Depressão: o “mal” do novo milênio

A depressão é considerada um dos mais importantes problemas de saúde no mundo. Trata-se de um transtorno mental grave, que traz prejuízos no comportamento do indivíduo, nas relações sociais e familiares, no trabalho e também nos estudos. Cerca de 80% dos adultos relatam dificuldades com atividades diárias devido a sintomas da depressão.

De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), a depressão é o principal fator incapacitante em todo o mundo: mais de 300 milhões de pessoas (4,4% da população mundial) vivem agora com depressão, um aumento de mais de 18% entre 2005 e 2015. A depressão é mais comum entre mulheres (5,1%) do que homens (3,6%). Estes números também variam de acordo com a idade, a renda, os países, as ocupações e as atividades diárias.

No Brasil, 5,8% da população sofre deste transtorno, ocupamos a quinta posição mundial, em termos de porcentagem de indivíduos com depressão no país. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio. Cerca de 800.000 pessoas morrem desta causa anualmente, sendo a segunda principal causa de morte entre adolescentes e jovens adultos (15 a 29 anos).

De acordo com o Manual Diagnóstico de Doenças Mentais (DSM – V) existem algumas categorias de transtornos depressivos, sendo que a diferença entre elas se dá pela relação entre a frequência e a gravidade dos sintomas.  O Transtorno Depressivo Maior, por exemplo, é caracterizado por um ou mais sintomas depressivos, duração de duas semanas com humor deprimido ou perda de interesse, e, no mínimo, quatro sintomas de depressão adicionais: perda ou ganho de peso, sem estar em dieta; problemas de sono;  agitação ou lentidão motora; cansaço e perda de energia;  sentimento de inutilidade ou culpa excessiva ou inadequada;  capacidade diminuída de pensar ou concentrar-se ou indecisão; pensamentos de morte recorrentes (não apenas medo de morrer); ideação suicida recorrente sem um plano específico, ou tentativa de suicídio, ou plano específico de cometer suicídio.

Diferenças entre depressão, tristeza e luto:
Existe diferença entre a depressão, a tristeza e o luto. A depressão não está necessariamente relacionada aos acontecimentos diários. Tudo pode estar correndo muito bem na vida de um indivíduo com depressão, mas ele vai continuar apresentando os sinais da doença até que busque tratamento. Com relação a tristeza, esta tem um motivo: em geral, a pessoa tem consciência dela e sabe o que gerou este sentimento. Enquanto a tristeza tende a uma hora diminuir e a pessoa voltar a vida normal, a depressão não termina. 

A morte de um ente querido, a perda de um emprego ou o fim de um relacionamento são experiências difíceis para um indivíduo suportar. É normal que sentimentos de tristeza ou de luto se desenvolvam em resposta a tais situações. O processo de luto é natural e único para cada pessoa e compartilha algumas das mesmas características da depressão. Tanto o luto quanto a depressão podem envolver tristeza intensa e o afastamento das atividades habituais.

No luto, sentimentos dolorosos vêm em ondas, muitas vezes misturadas com lembranças positivas do falecido. Na depressão, o humor ou interesse (prazer) diminuem durante a maior parte. No luto, a autoestima é geralmente mantida. Na depressão, sentimentos de inutilidade e autoaversão são comuns.

Para algumas pessoas, a morte de um ente querido ou perder um emprego pode causar depressão grave. Quando o luto e a depressão coexistem, o luto é mais grave e dura mais do que o luto sem depressão.

Apesar de alguma sobreposição entre tristeza e depressão, elas são diferentes. A distinção entre elas pode ajudar as pessoas a obter ajuda, apoio ou tratamento.

Fatores de risco para depressão:
A depressão pode afetar qualquer pessoa, até mesmo alguém que parece viver em circunstâncias ideais. Vários fatores de risco podem desempenhar um papel na depressão:
Fatores Bioquímicos: diferenças em certas substâncias químicas no cérebro podem contribuir para sintomas de depressão, como os neurotransmissores serotonina, noradrenalina, dopamina, dentre outros. Estas substancias estão envolvidas na regulação da atividade motora, do apetite, do sono e do humor.

Fatores Genéticos: A genética pode predispor o indivíduo a determinadas condições. Por exemplo, se um gêmeo idêntico tem depressão, o outro tem 70% de chance de ter a doença em algum momento da vida.

Fatores da Personalidade: Indivíduos com baixa autoestima, ou que são facilmente atingidos pelo estresse, ou pessimistas, parecem mais propensos a sofrer de depressão.

Fatores ambientais: A exposição contínua à violência, abusos ou pobreza podem tornar algumas pessoas mais vulneráveis à depressão.

Outras causas: Disfunções hormonais como problemas na tireoide; Excesso de peso, sedentarismo e dieta desregrada; Vícios (cigarro, álcool e drogas ilícitas); Hiperconexão e excesso de estímulos, como o uso excessivo de internet e redes sociais; Separação conjugal, perda de emprego, desemprego por tempo prolongado ou a perda de uma pessoa muito querida; Fibromialgia e dores crônicas; Nascimento de um bebê.

O Diagnóstico e o tratamento:
O diagnóstico deve ser feito por um profissional de saúde capacitado, como um médico, naturólogo ou psicólogo. Apenas 10% das pessoas com depressão, recebem tratamento adequado. Caso tenha estes sintomas, ou conheça algum amigo ou familiar, o importante é procurar ajuda. Quem possui estes sintomas, está em sofrimento mental e precisa de cuidados aprimorados. Não é frescura, nem falta de roupa ou louça para lavar, como algumas pessoas propagam por aí.

De acordo com o Ministério da Saúde existem subtipos de Depressão: Distimia; Depressão Endógena; Depressão Atípica; Depressão sazonal; Depressão psicótica; Depressão secundária; Depressão Bipolar. O profissional de saúde é o profissional indicado para a avaliação e a escolha dos melhores tratamentos.

Estes tratamentos podem ser realizados no SUS, na Atenção Primária (Unidade Básica de Saúde, famoso posto de saúde), nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps) e nos ambulatórios especializados. 

Além do tratamento farmacológico (medicamentos), indica-se as intervenções psicoterápicas, as quais podem abranger diferentes métodos, como psicoterapia, psicodinâmica, terapia interpessoal, comportamental, cognitiva comportamental, de grupo, de casais e de família, assim como a intervenção em mudanças na qualidade de vida, criando novos hábitos, tais como na alimentação, nas práticas de exercícios, além de tratamentos advindos de outros sistemas terapêuticos orientais ou ocidentais, que utilizem recursos da natureza para recuperação da saúde.

Na próxima coluna, iremos abordar alguns destes tratamentos para depressão e também como prevenir a depressão por meio de um estilo de vida natural e saudável.