Dez a menos

Essa semana, grandes mídias noticiaram a prisão de dez integrantes de quadrilha de crime financeiro. A empresa funcionava em Novo Hamburgo (RS), captando dinheiro de pessoas que acreditavam na estapafúrdia promessa de ganhos certos de 15% já no primeiro mês. Obviamente, o dinheiro era sorrateiramente apossado pelos proprietários da empresa que foram os únicos que realmente ganharam dinheiro rápido. O esquema se sustentou por pouco mais de um ano por meio das proibidas pirâmides financeiras.

Já vimos esse filme antes? Inúmeras vezes. Dez pilantras a menos ludibriando pessoas ingênuas. Uma batalha ganha. Mas quando iremos vencer a guerra? Todos os anos, um golpe novo é criado, esquemas muito parecidos um com os outros, mudando apenas a fachada. Não é novidade para ninguém que a justiça brasileira não tem a efetividade que deveria. As multas condenatórias absurdamente inferiores aos prejuízos causados, e absolvições inadmissíveis são bastante comuns nesse tipo de crime. É comum, também, que seus responsáveis já tenham passagens pela polícia por estelionato. Não estranhemos, portanto, se logo-logo esses dez estiverem de volta à liberdade dando outros golpes.

Há alguns meses, divulguei aqui mesmo, nas mídias do jornal, um vídeo alertando as pessoas sobre o assunto. Duas ou três horas depois, o vídeo já tinha mais de 100 compartilhamentos, muitas pessoas marcando amigos e, logicamente, vários que não gostaram nem um pouco do que ouviram. O vídeo foi removido. Tentei enviar outro na semana seguinte respondendo aos ataques que recebi, mas a Redação no jornal preferiu não divulgar.

Volto então ao questionamento: quando iremos ganhar a guerra? Enquanto não for compreendido pelas pessoas que não existe almoço grátis, que não existe milagre financeiro, que nenhum investimento paga 1 a 3% ao dia, nunca. Nunca iremos ganhar essa guerra enquanto as informações e alertas forem bloqueados, enquanto as pessoas não tiverem o mínimo de educação financeira para aprender a diferenciar investimento de um golpe descarado desse tipo.

Dez pilantras a menos, centenas de pessoas lesadas e R$ 700 milhões que jamais voltarão integralmente a seus donos. Apenas a ponta do iceberg, conforme a Superintendência da Polícia Federal.

A mim, só me resta pegar a pipoca e assistir as cenas dos próximos capítulos com a tranquilidade de quem fez a sua parte.

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