve pesquisas referente à meditação e outros temas relacionados à saúde mental. Se você tem interesse em ser um pesquisador desta área, fique atento aos editais de mestrado e doutorado do PPGCS acessando a página da UNISUL, no link “Mestrado e Doutorado”. Confere lá!

DENGUE E COVID-19: EPIDEMIAS SIMULTÂNEAS?

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Professora Dra. Josiane Somariva Prophiro
Pesquisadora e docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da Saúde e Programa de Pós-graduação em Ciências Ambientais da Universidade do Sul de Santa Catarina.

 

Em um futuro próximo, a sobreposição de epidemias de dengue e COVID-19 será uma ameaça concreta nas regiões tropicais e poderá ser um grande desafio para os sistemas de saúde. A carência de profissionais, especialmente capacitados para emergências, em muitos locais do Brasil, pode levar os gestores a deslocar equipes de outras áreas para atuação frente à pandemia.

Com isso, áreas importantes de atenção à saúde podem ficar desassistidas. Dessa forma, espera-se que possa existir uma subnotificação de outras doenças de relevância nacional, como a dengue, zika, Chikungunya e febre amarela. Além da subnotificação destas importantes arboviroses, destaca-se a falha e/ou a descontinuidade do plano de controle vetorial que levará a um aumento no número de casos nos próximos meses.

Simultaneamente ao coronavírus, o país enfrenta o surto de dengue, uma conhecida doença tropical. Segundo o Ministério da Saúde, o número de casos prováveis de dengue aumentou quase 264,1% no país, passando de 62,9 mil nas primeiras 11 semanas de 2018 para 229.064 no mesmo período deste ano (até março). Até julho de 2020, foram notificados 905.912 casos prováveis (taxa de incidência de 431,1 casos por 100 mil habitantes) de dengue no país.

Regiões com baixo registro de surtos de dengue até então, como o sul do país, vêm enfrentando um crescimento alarmante. O número de casos de dengue costuma aumentar devido ao período de chuvas e altas temperaturas. A coincidência temporal entre arboviroses, como a dengue, implica que os dois surtos (dengue e COVID-19) podem ocorrer ao mesmo tempo. Isso deverá causar grandes danos à população e, portanto, requererá atenção intensiva tanto do sistema privado de saúde quanto da rede pública de saúde Sistema (SUS).

Ainda, dengue e COVID-19 são difíceis de distinguir porque compartilham sintomas clínicos e laboratoriais. Alguns autores já descreveram casos que foram erroneamente diagnosticados como dengue, mas posteriormente confirmados como COVID-19. Além disso, coinfecções com arbovírus e SARS-CoV-2 não foram bem estudadas.

Em meio a esse complexo cenário epidemiológico potencial, o frágil sistema de saúde brasileiro enfrentaria o risco de colapso. O que podemos fazer agora? A população deve estar ciente da dengue e da COVID-19 e deve estar informada sobre medidas de prevenção. Em relação ao controle de vetores, deve ser incentivado que a população procure e descarte corretamente potenciais criadouros de vetores e se protejam de picadas de mosquitos.

 

Você sabia?

Que o controle de mosquitos pode ser realizado com a eliminação ou redução de áreas onde os vetores se desenvolvem como a remoção da água parada, a destruição de pneus velhos e latas que servem como criadouros de mosquito. Ou podem ser utilizados métodos que limitam o contato homem-vetor como mosquiteiros, telas nas janelas das casas, roupas de proteção e repelentes contra mosquitos.

 

Fique atento!

O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde está com inscrições abertas para mestrado e doutorado. Interessados acessar o link: http://www.unisul.br/presencial/mestrado/mestrado-em-ciencias-da-saude/ e http://www.unisul.br/presencial/doutorado/doutorado-em-ciencias-da-saude/.

O Programa de Pós-Graduação em Ciências Ambientais está com inscrições abertas para mestrado. Interessados acessar o link: http://www.unisul.br/presencial/mestrado/mestrado-em-ciencias-ambientais/

A GLOBALIZAÇÃO DO CONSUMO E O TALENTO LOCAL

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Prof. Dr. Marcos Marcelino Mazzucco,
Coordenador dos cursos de Engenharia Química, Química bacharelado, Química licenciatura, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia do Petróleo na Unisul)

A aquisição de um bem difere muito da aquisição de um serviço por causa da materialidade do objeto. Contudo, muito além da materialidade do bem, está o resultado de muitos serviços prestados direta ou indiretamente para concretização, em nossas mãos de qualquer produto.

Na reflexão de hoje trago para a discussão a globalização do consumo como, no mínimo, uma diluidora dos impactos econômicos e sociais, tanto nos aspectos positivos como negativos. Vamos a um exemplo: seu amigo comprou, pela internet, uma camisa na Índia (um dos maiores produtores de algodão do mundo). Depois de 15 dias esta camisa viajou, pelo menos, dois continentes, e foi entregue na sua casa.

De fato é uma bela peça, com cores e qualidade do tecido inquestionáveis. O que ele comprou? Comprou uma camisa e uma grande organização de serviços que entregou o produto em sua casa. Enquanto a produção da camisa demandou muitos recursos do país de origem, os serviços diluíram-se no trajeto e muitos deles talvez nem estiveram no trajeto da compra, como as localizações dos sites de vendas, do banco que recebeu o pagamento e até a própria empresa que vendeu o produto.

Está muito simplista esta visão, vamos refiná-la! Para a produção da camisa, foi cultivado o solo na Índia, com água e mão de obra local. O fertilizante pode ter sido originário da Noruega (um grande produtor deste insumo valioso e muito demandado). Na indústria, a energia elétrica usada foi, majoritariamente, obtida de termelétricas que usam carvão mineral. Toda a cadeia de produção foi movimentada através de combustíveis, que são, quase integralmente, importados.

A indústria dos tecidos de algodão, como no mundo todo, usa equipamentos fabricados em vários lugares e usa produtos químicos de outra indústria que é esmagadoramente global. Num país com mais de 1,3 bilhão de habitantes, muita mão de obra precisa de ocupação e o cenário torna-se mais realista quando incluímos os efluentes sólidos, líquidos e gasosos que permanecem naquele país.

É um cenário tão complexo que os conceitos das pegadas de carbono, hídrica e energética tornam-se deléveis. Por exemplo, é necessária muita água para fazer crescer uma plantação de algodão, mas também é preciso muita água para fabricar o fertilizante e a energia elétrica usada nas fábricas indianas é uma parte deste tipo de energia, usada na fabricação, porém também foi investida energia em outros países para produzir as máquinas e os produtos químicos que tornaram o produto possível.

Na secagem do algodão foi utilizada madeira, para produzir o calor, e o ar foi o agente secante. Quando compramos algo fabricado em um local distante, compramos água, energia, ar, recursos minerais, inteligência e trabalho daquele local. A camisa é fabricada na Índia com recursos naturais globais, com inteligência global e com o talento local. Enfim, nesta grande contextualização, surge o talento local.

Como talento local refiro-me aos esforços de produção reunidos na força e criatividade de profissionais da produção, técnicos, engenheiros, gestores, etc. e também refiro-me à força empreendedora que está nos empresários e nas atitudes empreendedoras que diferenciam muitos profissionais. A camisa fabricada na Índia pode ser muito parecida com àquela de procedência brasileira, inclusive no custo, mas o que se fabrica aqui é com o nosso talento local.

Para um país que valoriza seus talentos, prover (às custas dos tributos de sua população) infraestrutura, formação de qualidade e planejar seus crescimentos agrícola, industrial e social é construir meios de manter, desenvolver e fazer seus talentos se multiplicarem. Na crença em contrário, para um país, resta ser um grande movimentador de mão de obra, um reservatório de poluentes e um espaço para manobras políticas, enriquecedoras de alguns às custas das dificuldades de muitos. Que não se perca de vista e nem se deixe de dar o merecido valor ao TALENTO LOCAL!

 

Você sabia?

Com a “Bolsa Matrícula Social”, os ingressantes nos cursos de graduação presencial e digital da Unisul podem entrar na universidade mais inovadora de Santa Catarina pagando R$ 99,00 de matrícula e, ainda podem ser contemplados com a Bolsa do Uniedu, que varia de 25% a 100%. Para isso, é necessário realizar a inscrição e matrícula em qualquer dos processos seletivos vigentes (exceto Reingresso e Transferência Interna) e em algum dos cursos da Unisul (exceto Medicina).

Você também precisa residir há, no mínimo, dois anos em Santa Catarina. Depois, é necessário indicar no ato da inscrição o interesse em concorrer às bolsas do Programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina (Uniedu), efetuar o pagamento da matrícula no valor de R$ 99,00 e realizar o cadastro no Uniedu de acordo com o cronograma e critérios do edital. Mais informações: http://www.unisul.br/bolsas-e-financiamentos/bolsa-matricula-social/

 

Fique atento!

A Confederação Nacional da Indústria (CNI) disponibiliza, mensalmente e gratuitamente, a revista digital, Indústria Brasileira, com o objetivo de “oferecer uma referência atualizada das principais ações em defesa da indústria nacional e do desenvolvimento brasileiro”. Um meio de conhecer a perspectiva setorial e ampliar nosso repertório de anseios num período eleitoral que se inicia agora.

 

Fique muito atento!

A indústria 4.0 requer o profissional 4.0! O profissional da indústria 4.0 precisa de competências técnicas e atitudinais que desenvolvam habilidades na sua área de formação e também em idiomas, matemática, automação e empreendedorismo. A formação profissional para a indústria 4.0 nas escolas e universidades também precisa acompanhar estas necessidades.

 

Entre em nosso canal do Telegram e receba informações diárias, inclusive aos finais de semana. Acesse o link e fique por dentro: https://t.me/portalnotisul

CUIDADOS COM USO DE MEDICAMENTOS

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Fabiana Schuelter Trevisol
Coordenadora Adjunta PPGCS, professora e pesquisadora da Unisul
Coordenadora do Centro de Pesquisas Clínicas HNSC/Unisul

“A diferença entre o medicamento e o veneno é a dose”.
Paracelso, médico e físico do século XVI

Medicamento é o produto farmacêutico, tecnicamente obtido ou elaborado com finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Também é chamado de fármaco, medicação ou “remédio”, embora esse último não se restringe a medicamento apenas, uma vez que remediar pode significar outras intervenções. É importante ressaltar que o medicamento é uma tecnologia importante no processo terapêutico de inúmeros tipos de doenças, porém, é preciso evidenciar que o uso indiscriminado e, muitas vezes, desnecessário, podem causar danos ao indivíduo e à sociedade.

Conceitua-se como uso racional de medicamentos quando pacientes recebem medicamentos para suas condições clínicas em doses adequadas às suas necessidades individuais, por um período adequado e ao menor custo para si e para a comunidade. O uso irracional ou inadequado de medicamentos é um dos maiores problemas em nível mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos de forma inadequada, e que metade de todos os pacientes não os utiliza corretamente.

Os medicamentos, se utilizados indevidamente, podem causar danos à saúde e levar o indivíduo ao óbito. Nesse debate de conceitos e termos, é importante demonstrar que o uso inadequado ou irracional de medicamentos é uma das formas de medicalização da vida, utilizado como meio para “normalizar” as pessoas. Atualmente, pessoas são constantemente incentivadas a resolver os problemas sociais utilizando medicamentos, e com a ajuda das propagandas de medicamentos nos meios de comunicação, disponibilizadas a todo o momento, é fortalecida a ideia de que utilizar medicamento é sempre bom, quando isso não é verdade.

Os profissionais da saúde precisam estar atentos aos diversos aspectos relacionados à farmacoterapia do paciente, observando se de fato determinado medicamento está indicado, se é efetivo e seguro, e se há adesão ao tratamento.

Mesmo quando o uso é correto podem acontecer efeitos indesejáveis com consequências imediatas ou tardias ao indivíduo. Vejamos os conceitos mais utilizados:

EVENTO ADVERSO: é um evento desfavorável que ocorre durante ou após o uso de medicamento ou outra intervenção, o medicamento em si pode não ser a causa. Ex. erros de medicação ou queda de um paciente. Um evento adverso é considerado grave quando, por exemplo, leva a óbito ou ameaça à vida, gera hospitalização ou prolongamento de internação já existente, incapacidade ou anomalias congênitas.

REAÇÃO ADVERSA A MEDICAMENTO (RAM): é qualquer resposta prejudicial ou indesejável, não intencional, e inesperada a um medicamento, que ocorre nas doses usualmente empregadas. A RAM é caracterizada pela existência de uma relação causal específica entre o medicamento e a ocorrência.

Toda reação adversa a medicamento é um evento adverso, mas nem todo evento adverso é uma RAM.

INTOXICAÇÃO: ocorre quando se utiliza uma superdosagem do medicamento.

EFEITO COLATERAL: efeito além da ação principal do medicamento. Geralmente é prevista pelos profissionais de saúde. Ex. Sonolência durante o uso de alguns anti-alérgicos. Os efeitos colaterais podem ser desejáveis ou indesejáveis.

INTERAÇÕES MEDICAMENTOSAS: interação entre dois ou mais medicamentos, ou medicamento-alimento que interfere na sua absorção ou efeito no organismo. As interações podem aumentar ou anular o efeito do medicamento.

Pessoas doentes, com comorbidades e em extremos de idade (crianças e idosos), e também as gestantes, são mais vulneráveis aos processos iatrogênicos envolvendo o uso de fármacos. Também há problemas relacionados à polifarmácia, ou seja, quando se utiliza 5 ou mais medicamentos simultaneamente, prática comum entre idosos ou pessoas com doenças crônicas. Isso aumenta as chances de interações medicamentosas e erros relacionados ao uso de medicamentos. Também não é infrequente o uso de medicamento em cascata: ou seja, devido ao efeito colateral de um medicamento, toma-se um segundo para auxiliar neste dano.

Ainda se têm poucos estudos no Brasil em relação as estatísticas das mortes por erros de medicação. Dados do Instituto para Práticas Seguras no Uso de Medicamentos (ISMP) mostram que, no mínimo, 8.000 mortes ocorrem ao ano devido a erros de medicação, sendo que falhas ou reações adversas em decorrência da administração de medicamentos correspondem a 7,0% das internações nos sistemas de saúde, o que resulta em 840 mil casos/ano. Embora se reconheça que estes dados são subnotificados e, portanto, os casos e óbitos estão subestimados.

 

Você sabia?

O Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UNISUL tem uma linha de pesquisa sobre Estudos e desenvolvimento de medicamentos e produtos para a saúde que envolve estudos de utilização e uso racional de medicamentos. Matrículas abertas.

 

Fique atento!

Medicamentos devem ser prescritos por profissionais de saúde. Em caso de necessidade de uso, siga as recomendações da bula e orientações do farmacêutico.

PONTOS E CONTRAPONTOS DO HOME OFFICE

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Prof. Dra. Luciana Flor Correa Felipe
Bruno Angelo Medeiros e Eric Cristhiano Marcelino da Silva, Acadêmicos do Curso de Ciência da Computação – Unisul

 

Devido a pandemia de COVID-19, todos tiveram que passar por mudanças de hábitos, quebrar a rotina, adaptar-se a novas formas viver em sociedade e, é claro, a novos meios de trabalhar. Neste sentido, um dos modelos mais adotados para este momento foi o de trabalhar em casa, ou seja, a modalidade home office.

Em primeira análise, exercer uma atividade profissional sem precisar sair de casa, parece ótimo, nosso imaginário nos remete a conforto, liberdade, autonomia… Mas será que a realidade é realmente assim?

Foi pautando-se nesta inquietação que os acadêmicos Bruno e Eric, do 10º semestre do Curso de Ciência da Computação da UNISUL, realizaram uma pesquisa, na Unidade de Aprendizagem de Sociedade, Cultura e Tecnologia, objetivando identificar os pontos positivos e negativos da migração do presencial na empresa, para o home office, durante a pandemia.

A pesquisa quantitativa foi organizada a partir de perguntas fechadas e aplicada por meio de formulário do Google Forms. Participaram da pesquisa 36 pessoas do Departamento de Desenvolvimento e Tecnologia de uma empresa de Tubarão, que declaram ter atuado ou estar atuando em home office no momento da coleta.

Embora trate-se de um exercício acadêmico, uma vez que os acadêmicos não seguirem sistematicamente todos os rigores de uma pesquisa científica, os dados dão uma boa ideia, da percepção dos pesquisados sobre o tema em questão.

Sobretudo, porque vários estudos e matérias recentes apontam que o home office deve crescer cerca de 30% após a pandemia de COVID-19 (UOL, 2020); portanto, se esta modalidade de trabalho está em ascensão, é importante compreender como as pessoas estão lidando com a mudança, visto que ela pode se tornar permanente em alguns casos.

O intervalo de idade dos entrevistados variou de 18 a 50 anos, sendo que aproximadamente 50% destes, tem de 18 a 28 anos. Do total de pesquisados (36), 94,4% moram com 2 a 4 pessoas, 86,1% não possuem filhos, 66,7% moram em apartamento e 77,8% estão vivenciando a primeira experiência na modalidade home office.

Sobre os aspectos mais desafiadores do trabalho a partir de casa, os participantes sinalizaram tópicos relacionados à presença dos familiares, dificuldade em estabelecer rotina, a ruptura do relacionamento interpessoal presencial, falta de convívio social, atividades em excesso, dificuldade em conciliar trabalho e estudos, dificuldade de concentração e infraestrutura. Sobre este último item, 16 participantes relataram ter problemas com a conexão de internet.

Outro ponto citado foi a dificuldade em estabelecer limites entre o ambiente pessoal e profissional, ou seja, lazer e trabalho; contudo 88,9% (32 participantes) admitiram conseguir ter um tempo livre para si e, apenas 12 participantes responderam que o afastamento social causou algum tipo de desconforto com relação a este item.

Apesar das dificuldades mencionadas, um ponto interessante é que apesar de 77,8% dos participantes nunca terem trabalhado em home office antes, a maior parte dos entrevistados alegou uma boa adaptação, haja vista que 83,3% gostariam de manter este modelo de trabalho, caso haja a oportunidade.

Em suma, mesmo com a indicação de aspectos que precisam ser administrados, os participantes tiveram uma boa impressão sobre home office e a maioria gostaria de continuar nesta modalidade de trabalho, mesmo após a pandemia. Apesar disso, é perceptível a necessidade de equilíbrio e adaptações na rotina, ambiente, relações e ferramentas, para que se possa trabalhar a partir de casa e manter a produtividade, mas também a saúde física e mental.

Vivamos as mudanças da melhor forma, sejamos resilientes, mas sempre mantendo o bom senso e os princípios para o bem-estar e a qualidade de vida.

 

Você sabia?

Para atender as novas demandas do mundo do trabalho, que exigem cada vez menos teoria e muito mais prática, a Unisul, que integra o Ecossistema Ânima, passa a oferece 37 cursos de pós-graduação em diversas áreas do conhecimento com metodologia mais dinâmica e inovadora nas unidades da Instituição.

Os candidatos poderão escolher entre os cursos de Agroindústria 4.0, Gestão da Produção Industrial, Cidades Inteligentes, MBA Gestão Estratégica de Negócios, MBA Gestão Estratégica de Marketing, MBA Gestão Estratégica de Pessoas, MBA Controladoria e Finanças Corporativas, MBA Gestão Estratégica de Projetos, Auditoria em Saúde e Gestão da Qualidade, Enfermagem Hospitalar, Neuropsicologia, Estética Avançada: Biomedicina, Neurociência Aplicada à Educação, entre outros.

Com corpo docente qualificado, as aulas serão híbridas, em ambientes digitais e encontros presenciais a cada módulo. Para saber mais sobre os cursos acesse o site: www.unisul.br/cursos-hibridos/

 

Fique atento!

A Unisul anunciou na última segunda (17), o início do segundo semestre letivo. Embora seja um semestre atípico, em função da pandemia e do distanciamento social ainda necessário para a preservação da saúde de todos, a Unisul não quis deixar passar em branco.

Por acreditar que o momento de volta às aulas deve ser celebrado de uma forma especial, a Universidade trouxe um convidado muito especial, Rogério Flausino. O cantor fez um bate-papo com os estudantes sobre o tema “Você protagonista da sua história”.

AS ESPECIALIDADES DO ENGENHEIRO CIVIL MODERNO

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Professor Rennan Medeiros
Coordenador do Curso de Especialização em Patologia da Construção
Professor do Curso de Engenharia Civil e Unisul

 

Um dos setores da indústria de um país de grande impacto nas atividades econômicas é o da construção civil. Em países desenvolvidos como Estados Unidos e Canadá, por exemplo, este setor representa 4 e 6%, respectivamente, do PIB, sendo responsável por 5% dos empregos nesses países.

No Brasil, mesmo em um período de recessão e baixos índices de investimento externo no país, o setor representou 9,9% do PIB nacional, fechando 2018 com saldo positivo de 17.957 vagas de emprego. Estes indicadores ilustram a importância de um dos setores mais antigos da indústria, e que necessita estar sempre se reinventando para atender as demandas dos demais setores da indústria e a arquitetura moderna e arrojada (IBGE, 2018).

Países como Alemanha, França, Itália e Reino Unido investem por ano, em média 155,3 bilhões de Euros na construção civil, sendo, aproximadamente, metade em novas construções e o restante em recuperação e manutenção daquelas já existentes (Ueda e Takewaka, 2007). Essa cifra investida em recuperação é considerada elevada.

Isto se deve aos materiais e aos métodos empregados que precisam, cada vez, apresentar elevado desempenho e prolongada vida útil. Para o atender os requisitos de desempenho na construção, há a necessidade de constante desenvolvimento e inovação de métodos/processos construtivos e, acima de tudo, dos materiais e componentes.

O conceito de inovação se alicerça na modificação de antigos processos, sendo efeito de renovação ou criação de uma novidade. Na construção civil, o mercado tem exigido profissionais com espírito inovador e treinados para pensar em busca do desenvolvimento de processos inovadores, com o emprego do Building Information Management (BIM).

Esta plataforma visa projetar e construir edificações e obras de infraestrutura cada vez mais compatibilizadas entre seus diversos sistemas, arrojadas e modernas de acordo com os novos conceitos arquitetônicos e duráveis conforme os novos conceitos exigidos para a construção civil.

Para isto, as escolas de engenharia e arquitetura devem estar em constante evolução dos seus métodos de ensino, para que seus egressos estejam devidamente capacitados a resolver os problemas de construção civil, sempre inovando e reinventando o setor.

Além dos profissionais bem treinados, os materiais empregados nas construções deste século são cada vez mais avançados e, muitas vezes, desenvolvidos especificamente para cada demanda. Os materiais empregados ontem não atendem as novas necessidades atuais.

Um exemplo prático é o concreto, segundo material mais consumido no mundo, ficando atrás apenas da água. Usualmente apresenta resistência de 30 MPa, enquanto até o ano de 2003 a maior resistência usual era 15 MPa. Foram construídos prédios em São Paulo com resistência média de 125 MPa.

Os concretos produzidos antes de 2003 apresentavam vida útil menor que 30 anos. Isto pode ser identificado nos prédios construídos nesta época que apresentam incontáveis problemas patológicos, enquanto os concretos dos dias atuais devem apresentar no mínimo 50 anos de vida útil.

Indo mais longe, segundo Tselebidis (2016) existem no mundo mais de 500 edificações construídas com concretos de resistência elevada, da ordem de 150 MPa, e vida útil prevista para mais de 250 anos.

Estes concretos são resultado de inovações da tecnologia de concreto com o desenvolvimento de novos aditivos redutores de água, em adições minerais e na ciência do cimento Portland. Para seu uso devem ser repensados métodos tradicionais de execução de estruturas, com logísticas bem organizadas, e acima de tudo, são materiais muito mais sustentáveis.

A sustentabilidade na construção civil é tema que anda de mãos dadas com os novos requisitos de desempenho e durabilidade que são possíveis somente com inovações e a reinvenção do setor.

 

Você sabia?

O curso de Engenharia Civil da UNISUL prepara seus alunos para analisarem os problemas e proporem soluções para as mais diversas situações.

 

Fique atento!

Unisul Soluções é uma estratégia de negócios concebida pela Unisul, para solucionar demandas da sociedade, resolvendo problemas do setor privado, público e organizações sociais, desenvolvendo soluções inovadoras e escaláveis. Também oferecemos produtos customizados ao mercado, soluções simples ou complexas, disponibilizados por provedores de soluções da Universidade, laboratórios, centros de pesquisa e parceiros estratégicos.

Para saber mais, consulte: http://solucoes.unisul.br/

INFODEMIA

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Prof. Dr. Fábio José Rauen
Coordenador do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da UNISUL

 

Em “Roteiros de Iniciação Científica”, meu livro de metodologia publicado em 2015 pela editora da Unisul, dediquei um capítulo inteiro para abordar o modo correto de se produzir ciência. Neste capítulo, dei especial ênfase aos aspectos que permitem avaliar se os conhecimentos obtidos da empreitada científica não são apenas verdadeiros materialmente, mas, sobretudo, válidos logicamente. Assumindo que essa dupla exigência é o que separa o conhecimento científico do conhecimento de senso comum, resolvi terminar o capítulo com um assunto quase ausente de livros dedicados à formação de futuros pesquisadores: os argumentos falaciosos. Mal sabia que essa questão passaria a ter tanta importância nesses tempos de “infodemia” ou pandemia de desinformação.

O objetivo da ciência é lidar com raciocínios corretos obtidos de evidências verdadeiras. Consequentemente, será falácia sempre que se produzir um raciocínio incorreto de evidências falsas; sempre que se produzir um raciocínio incorreto de evidências verdadeiras e, assim, cometer um erro formal que torna o argumento inválido; ou sempre que se produzir um raciocínio correto de evidências incorretas ou enganosas e, assim, cometer um erro material que torna o argumento falso.

Uma falácia é, portanto, um argumento inconsistente ou inválido em função de uma falha formal ou material. Uma falácia pode induzir ou convencer alguém a um erro de maneira acidental ou fraudulenta. No primeiro caso, ela é chamada de paralogismo; no segundo, ela é chamada de sofisma. É próprio de nossa humanidade cometer erros acidentais. Por vezes, nos confundimos ou tendemos a acreditar naquilo que queremos acreditar, mesmo que sejam falsos. Todavia, é muito sério quando produzimos ou acreditamos em argumentos elaborados de má-fé com a intenção de logro ou engano.

Infelizmente, em tempos de combate à pandemia de Sars-Cov-2, a ciência trava um novo combate contra um vírus muito mais antigo e muito mais resistente: a desinformação. Ilude-se quem acha que fake news são um fenômeno recente: que digam os cristãos incendiários de Roma, os judeus causadores da peste e todas as bruxas queimadas em fogueiras. Entretanto, o caráter pandêmico da atual “infodemia”, cujos efeitos psicossomáticos ainda estão por ser estudados, é assustador. Sofismas ardilosamente produzidos para atingir interesses econômicos, políticos e ideológicos, infectando humanos ao modo dos vírus, estão sendo cada vez mais turbinados pelas redes sociais. O único antídoto conhecido: educação qualificada.

Vejamos dois exemplos relacionados à Covid-19 para compreender o impacto dessa doença nas vidas das pessoas. Meu primeiro exemplo tem a ver com uma falácia de argumento de autoridade ou argumentum ad verecundiam, segundo a qual algo é verdade somente porque foi afirmado por uma autoridade ou pessoa famosa. Exatamente é esse o caso da “campanha publicitária” em favor da cloroquina. Trata-se de um exemplo de falácia de relevância porque a premissa não tem relação com a conclusão, ou seja, não segue do fato de um presidente defender certo medicamento que alguém deva usá-lo, como os estudos científicos amplamente publicados corroboram. E de nada adianta amenizar o sofisma, dizendo que o medicamento vale apenas para si. Nesse caso, a estratégia pode ser classificada como falácia da evidência anedótica, que consiste em fundamentar um argumento por meio de um exemplo particular. A conclusão, ainda assim, não segue da premissa; e a evidência, mesmo que anedótica, continua sendo a de uma autoridade (afinal, não estamos falando do primo da vizinha do amigo do meu compadre).

Meu segundo exemplo tem a ver com a falácia da falsa dicotomia ou falácia da bifurcação, que consiste em supor que uma alternativa possui limitado número de opções, quando há outras opções silenciadas. Em minhas aulas, argumento que em toda bifurcação, estamos diante de quatro alternativas. Considere o famoso raciocínio disjuntivo “Ou você é meu amigo, ou você é meu inimigo”. Independentemente de pensarmos que é sempre possível aumentar as alternativas, a disjunção é, em si mesma, uma falácia de falsa dicotomia. Sim, de fato, você pode ser meu amigo (e, desse modo, não é meu inimigo), ou pode ser meu inimigo (e, desse modo, não é meu amigo). Todavia, duas opções são silenciadas: a possibilidade de você ser meu amigo e ser meu inimigo ao mesmo tempo, e a possibilidade de não ser nem meu amigo, nem meu inimigo ao mesmo tempo.

Em tempos de pandemia, estamos sendo constrangidos a lidar com a falsa dicotomia entre distanciamento social e preservação de empregos. Se defendemos o distanciamento social, nos sentimos culpados pelas consequências econômicas; se defendemos a liberação do convívio social, nos sentimos culpados pelas mortes estupidamente evitáveis. Essa falsa dicotomia é duplamente maléfica. De um lado, ela gera sofrimento porque nos coloca num dilema impossível. De outro, ela nos cega para possibilidades de soluções criativas que poderiam viabilizar o distanciamento social e otimizar a preservação de empregos. Lamentavelmente, presos nessa falsa dicotomia, estamos nos encaminhando em direção a uma situação na qual, não estando suficientemente convictos, desnecessariamente perdemos empregos; não estando suficientemente distantes, contabilizamos mortos para além do admissível e por um tempo excessivamente extenso.

 

Você sabia?

Fábio José Rauen publicou pela editora da Unisul em 2015 o livro “Roteiros de Iniciação Científica”. O livro apresenta em 672 páginas todos os passos para a elaboração de uma investigação científica desde a concepção do projeto de pesquisa, passando pelas diferentes formas de coleta e análise de evidências, até a apresentação e a publicação.

 

Fique atento!

O Grupo de Pesquisa em Pragmática Cognitiva do Programa de Pós-graduação em Ciências da Linguagem da Unisul tem uma linha de investigação dedicada à produção e à interpretação do texto acadêmico onde questões tratadas nessa matéria são estudadas. Conheça o Programa no endereço www.unisul.br/linguagem ou no e-mail ppgcl.sec@unisul.br.

A AUTOMAÇÃO E A INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL DOMINARÃO O MUNDO

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Prof. Dr. Marcos Marcelino Mazzucco,
Coordenador dos cursos de Engenharia Química, Química bacharelado, Química licenciatura, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia do Petróleo na Unisul

Nas duas últimas semanas ouvi quatro vezes menções sobre a futura dominância da automação e da inteligência artificial em atividades humanas. Não há nada de inusitado nisso, exceto que os contextos em que o assunto apareceu foi em reuniões de formação de professores universitários. E, neste contexto, também não há nada de excepcional, exceto o tom de distanciamento entre as frases usadas e as aplicações em discussão naquelas oportunidades. E isto chamou-me atenção, bem como a estreita relação que este tema guarda com a situação que a humanidade vive, além disso, a futurização do tom das frases é interessante.

A Automação e a inteligência artificial são mais frequentemente associadas com indústria e aplicações de software específico, longe do cotidiano. Essa noção de distanciamento é irreal, bem como é o pensamento de dominação e também a conjugação do verbo no futuro. Um bom exemplo pode ser encontrado nesta leitura.

Há três décadas este texto seria impresso numa gráfica, cujo tamanho foi diminuindo, década após década, pela mecanização e automação e, em 30 anos, estamos na versão puramente digital. Não há mais impressão, empacotamento, distribuição ou depósito de papel. Saudosismo a parte, ganhamos agilidade e uma escala atemporal, pois você pode estar lendo este texto em 22/07/2030.

Os serviços bancários, as contabilidades de empresas, serviços de transporte por aplicativos, compras on-line, sistemas de gestão de pessoas e muitos outros casos são exemplos de automação, que também envolvem inteligência artificial e que fazem parte das vidas de todos. A automação de serviços é tão presente quanto a automação industrial. E a aplicação da inteligência artificial nestes setores é tão intensa que parece natural.

A conversa entre os professores me fez pensar como a fluidez das chamadas soluções inteligentes, dá para as pessoas a sensação que a automação das coisas não está tão próxima e tão presente. No caso dos professores mencionados, os ambientes digitais de aprendizagem com ferramentas de simulação, avaliações automatizadas e vídeos, por exemplo, automatizam certas práticas de ensino, assim, não deixamos de vivenciar os automatismos em tudo.

O uso de inteligência artificial em certos meios não é tão eminente (embora esteja lá), mas em outros, como o numa viagem de um avião e nas assistências aos pousos e decolagens a presença é tão forte (embora não esteja no pensamento dos passageiros) que dá “superpoderes” aos pilotos.

Num texto publicado neste portal em 08/04/2020, referindo-me às oportunidades na pandemia COVID-19, eu escrevi: “Os maiores saltos em desenvolvimento da humanidade aconteceram em tempos de grandes dificuldades…”. Esta força está em ação agora. A automação de diversos setores industriais e de serviços estará, de forma antecipada, num patamar muito mais elevado em pouco tempo.

O setor de serviços já sofreu uma grande virada pela automação. Em 4 meses, pessoas que não pensavam em vender pela internet foram obrigadas a usar este formato e empresas, automatizadoras de vendas, adaptaram-se para os novos clientes.

Mesmo que, para muitas pessoas e empresas, este não seja o melhor modelo de conduzir seu negócio, os relacionamentos entre o comprador, o vendedor e os automatismos cresceram e fortificaram o modelo do sistema automatizado. Na indústria, pelo custo e necessidades da infraestrutura, a mudança requer mais tempo, mas nunca esta pára e, neste momento, projetos e propostas se emaranham.

Para quem é usuário final, a inteligência artificial não eflui visivelmente, mas eu lembro bem que, em 1996, quando estudei este assunto pela primeira vez, para minha dissertação de mestrado em engenharia química, o exemplo clássico de sistemas especialistas era ELIZA, um sistema que “imitava” um psicanalista, onde uma pessoa conversava, através de um computador, com um suposto profissional.

O programa foi criado em 1964 por Joseph Weizenbaum e “dialogava”, respondendo e fazendo perguntas, com fragmentos das respostas das pessoas com tamanha “habilidade”, para aquela época, que muitos acreditaram estar conversando com um ser humano. Hoje as plataformas de inteligência artificial da IBM (Watson) e do Google (Google Cloud AI) fariam ELIZA parecer uma criança.

Seu aparelho telefônico traz a inteligência artificial para suas mãos e para sua vida. O crescimento a aceleração disso já mudaram nossa percepção do mundo e nosso lugar nele. Nenhuma atividade ou profissão está ou estará fora desta situação tecnológica.

Quando deixamos as faces técnica e tecnológica para a humana vem as perguntas:
-Onde nos posicionamos?
-Como será e qual será o papel das pessoas e das profissões neste contexto?
-A automação e a inteligência artificial dominarão o mundo?
Despretensiosidade e brevemente, vou apresentar minhas percepções duvidosas:
-Nossa posição relativa com os automatismos poderá ser desleal porque nós nos cansamos mais rapidamente.
-O papel das pessoas no mundo do trabalho mudou e está em mudança acelerada. Sua profissão é você quem faz.
-A automação e a inteligência artificial não dominarão o mundo, mas estarão cada vez mais fortemente associadas às nossas necessidades e, em algum grau, seremos dependentes delas.

Para os aprendizes, em todas as suas formas, só há certeza: num tempo em que as máquinas estão “aprendendo” e as pessoas acreditam que saber resolver uma equação do primeiro grau é um “desafio” para o Google, deixar de pensar na criatividade e na sensibilidade, associadas com conhecimento profundo é esperar, senão pela dominação, mas, ao menos, pela dependência de uma resposta com fragmentos de sua própria pergunta.

 

Você sabia?

O cursos universitários de Ciência da Computação e Engenharia de Controle e Automação abordam os conhecimentos e as aplicações mais modernas para a formação profissional, mas há diversos cursos de pós-graduação nas áreas que qualificam profissionais de matemática, química, e das engenharias em geral.

 

Fique atento!

A escolha profissional está vinculada, não só com sua ‘vocação’ e com as suas competências e habilidades já formadas, mas também, com as competências que você deseja e forma, diariamente, em todos os momentos de aprendizagem, seja no ensino formal ou não. Enquanto boas ferramentas podem lhe ser oferecidas e o ensino dos métodos de trabalho depende da disposição séria dos professores, apreender e desenvolver habilidades só depende de você.

Ayahuasca: a medicina que vem da floresta

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Rafael Mariano de Bitencourt, Neurocientista, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – PPGCS – UNISUL

Há quem diga que o tratamento ou até mesmo a cura para vários dos males que assolam a saúde da humanidade possa vir da natureza. Eu, particularmente, acredito muito no potencial da “mãe terra” que, sem dúvida, é o maior e mais diverso “laboratório” do qual dispomos. Mas, como neurocientista, não basta que eu apenas acredite nisso, eu preciso também pesquisar, comprovar as possibilidades.

É justamente nesse intuito que venho pesquisando, há alguns anos, através do Laboratório de Neurociência Comportamental (LabNeC) o qual eu coordeno no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UNISUL, um chá milenar de origem na tradição dos povos indígenas conhecido como ayahuasca. Você já ouviu falar deste chá? Se o assunto é do seu interesse, lhe convido a seguirmos juntos na leitura que se segue. Vamos lá!

Ayahuasca é uma palavra de origem Quéchua, língua natural de parte da floresta amazônica, que significa, em uma tradução mais literal, “cipó de morto”. Trata-se do nome dado à bebida enteógena (do grego “entheogen”, que significa, literalmente, “manifestação interior do divino”) produzida a partir da combinação da videira Banisteriopsis caapi (popularmente conhecida como “jagube” ou “mariri”) com várias plantas, em especial a Psychotria viridis (popularmente conhecida como “chacrona” ou “rainha”).

A mistura dessas plantas é uma verdadeira “engenharia farmacológica” descoberta pelos povos indígenas há mais de cinco mil anos. Engenharia porque é preciso da ação conjunta das duas plantas para que o efeito do chá ocorra em sua totalidade. Enquanto a Psychotria viridis possui a substância psicoativa do chá, denominada N,N-dimetiltriptamina (DMT), a Banisteriopsis caapi possui alcaloides que possibilitam a ação desta substância no sistema nervoso central (SNC).

Explicando melhor, o DMT, quando ingerido isoladamente por via oral, é degradado em nosso organismo por uma enzima chamada monoamina oxidase (MAO), ou seja, a “chacrona” (P. Viridis) sozinha seria inativa. Contudo, o “jagube” (B. Caapi) possui um inibidor natural desta enzima, possibilitando que o DMT fique livre para chegar até o cérebro.

E, através de um conhecimento que não cabe em livros, acumulado ao longo de milhares de anos, os povos da floresta já sabiam disso. Tanto sabiam que hoje ajudam os cientistas a entender melhor o potencial terapêutico desse chá que, além de ser uma alternativa psicofarmacológica cada vez mais promissora, é também um patrimônio imaterial herdado dos ancestrais ameríndios e precisa ser reconhecido como tal.

Em relação às pesquisas, os cientistas têm descoberto um enorme potencial para o uso deste chá, que vai desde efeitos em nível molecular, como ações anti-neuroinflamatórias e crescimento de novos neurônios; até efeitos comportamentais importantes, com possibilidades promissoras no tratamento da depressão, traumas psicológicos e dependência química.

Mas, é claro, como toda ferramenta farmacológica, além dos benefícios também há os riscos (ex.: totalmente contraindicada para indivíduos com histórico de esquizofrenia e transtorno bipolar), os quais precisam ser cada vez mais entendidos do ponto de vista científico para que se possa oferecer uma alternativa que, além de eficaz, seja também segura.

Como sabiamente dito pelo Mestre Irineu, fundador do primeiro grupo neo-ayahuasqueiro, “a ayahuasca é para todos, mas nem todos são para a ayahuasca”. O fato é que este chá milenar tem sido um convite para que ciência e tradição deem as mãos e, juntas, possam trazer das florestas a medicina que talvez fará a diferença nas cidades.

 

Você sabia?

O Brasil é um dos países que desponta com pioneirismo no estudo da ayahuasca, havendo pesquisas de grande relevância sendo produzidas a respeito desse tema aqui mesmo, em solo tupiniquim. Dentre essas pesquisas, destaca-se o estudo coordenado pelo Professor Stevens Rehen e publicado na prestigiada revista Scientific Reports (2017), do grupo Nature, o qual mostrou que o DMT, substância presente na ayahuasca, foi capaz de reduzir a expressão de proteínas relacionadas à neuroinflamação e degeneração cerebral, além de aumentar a expressão de proteínas associadas à neuroplasticidade.

Simplificando, a substância presente na ayahuasca tem o potencial de proteger nossos neurônios e ainda facilitar o aprendizado. Já um outro estudo coordenado pelo Professor Jaime E. Hallak e publicado na Revista Brasileira de Psiquiatria (2015), mostrou que uma única dose de ayahuasca foi capaz de exercer efeitos antidepressivos rápidos (já no primeiro dia após o tratamento) em pacientes diagnosticados com depressão que não respondiam ao tratamento tradicional.

Estes dois estudos, ambos conduzidos por cientistas brasileiros, mostram o enorme potencial terapêutico que há neste chá de origem milenar e o importante papel do nosso país nessa linha de pesquisa.

 

Fique atento!

O Laboratório de Neurociência Comportamental (LabNeC), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da UNISUL, desenvolve pesquisas referente à ayahuasca e outros temas relacionados à psicofarmacologia. Se você tem interesse em ser um pesquisador desta área, fique atento aos editais de mestrado e doutorado do PPGCS acessando a página da UNISUL (www.unisul.br), no link “Mestrado e Doutorado”. Confere lá!

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