quarta-feira, 17 julho , 2024
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Fernando Darci Pitt

Segurança ou Privacidade

Há muitos anos vivemos uma “era tecnológica” em que os gadgets que facilitam nossas comunicações e afazeres do dia a dia estão presentes tanto nos nossos bolsos quanto em nossas casas. Um exemplo é que ao toque de poucos botões, ou até mesmo um pedido verbal para nossa “assistente virtual”, podemos ter em poucos minutos na porta das nossas casas um entregador de comida ou um transporte nos esperando.

Realidade esta capaz de impressionar até os mais entusiastas do século passado e tornar obsoletos filmes considerados vanguardistas do final dos anos 1960, como os clássicos “2001 – Uma Odisseia no Espaço” de Stanley Kubrick lançado em 1968 e a série mundialmente famosa “Jornada nas Estrelas” (Star Trek), em que o capitão Kirk e sua tripulação viajam explorando novos mundos a bordo da USS Enterprise, criada por Gene Roddenberry e lançada em 1966.  Em ambos os casos a tecnologia estava presente em tudo, desde um “abrir automático das portas” até um computador capaz de falar com as pessoas. 

Porém, se por um lado ganhamos praticidade e resultados mais rápidos, por outro, o preço disso é perda da nossa privacidade, pois como escrevi no texto  “O que “eles” sabem sobre nós? Tudo” de 21/03/2019  (https://notisul.com.br/tecnologia-e-educacao-fernando-darci-pitt/145146/o-que-eles-sabem-sobre-nos-tudo), deixamos nossos rastros digitais a cada segundo, e estas informações uma vez coletadas e analisadas são utilizadas para tentar influenciar (manipular) desde os nossos hábitos de consumo e até mesmo a nossa preferência política, só para citar alguns exemplos.

Não bastasse já saberem quase tudo sobre nós, embora algumas pessoas ingenuamente ainda acreditam permanecerem anônimas, o prenunciado por George Orwell em sua obra clássica “1984” está se tornando cada vez mais real, que é o controle e também a manipulação das grandes massas. No livro o controle era feito utilizando as chamadas “tele telas” dentre outras formas, e a manipulação por meio retóricas e “reescrita” das notícias passadas. Qualquer semelhança com o que vivemos hoje com as mídias sociais e mensageiros instantâneos disseminando Fake News, e coletando nossa localização e opiniões instantaneamente é mera coincidência. Será? 

Acontece que quando acreditamos já estarmos num nível máximo de patrulhamento, a tecnologia vem e nos surpreende uma vez mais, e a combinação entre ciência modera e países autoritários são capazes de criar novas formas de vigilância, como o que está ocorrendo neste momento na China.

O país asiático baixou recentemente uma nova regulação que passa a exigir que todos usuários de telefonia móvel registrem sua biometria facial quando comprarem um novo SIM card (chip de telefone celular) além da apresentação dos documentos pessoais. Este registro se dá por meio de fotos e pequenos vídeos de vários ângulos da face do comprador, seja ele um nativo ou um turista.

Associando estas informações biométricas com a presença cada vez mais frequente de câmeras de reconhecimento facial em ambientes públicos, se torna praticamente impossível alguém cometer algum delito e sair impune, tanto que a taxa de criminalidade nas ruas é divulgada como sendo uma das mais baixas do mundo, comparável a países como a Suíça. Claro, assim como podem inibir crimes também podem “conter” protestos e até mesmo liberdade de expressão, pois da mesma forma não conseguirão permanecerem anônimas. 

E você o que prefere: Segurança ou Privacidade? Deixe sua opinião aqui na seção de comentários, pois “ainda” vivemos num país de livre expressão. 

Dica Cultural

Documentário Privacidade Hackeada (The Great Hack) disponível no Netflix

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PISA 2018 – vai acabar em pizza

Todo ano são divulgados inúmeros dados sobre a qualidade da Educação Brasileira, e nestes momentos sempre florescem todo tipo de especialistas das mais diversas correntes para tentar explicar os motivos dos desastrosos resultados, enquanto outros noticiam o tema como se fosse um “furo de reportagem”. Bem da verdade, não há surpresa nenhuma nos números apresentados, no máximo lamentações.

E isso novamente ocorreu nesta última terça feira dia 03 de Dezembro de 2019, quando a Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE divulgou o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – PISA ano base 2018, onde o Brasil, infelizmente, ou deliberadamente em consequência das décadas de negligenciamento e orientações ideológicas questionáveis aplicadas nas nossas escolas, continuou ocupando as últimas posições no ranking dos países participantes, cujo resultado demonstrou que mais de 43% dos estudantes com 15 anos de idade não aprenderam o mínimo esperado em leitura, matemática e ciências. Ou seja, quase metade dos estudantes brasileiros avaliados não aprenderam o mínimo necessário e esperado para sua idade. Em outras palavras, não são capazes de ler e interpretar um texto simples e nem fazer contas.

Na outra ponta, quanto a medida é referente aos que atingiram os níveis máximos em todas as áreas, enquanto a média dos países da OCDE é de mais de 15%, no Brasil somente pouco mais de 2% dos estudantes atingiram a nota máxima.  Assim como ocorre no PISA, também se observam resultados pífios no SAEB, no IDEB, e tantos outros indicadores. 

Das 79 nações que tiveram seus estudantes avaliados, o Brasil ficou em 57° lugar em leitura, em 70° em matemática e em 66° em ciências. O país com melhor desempenho nas 3 competências em 2018 foi a China. 

Expostos os números acima, eu também poderia estar aqui “me vendendo” de especialista, mas não irei fazê-lo não, apenas quero trazer alguns pontos para incitar discussões e reflexões acerca das potenciais causas para este desastre educacional que vivemos, e que além dos estudantes “atuais” também já comprometeu gerações inteiras no Brasil.

Reflitamos:

• Será que a formação de nossos professores está sendo realmente efetiva?

• Será que esta formação está ensinando eles a “ensinar”? Ou apenas a aprender sobre autores e “referências” que viveram a quase 2 séculos?

• Será que dentre tantos “conteúdos obrigatórios” que nossas casas legislativas tentam impor para serem “vistos” nas escolas, ainda sobra tempo para que nossos meninos e meninas efetivamente aprendam a ler e escrever, fazer contas e entender os fenômenos físicos – químicos existentes no mundo?

• Será que precisamos realmente tornar nossas escolas COM / SEM partido, COM / SEM ideologia de gênero, etc., ou torna-las ambientes de aprendizagem efetivo?

• Será que nós como Professores / Educadores devemos mesmo tentar incutir em nossos aprendizes nosso modo de ver o mundo, ou ensiná-los a efetivamente ler e interpretar o mundo para que tomem suas próprias decisões sobre quais caminhos seguir?

Por fim, registro que o exame ora divulgado se refere ao ano base de 2018, e que não tem influência nenhuma do atual governo. Mas, assim como nos governos anteriores, este também tem tratado a educação com vieses ideológicos e pouco práticos, pelo menos até o momento. Infelizmente não interessa qual é o “P” que está no poder, o fato é que nas últimas décadas pouco se viu de ações que poderiam mudar o Brasil, e quando elas ocorreram, também acabaram sendo distorcidas para fins políticos e não republicanos. 

Quanto a posição do Brasil na América Latina, acabamos ficando na frente da   Argentina e Peru, o que da mesma forma é trágico, pois ambas as nações estão disputando as últimas posições. 

Resultados do PISA

A seguir é reproduzido um gráfico com o resultado final de todos os países participantes, com as pontuações por áreas de conhecimento avaliadas. A fonte deste material é o próprio site da OCDE em https://www.oecd.org/pisa/PISA-results_PORTUGUESE.png

Já no gráfico abaixo, também reproduzido do site da OCDE https://www.oecd.org/pisa/publications/PISA2018_CN_BRA.pdf, é apontada a posição do Brasil em relação à média geral da OCDE e também em relação as demais nações participantes.

Abaixo é reproduzido o histórico e tendência de performance, onde se compara a média brasileira nos exames anteriores com a média dos países participantes:

O que é o PISA

O PISA é o Programa de Avaliação Internacional de Estudantes (Programme for International Student Assessment) e é conduzido pela Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico – OCDE, e visa medir a capacidade de jovens de 15 anos de idade matriculados a partir do 7º ano do ensino fundamental, quanto as suas habilidades e conhecimentos em Leitura, Matemática e Ciências, para enfrentar os desafios da vida real (fonte: https://www.oecd.org/pisa/)

As avaliações ocorrem a cada 3 anos e tiveram início no ano 2000, onde o foco naquela ocasião foi em Leitura, já em 2003 Matemática e 2006 Ciências. O Brasil participa deste a primeira edição, sempre permanecendo entre nos últimos lugares. 

Em 2018 teve a participação de mais de 600.000 estudantes de 79 nações, que amostralmente procuravam representar certa de 32 milhões de estudantes em todo planeta. No Brasil foram avaliados 10.691 estudantes de 638 escolas de todas as regiões do país. 

Saiba Mais

Nos links abaixo você consultar mais sobre este exame, bem como ter acesso aos relatórios e análises da avalição de 2018 e de anos anteriores

https://www.oecd.org/pisa/

https://www.oecd.org/pisa/test/

https://www.oecd.org/pisa/publications/pisa-2018-results.htm

https://www.oecd.org/pisa/publications/PISA2018_CN_BRA.pdf

https://www.oecd.org/pisa/PISA%202018%20Insights%20and%20Interpretations%20FINAL%20PDF.pdf

https://www.oecd.org/pisa/combined_infographics_PISA2018.pdf

http://portal.inep.gov.br/pisa

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Jogador ou professor: quem ‘vale’ mais?

Milhões de Brasileiros estão vivendo dias de muita alegria e êxtase em virtude do resultado futebolístico do último final de semana, visto que um dos maiores times do Brasil, o Flamengo, foi campeão da Libertadores no sábado e do Brasileirão no domingo. Esse amor pelo futebol e por um time, segundo pesquisadores, é semelhante a uma paixão romântica da mais alta intensidade e muito comum na maioria das pessoas. Este sentimento está presente no Brasileiro que se considera o “mais apaixonado” por futebol, e também em outros países, na maioria Europeus, que também demonstram o mesmo fanatismo por seus clubes.

Por outro lado, há pessoas que são completamente indiferentes aos resultados das rodadas, dos campeonatos, da zona de rebaixamento, e muito menos interessadas e capazes de se recordarem do nome dos jogadores que ganharam o título de “mil novecentos e bolinha” com “tantos gols” em “tantas rodadas” e etc.

Quais desses grupos está certo? Ambos! Pois cada individuo reagem de forma própria, além do que cada um acaba tendo afinidade por diferentes tipos de esportes ou passatempos de lazer.

Acontece que em algumas situações os fãs acabam ultrapassando o limite da torcida para a “idolatria” de alguns jogadores ou times inteiros, chegando inclusive a fazerem loucuras para vê-los e por vezes até “tocá-los”. Para isso, chegam a passar noites inteiras em frente a hotéis esperando sua aparição, acompanham delegações pelo mundo todo, nem que seja necessário penhorar até mesmo os poucos bens familiares, e claro, comprando tudo relacionado ao time e a jogadores. 

Uma pesquisa rápida na internet indicava que esta semana o valor da camisa oficial do Flamengo era comercializada por R$249,99 nas principais lojas online, e não seria nenhuma surpresa se milhões de torcedores tenham a adquirido mesmo que parcelado a “perde de vista”.

Contudo, infelizmente não vemos a mesma devoção dos brasileiros quando o assunto é política e educação. Nestes casos, tudo acaba sendo caro, perda de tempo, e tantas outras desculpas quanto possíveis, mesmo que isso impacte diretamente no futuro dos seus filhos.

Acham que eu estou exagerando? Pois bem, reflitam quanto algumas indagações a seguir:

* Quando foi a última vez que você viu um político se ajoelhar em frente a um professor? Mas certamente você viu a cena de “um governador” tentando se ajoelhar em frente a um jogador para simular um “engraxar as chuteiras”!

* Quantos colegas que você conhece que tem orgulho em falar do seu time, mas nem atendem a uma ligação da escola quando o assunto é o desempenho escolar do seu filho?

* Quantos amigos que você conhece que gastam o que tem e o que não tem para comprar produtos de times, mas que reclamam em gastar uma pequena fração na compra de uniformes escolares? Que pagam até R$500 ou mais por um ingresso de final de campeonato mas acham um absurdo pagar R$10 para visitar um museu?

Poderia citar ainda o tempo dedicado para assistir jogos, mas a falta de tempo para acompanhar tarefas e reuniões escolares, dentre muitos outros exemplos. Mas estes já são suficientes para ajudar a responder a seguinte questão:

Quem é o responsável por fazer um jogador valer mais que um professor?

A resposta é bem simples: somos todos nós! Isso mesmo, somos nós que elevamos eles a um patamar de “santidade”, sem que o sejam.

Vamos continuar a curtir os jogos e torcer por nossos times, isso faz parte. Mas vamos tratar jogadores como pessoas comuns, com habilidades diferenciadas claros, mas mesmo assim continuam sendo pessoas como qualquer outra, e não “semideuses”. 

Torcida sim! Fanatismo não!

Um mundo em que avaliam tudo e todos

O 1º episódio da 3º temporada da polêmica e impactante série Black Mirror, o “Nosedive” ou “Queda Livre” na tradução para o Brasil, reflete de forma fidedigna o atual estilo de vida de muitos internautas que buscam a todo custo os ‘likes’ nos seus perfis nas mídias sociais, pois assim acreditam que estão sendo aceitos pelos seus pares e também reconhecidos pela sociedade em geral. Este fenômeno ocorre tanto no Brasil quanto no restante do planeta e escrevemos sobre isso na edição publicada em 25 de Abril de 2019: Black Mirror: Ficção ou Realidade. 

Transcendendo as telas, na vida real muitas instituições e até mesmo países já estão utilizando um sistema de pontuação para limitar ou permitir alguns acessos aos seus cidadãos ou usuários. Um exemplo disso é que em 2018 mais de 17 milhões de Chineses foram impedidos de viajar de avião ou de trem por terem “baixa nota no crédito social” do país, basta não pagar uma conta, um imposto, agir de forma inadequada no trem ou enquanto caminha com seu cãozinho para “perder” pontos. Outro exemplo mundial é o UBER, em que tanto passageiros quanto motoristas podem ser banidos da plataforma se tiver uma avaliação persistentemente baixa, além do sistema financeiro que utiliza uma espécie de “score” para decidir quem poderá ter acesso a crédito ou não.

O que muita gente não percebe é que este sistema de “score individual” vai muito além de se criar uma nota individual para cada usuário ou prestador de um serviço com o propósito de puni-los ou premiá-los, ou mesmo de se tornar uma “celebridade virtual” ou em um “digital influencer”. Nos dias de hoje ele está presente em quase tudo, vejam alguns exemplos:

Um dos casos mais conhecidos e citados é o do TripAdvisor, que foi fundado no ano 2000 com o propósito de ajudar as pessoas ao redor do mundo e decidir seus itinerários de viagens ou gastronomia com base na avaliação e fotos, e depoimentos postados por outros usuários “comuns”, de modo tal que estes não ficassem presos a um cenário perfeito especialmente criado para agências de viagens. Hoje adotado no Google Maps e tantos outros sites de viagens e entretenimento. 

No mundo dos streamings o termo que define esta ação é a “Classificação”, em que outros assinantes deixam sua opinião por meio de um sistema que tanto pode ser o número de “estrelas” (geralmente de 1 a 5) ou ainda mais simples como “gostei” ou “não gostei”. 

Da mesma forma, produtos vendidos em lojas virtuais, tanto quanto vendedores em plataformas de marketplace (ebay, MercadoLivre, etc.) são duramente avaliados pelos internautas, e uma vez que esta avaliação é feita atrás de uma tela nem sempre é generosa.

Seja para escolher o destino e itinerário das próximas viagens, de qual loja iremos comprar e qual modelo de produto, o fato é que para muitos pesquisar na rede mundial de computadores já virou uma rotina antes de qualquer coisa, e a cada dia esta prática ganha novos adeptos.

E você que trabalha em uma loja física já está se preparando para atender este público cada vez mais exigente que já chega no seu estabelecimento sabendo tudo sobre o produto? Tanto os pontos positivos quanto negativos? Além de ter um comparativo completo de preços e prazos de entrega dos mais diversos varejistas online?  Neste ponto, as lojas físicas embora geralmente mais caras, ainda tem uma grande vantagem em relação as virtuais que é o prazo de entrega. Porém, se percebe que na maioria das vezes acaba perdendo a venda não pelo preço, mas por não dar o atendimento com o mínimo de qualidade esperado pelo consumidor.

Já no campo da política e de serviços públicos, infelizmente não observamos a mesma agilidade na possibilidade de avalia-los, e ficamos na esperança de “quem sabe um dia” poder até reprovar suas “entregas” e até por que não, pedir sua “substituição”?  Deveríamos pensar nisso!

Por fim, se você ainda não está cuidando do seu “score financeiro” deveria começar a fazê-lo imediatamente, visto que em 2020 entrará em vigor o cadastro positivo. E se você tem um estabelecimento físico, certamente alguém já te avaliou lá no Google, no TripAdvisor, além de outros serviços. Corra lá e veja o que estão falando e claro, responda.

A inevitável ‘uberização’ dos serviços

 

Regionalmenteo serviço que mais é discutido é o de transporte de passageiros, de um lado tem-se a categoria dos taxistas que se dizeminjustiçados pois perderam muito mercado e estão tendo dificuldades de competirneste novo cenário, no outro extremo, os motoristas por aplicativos que buscama segurança para trabalhar legalmente sem riscos. E no meio disso tudo, fica apopulação que espera ter acesso a serviços de qualidade e com valores justos.

 

Já acompanhei muitas discussões, principalmente durante entrevistas emrádios, em que o principal motivo apontado para escolha de um serviço emdetrimento a outro era o valor cobrado, porém, este é apenas um dos pontos quesão considerados. Muito além do quanto irá ser pago por uma “corrida”, opassageiro espera encontrar um veículo em boas condições, limpo e sem cheiro de“cigarro”, de preferência que tenha ar condicionado, um motorista cordial eeducado, e o mais importante: a facilidade de usar o serviço.

 

No que tange a facilidade basta comparar como era no passado e como éhoje. Há alguns anos era necessário fazer uma ligação para uma “central” ou uma“cooperativa” e solicitar um carro (obrigatoriamente precisava conhecer osnúmeros, imagine como isso era complicado quando estava viajando e não possuíaestas informações), explicar onde você estava, encontrar pontos de referências,e depois “torcer” para seu veículo chegar sabe-se lá quanto tempo depois. Hojecom dois cliques você chama seu carro e instantaneamente sabe quando chegará,quanto custará e o tempo do trajeto até o destino final.

 

Há ainda um outro ganho neste processo todo que na maioria das vezes nemmesmo é citado, a avaliação instantânea que ocorre mutuamente. Tanto omotorista quanto o passageiro pontuam um ao outro de forma que, ambos terão aolongo do tempo uma “nota de reputação”, e os que não respeitam as boas normassociais serão penalizados na sua avaliação de modo que poderão inclusive seremexpulsos da plataforma.

 

Se faz necessário reforçar que estas discussões recentes vão muito alémde uma simples marcação territorial entre taxistas e motoristas de Uber, porexemplo, mas sim, é a ruptura de um processo de poder antes concentrado na mãode poucos grupos corporativistas que dominavam a distribuição de serviços,produtos e informações, de acordo com suas vontades, e claro, definindo oquando seria cobrado uma vez que não haveria concorrências de verdade.

 

Nesta nova conjuntura, o que mais assusta estas classes e o fato é ofato do consumidor passar a ter o real “direito” de decidir o que e de quemcomprar, e em muitos casos até mesmo definindo o quanto está disposto a pagar.Sem contar ainda, que inevitavelmente acabou sendo “eliminado” uma serie deatravessadores e distribuidores, pois tornou-se possível colocar frente afrente o produtor e o consumidor final. 

 

E antes que me acusem de ser um defensor de motoristas por aplicativos econtrário aos meios de transportes tradicionais, quero deixar claro que apenasestou tentando retratar superficialmente o que está ocorrendo. Pois, se não émais necessário uma cooperativa de transporte, uma vez que o passageiro contratadiretamente o motorista, fenômeno parecido também está ocorrendo em outrossetores como: hotéis que estão perdendo clientes que optam em contratar umquarto diretamente com o proprietário de imóveis residenciais; agências deviagem que se viram obrigadas a se especializar mais em entregar experiências, jáque a venda de passagens está a um click nos smartphones; bem como no comércio,na educação, na área de alimentação, etc. Estes são apenas alguns exemplos dos muitosexistentes, e dos tantos outros que ainda serão criados.

 

Todos têm o direito de não gostar ou de não concordar, mas não podem negaro que está acontecendo. Uma evidência clara deste “novo mundo” é que inclusiveum novo termo acabou sendo criado, a “uberização”,cujo conceito refere-se a um modelo de negócio baseados em como um produtopassa a ser ofertado através de um serviço.

 

Muito ainda veremos de manifestações e pressões políticas tentandobarrar as novas tecnologias e suas vantagens, e certamente algumas “evoluções” atéserão proibidas por um tempo ou mesmo impedidas de funcionar, mas outras virãoe vencerão, pois foi-se a época que o consumidor era apenas um agende passivo e“Pagador de contas”!, tudo isso graças a criação da internet e popularizaçãodos smartphones.

 

Quem não entender isso, é bom ir ligando seu “cronometro regressivo”pois seu “tempo esta chegando ao fim”!

 

Agora 100% Digit@l

Sem sombra de dúvida a década de 1450 ficou marcada na história pela criação da prensa de tipos móveis ou mais conhecida como ‘Prensa de Gutenberg’, a partir da qual os livros que até então eram ‘escritos’ e ‘copiados’ a mão, passaram a ser impressos em massa, criando uma verdadeira revolução no Velho Continente, pois permitiram que os livros deixassem de ser exclusividade do clero e da nobreza.

O funcionamento da prensa era bastante simples, cada página era montada manualmente organizando centenas de tipos metálicos (letras ou símbolos) que formavam palavras / frases, e assim sucedia-se de linha em linha até formar uma página inteira. Posteriormente, o relevo dos tipos era pintado e então a placa era movida e prensada contra uma superfície lisa e entre eles era colocado o papel ou o pergaminho. A impressão ocorria semelhante ao ‘efeito carimbo’, uma vez que a tinta era transferida para a superfície do papel, a placa era removida e estava impressa a página. Aprovava-se a impressão de teste e assim poderia ser replicada milhares de outras páginas com a mesma ‘forma’ a um custo muito baixo e com uma velocidade muito rápida.

A primeira obra impressa por Johannes Gutenberg foi a Bíblia, com aproximadamente 300 cópias e 641 páginas impressas com estilo de escrita gótica e demorou aproximadamente 5 anos.  A técnica avançou rapidamente e estima-se que até no ano de 1500 já haviam sido impressos mais de 15 milhões de livros em toda a Europa.

Já a imprensa periódica começa a surgir nos primeiros anos do século XVII, as quais eram semanais, quinzenais, mensais ou mesmo irregulares. Foi somente em 1650 que surgiu o primeiro jornal impresso diário do mundo na cidade de Leipzig na atual Alemanha e em 1655 a primeira revista com estilo de almanaque na França. Já no Novo Mundo foi nos primeiros anos do séculos XVIII, que surgiu o primeiro jornal nas colônias Britânicas. No Brasil somente após a chegada da corte Portuguesa, já no século XIX é que começa a circulação dos periódicos nas terras ‘tupiniquim’.

Desde então, nos últimos 4 séculos a impressa escrita passou a ter grande relevância na vida das pessoas uma vez que se tornou o meio oficial de distribuição de conteúdo e de notícias em todo o mundo.  É bem verdade que na maioria das vezes foi utilizada para o bem, mas em alguns momentos foi um veículo nas mãos de pessoas mal-intencionadas. 

Essa mesma imprensa passou por algumas provações e conseguiu sair praticamente ilesa nestas ocasiões das quais podemos destacar pelo menos duas: 1) a invenção do rádio em 1896 pelo físico e inventor italiano Guglielmo Marconi, capaz de fazer comunicações a longíssimas distâncias e também, 2) da invenção da televisão entre das décadas de 1920/30, a qual se popularizou a partir da década de 1930, e fez a primeira transmissão colorida em 1954 pela rede norte-americana NBC.

Ambas mídias (rádio e TV) possuem um grande diferencial em relação ao jornal impresso que é a capacidade de transmitir as notícias e eventos em tempo real, ou seja, simultaneamente a ocorrência do evento. Essa característica fez muitos pensarem que seria o fim dos jornais impressos, pois bastaria ligar o aparelho eletrônico e ouvir e/ou ver as notícias.

Mas a verdade é que não é bem assim, pois salvo exceções, há uma grade de programação e as emissoras ficam presas a elas, e deste modo, caso o rádio ouvinte ou telespectador não estivesse no ‘lugar certo e hora marcada’ perderia os fatos, e inevitavelmente seria necessário recorrer aos jornais impressos no dia seguinte para poder se manter informado. Sem contar que muitos conteúdos e notícias, indicadores e análises mais detalhadas só estariam disponíveis neste veículo de comunicação. Ou seja, o rádio e a televisão não ameaçaram a mídia impressa.

Porém, a criação da internet no final do século XX e sua popularização no início do 3º milênio, trouxe consigo, a junção do impresso, áudio e vídeo em uma nova plataforma de distribuição de conteúdo, que é a ‘Digital’, e esta sim, tem exigido adaptações muito mais profunda de todos os meios de comunicação existentes e até então ‘reinantes’ absolutos. Podemos perceber aqui no Brasil um emissora de TV que definitivamente ‘ditava’ o comportamento dos Brasileiros frente a muitas ocasiões, e que hoje está em crise financeira.

O grande motivo para estas drásticas mudanças é o fato que especialmente a partir da última década, nós consumidores passamos a determinar o que vamos consumir, pois a tecnologia permitiu que com apenas alguns clique possamos ter acesso na hora que quisermos, estejamos onde estiver, ao conteúdo desejado e com a linha editorial que mais nos agradar.

Deste modo, tornou-se comum ouvir alguém bradando que será o fim dos jornais, da TV e do rádio. Particularmente acredito que sim, mas somente em partes. Explico melhor: certamente será o fim daqueles veículos que se mantiverem presos a ideia da ‘mídia tradicional’ que presenciamos nos últimos anos do século XX. Mas por outro lado, será exitoso para aqueles que enxergarem esta ‘mudança de era’ como um ‘novo mundo’, e consigo um ‘mundo de novas oportunidades’.

E assim está sendo com este jornal, o Notisul, que há décadas vem informando e formando opiniões em toda a Amurel, e ao longo dos seus anos de existência vem acompanhando as mudanças tecnológicas e trazendo elas mais próximas para nossa realidade local. Neste sentido, já há algum tempo foi lançado o Portal Notisul (notisul.com.br) que complementa a edição impressa com notícias em tempo real, e mais recentemente os canais de distribuição de notícias pelo WhatsApp e também pelo Telegram. E o próximo grande passo será a completa substituição da mídia impressa pela digital, que ocorrerá a partir do próximo mês.

Assim, faço a minha despedida desta coluna em meio impresso e lhe convido a continuar nos acompanhando nos meios digitais que são:  bit.ly/fernandopitt (link direto para esta coluna no Jornal Notisul); @prof.fernandopitt  no instagram e facebook, opte também por receber as notícias do Portal Notisul diretamente no seu celular entrando no grupo do WhatsApp, ou pelo Telgram (https://t.me/notisul), ou ainda no instagram @notisul, facebook @jornal.notisul, twitter https://twitter.com/jornalnotisul, tão como diretamente no Portal Notisul em https://notisul.com.br/.

Dê férias para seu sofá

Como já abordamos em alguns textos ao longo dos últimos meses em que publicamos esta coluna, faz-se necessário atualizarmos nossas ‘hard skills’ e ‘soft skills’ a todo momento visto que o desenvolvimento tecnológico tanto tem criado quanto incrementado as exigências já existentes no mercado de trabalho. E infelizmente tenho que ser o portador de uma notícia desconfortável para aqueles que imaginam que este “upgrade” de competências técnicas e comportamentais acontece naturalmente, quase que por “telepatia” ou de forma “quântica”: Isso não existe! A verdade é que mais do que nunca temos que nos convencer que seremos eternos aprendedores, e como costumeiramente repito: Quem não gosta de estudar é bom aprender a gostar, pois não existe outra mágica, e sim, dedicação.

Mesmo convencidos disso, quem nunca ouviu a típica frase?: “eu não tenho mais tempo nem paciência para ficar 4 horas por dia durante alguns anos em uma sala de aula para voltar a estudar”. Mas quem disse que para aprender precisamos estar em uma sala de aula convencional? É certo que por uma questão legal toda a Educação Básica (fundamental e ensino médio) deve ser cursada em uma escola e de forma presencial, pois o STF julgou em Setembro de 2018 é ilegal educar em casa (HomeSchooling) no Brasil, algo muito comum e em franca expansão em outros países, como nos Estados Unidos.

Porém, já nos outros níveis de educação como Cursos Técnicos, Graduação e Pós Graduação, são ofertadas muitas oportunidades de formação à distância, ou comumente conhecidos como Cursos EaD, ou mesmo semipresenciais, os quais oferecem possibilidades de horários flexíveis e ajustáveis de acordo com a disponibilidade de cada aluno, e ainda, oportunizam para alunos distantes de grandes centros “frequentarem” cursos ofertados somente nestas regiões.

Só que a atualização de competências não pode ser unicamente avaliada para ocorrer em um curso regular, e com escrevemos na última semana, nossos diplomas passam a vir com prazo de validade, o qual a cada ano tem se tornado mais curto com o avanço tecnológico.

É possível que você neste momento esteja se perguntando, mas então como se manter atualizado?
São vários os caminhos possíveis, dos quais cursos regulares como Cursos Técnicos são um destes, além é claro de uma outra modalidade muito apropriada que é o “FIC – Formação Inicial e Continuada”, ou como são conhecidos: cursos de curta duração ou ainda cursos de qualificação.

Estes também são ofertados tanto presencialmente quanto à distância, e aqui na Cidade Azul são várias as Instituições que ofertam cursos que tem duração a partir de 2 horas até mais de 300 horas, que vão desde áreas de tecnológia, industrial, comércio, serviço, saúde, dentre muitas outras.

Além do que já foi escrito quero destacar mais uma forma de aprender e se atualizar, que embora não substitua a formação regular, a complementa muito bem. Estou falando do aprendizado informal por meio de outros meios, sejam eles tecnológicos e “digitais” ou mesmo “analógicos”.
No que se refere ao meio digital são inúmeras as opções, e que embora muitas já tenhas sido descritas em colunas anteriores vou repeti-las:

• Vídeos online: substitua pelo menos parte dos vídeos “engraçados” assistidos no youtube por vídeos com conteúdos técnicos;
• Mídias sociais: deixe de seguir celebridades que ganham para tentar te vender a “moda delas”, e passe a seguir conteúdos relevantes e educacionais;
• Nanodegree: aproveite seu tempo livre e faça cursos rápidos disponíveis na internet, comece pelos gratuitos e da sua área de atuação ou hobby;
• PodCasts: em parte dos seus trajetos de carro ou caminhando substitua a música por podcasts. Uma dica é o Pêssego Podcast (https://pessegoatomico.podbean.com/) produzido por uma galera muito antenada aqui de Tubarão, siga também o Scicast, o Escriba Café, Café Brasil, Nerdcast, dentre outros;
• E muito mais…..

Já no meio “analógico”, um excelente meio de aprendizado (não tão novo assim) é a leitura, seja de livros técnicos, romances, clássicos, ficção, dentre outros. Vale gibis também, desde que não fique só neles.

Seja no meio digital ou analógico, são muitas as opções para mantermos nossas “skills” sempre atualizadas, só o que não vale é ficar feito um “moribundo” no sofá nas tardes de domingo. Dê férias para seu sofá!

Pais/Educadores: Sabiam que o jovem Brasileiro é um dos mais ativos na internet em todo mundo?  E que há pesquisas que demonstram que na média chegam a gastar mais de 3horas diárias nas mídias sociais? Então que tal avaliar com eles os seus hábitos e sugerir a substituição de um vídeo de “bobiçada” por um de ciência e tecnologia? Ou mesmo um que complemente os assuntos estudados em sala de aula? E que tal ainda, fazê-los refletir se realmente é justificado continuar seguindo “celebridades” e brigando por conta das suas postagens?

 A internet pode ser “tudo de bom”, mas também pode ser “tudo de ruim”, a escolha é nossa!
Leia mais textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt

Diploma com prazo de validade

Na última semana o tema desta coluna foi o Mapa do Trabalho, na qual mais uma vez trouxemos alguns números que mostram o grande dilema que estamos vivendo no Brasil quanto o assunto é empregabilidade. Se por um lado há milhares de pessoas buscando uma oportunidade, de outro já milhares de vagas não preenchidas por falta de profissionais com as qualificações necessárias, de tal modo que o próprio estudo divulgado estima que serão necessários qualificar mais de 10,5 milhões de Brasileiros até 2023, a grande maioria destes já empregados hoje.

De uma forma ou outra, notícias com este cenário já são divulgadas há muito tempo, mas infelizmente percebo que a grande maioria ainda não conseguiu enxergar a grande lição que devemos aprender que é mantermos nossas “hard skills” e “soft skills” sempre atualizadas, como se fosse uma caixa de ferramenta sempre com as “chaves” mais novas existentes no mercado, as quais são do tamanho ideal para abrir as novas portas. 

Mas afinal, o que são essas tais “skills”?

As “hard skills” podem ser definidas como as habilidades técnicas adquiridas em estudos formais, sejam eles em cursos técnicos ou faculdade, tais como conhecimentos em cálculos matemáticos, em legislações específicas, ou mesmo habilidades manuais em determinadas tarefas.  Já as “soft skills” são competências subjetivas muito mais difíceis de avaliar, pois, são comportamentais e interpessoais, tais como atitudes, ética, comunicação, flexibilidade entre outras. 

Num primeiro olhar parece que isso é fácil, principalmente no que tange as competências técnicas, não é? Mas não verdade não é bem assim.

Vejam que no início do século XX um engenheiro de materiais, por exemplo, passava cinco anos na faculdade estudando “tudo” sobre “todos” os materiais existentes até então, e então teria a certeza de que já tinha aprendido tudo que necessitaria para o resto de sua vida profissional, pois poucos desenvolvimentos novos eram divulgados a cada década.

Só que agora no século XXI esta realidade mudou completamente, basta analisar que muitas das profissões existentes hoje, principalmente nas áreas tecnológicas, não existiam há 10 anos, e ainda, que aproximadamente 65% das crianças que estão ingressando no ensino fundamental irão exercer profissões que ainda não foram criadas, segundo estudos do Fórum Econômico Mundial.

Assim, como a cada dia novas habilidades são requeridas e novas tecnologias são desenvolvidas, temos que ter a iniciativa e a persistência em tornarmos eternos “aprendedores”, e colocar os estudos, sejam eles formais ou informais, como um hábito diário. 

Acontece que algumas pessoas acreditam que as escolas são como postos de combustíveis, onde basta “encostar por alguns anos” e se abastecer de conteúdos, e então estarão prontos para a jornada da vida. Mas este tempo já acabou! Hoje nossas competências são como nossos SmartPhontes multifuncionais, muitos “inteligentes”, mas que devem ser “carregados” diariamente.

Pais/Educadores:  Trabalhem com seus filhos e alunos para conscientizá-los que o mais importante não é decorar para a prova, e muito menos “perder” 3 anos de suas vidas decorando fórmulas e conceitos para passar no vestibular / ENEM, mas sim, aprenderem a aprender, aprenderem a serem cidadãos desta maravilhosa nação que ainda vive “sequestrada” por alguns poucos mandatários.

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Mapa do trabalho industrial

O fim do ano se aproxima e, com ele, sempre vem as reflexões do que fizemos neste último ciclo e claro, as promessas e metas para o próximo que se iniciará. E quando tratamos de formação não é diferente, e as meta mais almejadas são fazer um novo curso “XYZ” e certamente a mais repetida: “Aprender um novo idioma”.

No que tange em ingressar em um novo curso regular, seja ele Curso Técnico ou Graduação, é agora em outubro que a matrículas são abertas e o momento em que temos que tomar a decisão do que fazer, onde fazer, o muitas vezes a pergunta mais negligenciada: “O porque fazer este curso nesta modalidade”?

Como escrevemos há duas semanas na coluna “Será que precisamos de mais Graduados?” de 26 de setembro de 2019, historicamente o Brasileiro vê a graduação como a principal opção para sua formação, tanto que o número de matrículas no ensino superior é de aproximadamente 8,45 milhões enquanto na modalidade de cursos técnico é de aproximadamente 1,8 milhões, e isso não seria nenhum problema se as vagas de nível técnico existentes já tivessem completamente preenchidas. Acontece que enquanto há um grande número de graduados desempregados, também há uma grande quantidade de vagas abertas e não preenchidas por falta de profissionais qualificados.

Nos últimos dias um novo estudo foi publicado reafirmando esta condição, trata-se do “Mapa do Trabalho Industrial” elaborado Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) para guiar a oferta de cursos de formação de base industrial. A nível Brasil estima-se que até 2023 será necessário qualificar cerca de 10,5 milhões de trabalhadores em ocupações industriais, e em Santa Catarina mais, 785 mil trabalhadores.

Outro dado que corrobora com o que já escrevemos, é que a maior demanda por qualificação é para trabalhadores que já estão empregados, e somente uma pequena parcela de aproximadamente 28% em Santa Catarina para aqueles que precisam de uma capacitação para ingressar no mercado de trabalho formal.

Dentre as modalidades de formação mais necessárias são aquelas ligadas ao aperfeiçoamento, ou seja, formação continuada, e também de cursos técnicos e superiores. Já em relação formação técnica as áreas com maior defasagem de profissionais para a indústria de Santa Catarina são as de base tecnológica que sejam transversais, além de metalmecânica, informática, energia e telecomunicações e eletroeletrônica.

O mesmo estudo aponta ainda que os maiores crescimentos serão as ocupações de base tecnológica, além dos condutores de processos robotizados, pesquisadores de engenharia e tecnologia (aumento de 17,9%); engenheiros de controle e automação, engenheiros mecatrônicos e afins (14,2%); diretores de serviços de informática (13,8%); operadores de máquinas de usinagem CNC (13,6%), dentre outros.

Ou seja, não importa se você é um egresso do ensino médio, um trabalhador já empregado, ou que está procurando uma nova recolocação, o importante é fazer as escolhas certas e se manter atualizado para o atual e para o novo mercado de trabalho, e para isso, já defendi em outras ocasiões e volto a reafirmar: considere iniciar uma nova carreira cursando um Curso Técnico, que é mais rápido e focado, e que o permitirá ingressar no mercado de trabalho, caso ainda não esteja trabalhando. No campo das engenharias, considera as da área de controle e automação, pois estas serão as áreas com maior demanda por funcionários, não só no “futuro” mas também hoje.

Pais/Educadores: Certamente vocês se deparam diariamente com jovens que demonstram suas dúvidas em relação a que profissão seguir e consequentemente o que estudar. Nestes casos, ao invés de sugerir cursos “genéricos” de graduação, que tal ajuda-los a escolher uma formação técnica inicial? A qual irá coloca-los no mercado de trabalho, para depois sim, eles com mais maturidade e conhecendo mais sobre a área que está atuando poderá escolher uma faculdade com maior assertividade.

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O risco da curadoria de conteúdo por algoritmos

Calma, Calma, Calma… não estamos falando em obscurantismo e muito mesmo de algum tipo de ritual, mas sim, da curadoria dos “zilhões” de “bytes” de informações disponibilizados a cada instante na internet, sejam eles textos, áudios ou vídeos. O termo curador remete de forma geral a alguém que cuida, zela, protege, seja pessoas, patrimônios ou conteúdo.

Mas afinal, porque alguém deveria cuidar do conteúdo disponibilizado na internet?  As respostas são muitas e vão desde a seleção de fatos verdadeiros em relação aos maliciosos ou Fake News, até a seleção do que nós deveríamos consumir.  

A cada minuto, são gerados todos os tipos de informações em cifras assustadoras e exponenciais além de muito fragmentadas. No YouTube, por exemplo, é feito o upload de 300 a 500 horas de vídeos (envio para o servidor), enquanto são assistidos mais de 4,5 milhões de vídeos, já em sites construídos com WordPress, são criados mais de 1,4 mil posts, no Facebook são mais 3,3 milhões de postagens, e no Twitter mais 448 mil. Isso só para citar alguns dos serviços mais conhecidos. Com estes números já é possível perceber que está sendo impossível separarmos completamente o bom do ruim, e inevitavelmente acabaremos lendo alguma notícia / matéria errada ou tendenciosa e assistiremos algum vídeo “nada a ver”.

Com tantas opções de sites para consultas, de cursos online para estudar, de músicas para ouvir, etc., tudo a um clique de distância, nosso tempo tem sido cada vez mais disputado pelos criadores de conteúdos e pela nossa família também, e é claro, por nós mesmos. Assim, não podemos mais nos dar o luxo de ficar “navegando” pela internet sem um propósito bem definido.  
E é nesta hora que os “curadores digitais” se tornam muito importante, pois nos ajudarão a separar o “joio do trigo” e nos tornar mais produtivos na rede. Assim, podemos classifica-los em pelo menos dois grandes grupos:

1. Os curadores que trabalham separando os conteúdos verdadeiros dos falsos;  
2. Os curadores que são responsáveis pela seleção e ordenação de conteúdos fragmentados em sequencias lógicas.

No primeiro caso, esses já são empregados a muito tempo principalmente pelos grandes veículos de mídias, sejam eles tradicionais ou digitais, e mais recentemente também pelas plataformas de mídias sociais, sendo que no Brasil as mais conhecidas são o Facebook, Twitter e WhatsApp.  

Já os curadores “ordenadores de conteúdo” têm sua atuação iniciada mais recentemente, mas não menos importante, e hoje já é uma profissão e muitos “ganham a vida” sem a necessidade de produzir conteúdo novo, mas sim apenas disponibilizando ordenadamente os já existentes de forma que façam sentido e permitam um real aprendizado para quem os consumir.

Ou seja, como registrado acima tornou-se impossível para qualquer ser humano poder acompanhar tudo que acontece em sua área, e muito menos no mundo todo, até mesmo para os “curadores” humanos. E é neste ponto que novamente a tecnologia assume as “rédeas” do que iremos consumir.

Como ela faz isso? Por meio de algoritmos programados para reconhecer os hábitos dos internautas, fazendo “leituras” e análises de muitas variáveis, como: qual título chama mais atenção, que tipo de texto provoca mais interação e engajamento dos seus leitores, e ainda fazendo a checagem de informações e fontes citadas, e muito mais.

Porém, nada sai de graça, e se nós não pagamos por este serviço, é porque “o produto somos nós”. E aí que começa o grande risco, pois segundo pesquisa da Fundação Mozilla publicada em 2017, para 55% dos Brasileiros a internet se resumia ao Facebook. O mesmo Facebook que já se envolveu em polêmicas nas eleições Americanas e no Brexit Inglês, quebra de privacidade, entre outras, e como sabemos, os algoritmos do Facebook e do Instagram ordenam nossos “feeds” de forma a alcançar o máximo de engajamento, e consequentemente maior rentabilidade para as plataformas. 

Então, já temos algoritmos escrevendo reportagens, checando a veracidade, analisando o engajamento, e por fim, até selecionando-as e lendo-as para nós humanos, será que já não estamos entrando em um “tempo de domínio das máquinas” em busca de maior lucratividade para algumas poucas empresas? E talvez até mesmo começando nossa caminhada para a “singularidade”? Bom, mas este é assunto para uma outra série de textos.

Pais/educadores: Que tal discutir com seus filhos e alunos a importância de “consumir” notícias e conteúdos verdadeiros e de qualidade, e para tal ir buscar as verdadeiras fontes? E principalmente, qual o risco para uma sociedade inteira se as máquinas começaram a ditar o que devemos consumir?

Obs: A seleção de conteúdo por algoritmos já é real! Leia outros textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt.

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