Desaparecimento de Diego Scott é cercado de mistério e contradições nas falas dos policiais

#Pracegover Na foto, uma montagem com duas imagens: à esquerda o rosto de Diego Scott e à direita ele sendo levado por policiais

O desaparecimento de Diego Scott, de Laguna, está cercado de mistério e contradições nas evidências encontradas até o momento. O caso é investigado pela Polícia Civil, Polícia Militar, que abriu um inquérito interno; e pelo Ministério Público, que determinou sigilo em todo processo.

Tudo isso porque o desaparecimento envolve a participação de dois policiais militares que deram três depoimentos à policia, dois deles contraditórios. A última vez que Diego foi visto foi no dia 15 de janeiro sendo levado pelos policias, que foram chamados pela família por conta de uma briga.

Depois de horas sem contato, os familiares foram até à delegacia atrás de informação de Diego e ele não estava lá. A família também procurou em hospitais e na unidade prisional da cidade. Sem notícias, a família registrou um boletim de ocorrência sobre seu desaparecimento e até hoje continua sem saber onde ele está.

Quando o advogado da família, Breno Schiefler Bento, teve acesso ao boletim gerado pelos policiais no dia que os familiares acionaram a PM por conta da briga, viu que os agentes informaram que Diego não estava em casa quando eles chegaram para atender à ocorrência: “Envolvido se evadiu do local”.

Mas Breno afirma ter testemunhas, inclusive que já deram depoimento que o boletim de ocorrência foi gerado pelos policiais na casa da família e Diego estava junto.

Breno diz que até agora os policiais deram dois depoimentos a Polícia Militar e cada um com uma versão diferente. “Na primeira vez disseram que foram até à casa de Diego e não o encontraram, no segundo depoimento falaram que botaram Diego na viatura, deram uma surra nele e o deixaram próximo à praia do Gi com vida”, disse Breno.

E também deram depoimento à Polícia Civil, confirmando a segunda versão que contaram à PM: pegaram Diego, agrediram, mas o deixaram no matagal próximo à praia do Gi e não falaram sobre a possibilidade de tê-lo matado.

De acordo com o Major Josias Machado, subcomandante da corporação, a polícia segue investigando se há conduta criminosa da parte dos policiais. Josias não confirmou se no depoimento os policiais assumiram a agressão.

“Até agora podemos confirmar que eles se envolveram em uma ocorrência policial, estamos trabalhando com todas as hipóteses em cima da situação. Recebemos várias informações sobre o possível paradeiro de Diego e estamos averiguando todas”, disse o Major se referindo às buscas feitas nas imediações da praia do Gi nesta quarta-feira e a possiblidade de Diego ter sido visto em Florianópolis.

 

Contradições existem desde o dia do desaparecimento de Diego

De acordo com Breno, não é a primeira vez que a família aciona a polícia por conta de uma briga em casa. “As brigas eram constantes e a polícia sempre ia até à residência, prendia Diego, ele ficava duas ou três noite preso e voltava para casa”.

Essa informação é relevante para um ponto importante da história. No dia do desaparecimento de Diego os policiais tiveram duas vezes na residência: a primeira para efetuar a prisão, onde é possível ver em um vídeo o momento que ele foi algemado e colocado em uma viatura por um dos agentes; e uma segunda vez, cerca de 15 minutos depois para avisar à família que Diego não iria mais incomodar.

“A versão de que os policiais voltaram para dar o recado à família foi contada pela esposa de Diego. A chegada da viatura pela segunda vez na residência foi confirmada em imagens gravadas pela mesma câmera que flagrou os policiais levando Diego. O vídeo está em posse da Polícia Civil e a família se pergunta até hoje se Diego estava na viatura quando os agentes voltaram”, disse Breno.

Conforme o Major Josias, os policiais disseram ter ido à residência, mas Diego não estava no local, a ocorrência foi finalizada e foi lavrado um boletim  E que voltaram minutos depois para buscar Diego. “A PM investiga por que foram buscá-lo após lavrar o BO e por que não registraram um novo boletim”.

O advogado dos policiais, Luiz Fernando Nandi Vicente foi procurado pela redação, mas não atendeu às ligações e não deu retorno.

 

Família não tem esperança de encontrar Diego com vida

Na tarde desta quarta-feira (28) familiares e amigos de Diego fizeram uma manifestação em frente ao Fórum de Laguna para pedir ao Ministério Público que a investigação não siga em sigilo.

Breno diz que a família não tem mais esperança de encontrar Diego com vida, mas quer justiça e que o caso seja elucidado o quanto antes.

“Hoje foi a última manifestação popular da família, agora eles aguardam a investigação se concluída e esperam que a polícia faça a sua parte e encontre o corpo de Diego”, disse Breno.

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