sexta-feira, 19 abril , 2024
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Fernando Darci Pitt

Será que precisamos de mais graduados?

A sociedade brasileira quando se fala em formação, historicamente tem como seu principal foco a busca por um diploma universitário. As bases para esta preferência são culturais e advêm desde o início da colonização, passando por todas as épocas chegando até os dias atuais. Inclusive, em vários momentos da história as políticas públicas fortaleceram esta condição, pois promoviam os cursos de Belas Artes, por exemplo, para a nobreza e elite, e os de “ofício” para os “pobres e marginalizados”. Assim, criou-se a falsa percepção que bastaria cursar uma faculdade para mudar de patamar na sociedade, e o Censo do Ensino Superior do ano de 2018, divulgado recentemente, vem mais uma vez confirmar esta tendência.

Os dados demonstram que ano após ano o número de matrículas no ensino superior brasileiro vem subindo, e consequentemente o número de formados também. Estamos falando de aproximadamente 8,45 milhões de estudantes universitários matriculados em alguma graduação, e 1,26 milhões de formandos a cada ano. Contudo, vivemos atualmente um grande paradoxo, pois ao mesmo tempo que temos quase 13 milhões de desempregados, muitos com “canudo na mão”, observamos uma grande quantidade de vagas não preenchidas por falta de profissionais capacitados, sendo a maioria delas em áreas tecnológicas. Em partes isso se explica quando analisamos os principais cursos preferidos pelos brasileiros, que são em primeiro lugar Direito, seguido por Pedagogia, Administração e Contabilidade, totalizando 2,63 milhões estudantes matriculados nestes quatro cursos, com aproximadamente 405 mil formados anualmente.  Áreas estas, muito impactadas pelo avanço tecnológico e consequentemente com a eliminação de vagas devido a adoção de algoritmos e inteligência artificial, entre outras tecnologias. Ao mesmo tempo, cursos de cunho tecnológicos são os menos procurados.

Outra modalidade que forma profissionais com bases tecnológicas, que são os Cursos Técnicos Profissionalizantes, também têm uma demanda muito menor. Atualmente conta com aproximadamente 1,8 milhões de matrículas apenas.

Além de estamos formando cada vez mais profissionais com “canudo” do ensino superior em áreas que o mercado de trabalho tem substituído por algoritmos, temos observado a oferta cada vez maior de cursos à distância, novamente nas áreas acima citadas.
Então te convido a conhecer alguns dos números divulgados pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) por meio da Sinopse Estatística da Educação Superior referente ao ano de 2018.

Um dos principais dados divulgados foi a quantidade de vagas ofertadas: 13,529 milhões, onde estão incluídas as novas, especiais e remanescentes, presenciais e a distância, da rede pública e privada.  Deste total, 6,358 milhões foram na modalidade presencial e 7,170 milhões EaD, o primeiro ano que o total de vagas a distância superou as ofertadas na modalidade presencial.
Deste montante, como já mencionamos, foram efetivadas 8,450 milhões de matrículas, destas, 6,394 milhões presenciais e 2,056 milhões a distância, sendo que foram 2,077 milhões no regime público e 6,373 milhões no regime privado.

O total de instituições e quantidade de cursos também foram outros dados divulgados. Em 2018 foram ofertados 37,962 mil cursos (10,526 mil na rede pública e 27,436 mil na rede privada), um crescimento de 49,7% se comparado com o ano de 2008. Já o número de instituições de ensino superior que ofertam cursos de graduação cresceu 12,7% no mesmo período, existindo atualmente 2.537 (Universidades, Centros Universitários, Faculdades, CEFETs e IFs).

Já em relação ao número de docentes, foram apontados no Censo um total de 384.474, destes 173.868 atuando na rede pública e 210.606 na rede privada. Durante o período de 2008 a 2018 a ampliação na rede pública foi de 55,4% contra 0,5% na rede privada.

Outro destaque é para os cursos com maior número de matrículas, sendo que no ranking geral em primeiro lugar fica o curso de Direito com 863.101 (10,4%), Pedagogia com 747.890 (9%) e Administração com 654.843 (7,9%). Se considerarmos somente Matrículas de Graduação em Licenciaturas, as matrículas em Pedagogia correspondem a 45,9%, e Educação Física formação de professor que vem em segundo lugar com 168.153 matrículas, o que corresponde a apenas 10,3%.

Há ainda muitos dados a serem explorados e analisados no Censo, contudo, com estes já temos condições de conhecer um pouco o atual cenário de Educação do Ensino Superior Brasileiro.
Se você está na dúvida em relação a qual curso superior escolher, uma sugestão é primeiro fazer um Curso Técnico, que é mais acessível, mais rápido e promove uma maior inclusão no mercado de trabalho, para só depois buscar um curso de graduação. Um diploma de graduação é muito importante, mas de nada vale se for para deixar guardado em uma gaveta.

Pais/Educadores:
Que tal ajudar seus filhos e alunos a construir um itinerário formativo que os dê condições de competir neste cenário que veremos cada vez a oferta de menos emprego, e mais plataformas de trabalho? E partindo da certeza que o estudo e o aprendizado deverão ser constantes durante toda a vida, que tal discutir ainda quais são as outras alternativas de desenvolvimento que vão além de uma sala de aula?
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Telegram: razões para usar

Há algumas semanas, fomos “bombardeados” quase que diariamente com a veiculação de alguma notícia sobre o vazamento de conversas de autoridades do Judiciário, quase todas elas oriundas de um mensageiro que a maioria da população brasileira nunca tinha ouvido falar, o Telegram (T.ME). E a razão de não conhecer é simples, pois certamente você faz parte dos quase dois bilhões de usuários do WhatsApp (WA) em todo o mundo, sendo que só no Brasil estima-se que mais de 77 milhões de pessoas estejam ativos no mensageiro. Por outro lado, não temos estatísticas recentes do uso do T.ME mas certamente é muito inferior.

Então, se poucos usam, você pode estar se perguntando, mas porque eu deveria aderir ao Telegram, se a maioria absoluta dos meus contatos só usa o WA? Além do que, pelo que é noticiado o mesmo parece “vulnerável” e fácil de ser clonado?

Na verdade, não estou propondo substituir seu aplicativo preferido de comunicação, mas sim, sugerir a utilização também do T.ME e consequentemente de alguns dos recursos que atualmente só ele oferece, como os bots (robôs) e conversas secretas, dentre outros. E quanto ao possível vazamento de conversar privadas, o que se sabe até agora é que foi uma combinação de uma brecha de segurança (que já foi corrigida segundo o aplicativo) e o uso do mesmo sem a ativação de pelo menos uma camada extra de segurança, que é a verificação em duas etapas.

Então para começar, você já deve configurar uma senha para acessar as conversas e ativar a verificação em duas etapas. A primeira diz respeito a restrição para abrir o aplicativo e checar as mensagens (pode ser por senha ou biometria, dependendo do SmartPhone). Já a verificação em duas etapas diz respeito a proteção da conta, o que impede que terceiros tentem abrir uma nova aba de conversa em outro celular ou mesmo em um computador ou até mesmo clonar sua conta. Só conseguirão fazer isso se souberem esta senha extra.

Ainda no quesito segurança e privacidade, começo destacando uma funcionalidade que só está disponível nele, que é a opção de “Chat Secreto”. Esta funcionalidade permite você iniciar uma conversa com algum contato com mensagens criptografadas ponta a ponta e pré-determinar um tempo (variando de 1 segundo até 1 semana) para a “autodestruição” da conversa. Ou seja, após seu contato ler a mensagem, a mesma é apagada para ambos dentro do prazo pré-estabelecido.

Outro grande diferencial é em relação aos chats (grupos) e aos canais (lista de distribuição). Enquanto no WA ao entrar em um novo grupo, seja adicionado por alguém ou utilizando um link, você só terá acesso as postagens feitas a partir daquele momento, já no T.ME terá acesso a todas as mensagens ainda não apagadas pelos administradores, além de uma série de funcionalidades como, supergrupos com até 20.000 participantes, adição de bots para ajudar a gerenciar o grupo e gerar estatísticas, uso de hashtags (#) nas mensagens, e ainda, ativar o “modo lento”, que é limitar o envio de mensagens pela mesma pessoa em intervalos que vão de 30 segundos a 1 hora.

Já em relação aos canais, diferentemente do WA onde apenas o criador pode adicionar que irá receber o conteúdo, no T.ME podem ser criados canais privados (onde é necessário conhecer o link para acessar) ou públicos (que podem ser buscados no próprio APP), não há limitação de membros e também permite mais de um administrador. E assim como nos grupos, o novo membro tem acesso a todo o histórico de mensagens passadas ainda não apagadas.

Outra grande vantagem nos grupos e canais do T.ME, é que você pode omitir o seu número de telefone (o que não é possível no WA) e deixar somente seu nome de usuário visível, evitando assim que alguém entre em contato contigo por outros meios, que não o próprio aplicativo.     

Por fim, não podemos deixar de destacar a possibilidade de interagir com os bots em chats privados ou nos grupos. Dentre as inúmeras opções, destaco pelo menos duas: @RastreioBot que faz o rastreamento de suas encomendas enviadas pelos correios, e o @TheFeedReaderBot que lhe enviar notícias tão logo elas sejam publicadas, com base nos seus assuntos selecionados.

Tem muito mais, quem se interessou basta baixar o APP e começar a utilizar. Disponível gratuitamente para Android e iOS.

Convite:
Quer conhecer um pouco mais o aplicativo, então comece acompanhando as principais notícias de Tubarão e do Mundo por meio do canal do Jornal Notisul (t.me/Notisul), e também a partir desta edição passarei a notificar semanalmente meus leitores inscritos no canal t.me/prof_fernandopitt sempre que um texto novo for publicado.

Pais/Educadores
: Que tal discutir com seus filhos e alunos como eram as comunicações entre as pessoas no início da década de 1990, no início do século 19 e também bem antes disso? Sei que hoje não há mais “paciência” para esperas, mas porque não os incentivar a enviar uma carta ou cartão-postal para algum familiar que mora em outra cidade? Certamente o “destinatário” ao receber a correspondência enviada pelos Correios ficará surpreso.

Outra sugestão é discutir se hoje com tantos mensageiros instantâneos nossa comunicação melhorou ou piorou, tanto nos âmbitos familiar quanto da sociedade. E quem sabe, até mesmo utilizar estes mensageiros em sala de aula para apoiar os estudos.

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iSummit 2019 – Vai perder?

Um evento de altíssimo nível, com conteúdo atualizado e palestras inspiradoras e reveladoras, assim podemos resumir o iSummit, cujo ‘esquenta’, ocorreu na última terça-feira, na Cidade Azul, onde o especialista em inovação Arthur Igreja, sócio da empresa AAA Inovação, Negócios e Tecnologia, e o empresário do setor de tecnologia, investidor e diretor da Vertical de Saúde da Acate, Walmoli Gerber Jr, estiveram palestrando. O ‘Esquenta iSummit 2019’, foi um preparatório ao evento principal que será realizado nos próximos dias 10 e 11 e é organizado pelo Conselho Municipal de Ciência, Tecnologia e Inovação do Município de Tubarão com o apoio do governo municipal, entidades e empresas locais, além de voluntários.

De ambas as palestras é difícil separar apenas alguns pontos, mas é necessário que o façamos, então, da palestra do Arthur podemos destacar algumas falas muito impactantes que infelizmente ainda não foram completamente absorvidas pela maioria dos estudantes em formação no Brasil, sejam eles de nível superior, técnico ou de cursos livres e, principalmente pelos profissionais já atuantes tanto no setor privado quando público: que a cada dia teremos menos oferta de empregos e mais plataformas de trabalho. Em outras palavras quer dizer o seguinte, nossos filhos provavelmente nunca terão um emprego, mas sim, trabalharão como autônomos a vida toda. Isso muda completamente a forma de organização social do trabalho que conhecemos hoje.

Ele exemplificou ainda, que o lugar em que você mora determina o ritmo da inovação ou adoção de uma nova tecnologia, pois são necessárias pelo menos três componentes para que isso ocorra: ‘Tecnologia do Futuro’, ou seja, o quanto já temos disponível de tecnologia para fazer algo que desejamos, a disponibilidade de ‘infraestrutura’, pois nada adianta querer criar uma empresa inovadora que fará vendas pela internet se na localidade alvo a rede mundial de computadores ainda não chegou, e o mais importante, que a ‘mentalidade/cultura’ daquela população aceite e esteja disposta a conhecer o novo.

Já o Walmoli, dá um destaque especial em sua apresentação à ‘computação quântica’, que será capaz de escalar exponencialmente a capacidade de processamento e de armazenamento a níveis inimagináveis se comparados com as máquinas que dispomos hoje, e que estes novos computadores serão capazes ainda de fazer cálculos ultra velozes que revolucionarão as simulações e descobertas de novas moléculas para curar doenças, por exemplo.

Entretantos aprendizados e ‘insights’, podemos tirar algumas conclusões como: não interessa se você esteja ingressando agora em um curso técnico ou superior, ou se já está em vias de se aposentar, nem importa se trabalha em um setor altamente tecnológico ou que só utiliza suas vantagens, o certo é que deverá estar constantemente em atualização e sempre disposto a aprender coisas novas, pois quando acreditar que já está dominando uma tecnologia certamente ela já estará ultrapassada e em vias de ser substituta por outra mais nova e mais moderna.

Essa fala vai ao encontro do que já escrevi em outro momento citando o Fórum Econômico Mundial, em que uma das competências do Profissional do Futuro será a capacidade da Aprendizagem Ativa.

iSummit Tubarão: Empresário se você perdeu o ‘Esquenta’, ainda tem oportunidade de adquirir seu ingresso para o evento principal nos dias 10 e 11 de outubro. É sua oportunidade de ter acesso a conteúdo inspiradores e de altíssimo nível, além de poder expandir sua rede de relacionamentos e tudo isso a um valor acessível. Visite www.iSummit.com.br.

Pais / Educadores: Não são somente nossos filhos e alunos que deverão ser preparados para este mundo mais tecnológico e em que os robôs passarão a fazer a maioria das tarefas simples e repetitivas, deixando ao ser humano a oportunidade de voltar a ‘ser mais humano’, mas também nós devemos estar em constante desenvolvimento pessoal e profissional.

Talvez você afirme que não tem tempo para voltar a estudar, então vejamos: segundo uma pesquisa recente o jovem brasileiro (17 a 25 anos) passa aproximadamente 1h30 por dia somente no instagram, sem contar outros aplicativo e se extrapolarmos para o intervalo de um ano, este tempo ‘perdido’ equivale a aproximadamente uma carga horária de duas pós-graduações. E você quanto dedica da sua vida para fazer ‘scrol’ nas redes sociais? Você também já se tornou uma ‘Geração Scroll’? Reflita!  

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A 2ª Guerra levou o homem à Lua?

Hoje, temos acesso à internet de alta velocidade e TV ao vivo de qualquer parte do planeta, ou até mesmo fora dele, devido a inúmeras tecnologias recentes e, principalmente, aos satélites que orbitam a terra, e eles começaram a ser enviados para o espaço durante a corrida espacial entre Estados Unidos e a antiga União Soviética nas décadas de 1950, 60 e 70 (Guerra Fria). E ainda neste contexto, devemos lembrar que no último mês de julho, comemoramos 50 anos em que o primeiro homem pisou na lua, o que também só foi possível ocorrer ainda no ano de 1969, devido à competitividade entre estas duas nações e a “espólios e prisioneiros de guerra”.

Mas percebam que para um satélite ser colocado em órbita, e uma “nave espacial” ser enviada para além da Terra, no caso para a Lua, foram necessárias duas tecnologias imprescindíveis para isso: os foguetes e os computadores, ambos criados e/ou melhorados durante a 2ª Guerra Mundial. Ainda neste período sombrio da humanidade, muitas outras invenções relevantes foram criadas ou aprimoradas, das quais podemos destacar o saudoso Fusca, um carro prático e com capacidade para cinco pessoas e refrigerado a ar, os helicópteros, que passaram a ser produzidos em larga escala em 1942 com o modelo Sikorsky R-4, a própria energia nuclear, e muito mais.

Estes exemplos já são suficientes para demonstrar que é inegável que o ser humano consegue desenvolver novas tecnologias, mais rápido e melhor, em tempos de guerra, sejam elas “quentes” ou “frias”. E não foi diferente durante a 2º Grande Guerra Mundial, que teve início (oficialmente) há exatos 80 anos com a invasão da Polônia em 1º de setembro de 1939.

A maioria das tecnologias desenvolvidas nessas épocas sombrias da sociedade acaba se tornando acessível para outros fins, sendo que, muitas vezes, até mesmo chega como produtos “comuns” para nós, consumidores civis.

Mas voltando ao caso dos foguetes, especificamente o “Saturno 5”, que foi responsável por levar o primeiro homem norte-americano à Lua, em 1969, e o “Vostok-k”, que levou o primeiro cosmonauta russo ao espaço em 1961, sabe o que eles têm em comum? Ambos foram baseados nos projetos originais do foguete Alemão “V2” (Vergeltungswaffe – arma de vingança), o qual passou a ser utilizado nas últimas fases da Segunda Guerra Mundial, sendo que foram estimados que mais de três mil tenham sido lançados contra alvos, principalmente na Inglaterra e Bélgica. Esses projetos acabaram nas mãos dos americanos e soviéticos como “espólios de guerra”.

Não apenas seus projetos, mas também o próprio engenheiro Wernher Magnus Maximilian von Braun, uma das figuras mais importantes no desenvolvimento do “V2”, acabaram sendo decisivos no programa espacial estadunidense. Von Braun passa de “prisioneiro de guerra” a “herói nacional” nos Estados Unidos, pois sem a sua contribuição, certamente a chegada à Lua poderia ter sido muito mais difícil e demorada.

Não serve de desculpa, mas pelo menos acalenta saber que tecnologias que foram criadas para atacar e dizimar, por fim, acabam servindo de desenvolvimento e nos trazendo conforto e qualidade de vida.

Pais/educadores:
Tanto em períodos de “paz” quanto de “guerras”, as fronteiras sempre se modificaram ao longo dos anos, sejam por conquistas ou simplesmente pela expansão territorial de alguns povos, e isso ocorre desde o início da civilização humana como conhecemos hoje. Indico o site http://geacron.com, que mesmo na sua versão gratuita, é possível ver graficamente toda esta movimentação desde o ano 3 mil antes de Cristo até o atual. Há versões disponíveis para SmartPhones também, porém, pagas.

Outra indicação é o filme Jogo da Imitação – que mostra a história do matemático Alan Turing (pai da informática) e sua tentativa incansável de quebrar um código de comunicação nazista durante a 2ª Guerra Mundial, que era transmitido via a “máquina Enigma” (foto).

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Pós-verdade na era digital

Antes de começar a discorrer sobre o título e sua relação com a tecnologia e a educação nos dias atuais, permitam-me apresentar uma rápida resenha do livro publicado por George Orwell (1903-1950) no ano de 1949, o romance distópico “1984”.

O enredo se passa na “Pista de Pouso Número 1”, antiga Grã-Bretanha, uma província do superestado da Oceania. O protagonista principal, Winston Smith, trabalha no “Ministério da Verdade” (Miniver, em Novafala) e é responsável pela propaganda e pelo revisionismo histórico, onde utilizando uma máquina que datilografava a partir da sua fala, reescreve artigos de jornais do passado de modo que seus textos estejam redigidos como se sempre tivessem apoiado a ideologia do partido e o “Grande Irmão”. Além disso, o Miniver também é o responsável por destruir documentos que não foram revisados ou editados, de modo a não deixar nenhuma prova de que o governo possa estar mentindo.

Além desta obra maravilhosa, poderíamos explorar outras tantas, como “Revolução dos Bichos” também de Orwell, “Fahrenheit 451” de Ray Bradbury e “Admirável Mundo Novo” de Aldous Huxley. Todos de leitura e releitura obrigatória.

Mas afinal, qual a importância destes livros na contextualização deste texto? É que de uma forma ou outra, todos abordam o conceito de “Pós Verdade”, onde as estórias se passam em ambientes cujos governos atuais querem “destruir” toda a “verdade” existente que não condiz com o que eles entendem como sendo a sua realidade (ou pelo menos sua atual interpretação).

Mas afinal o que é Pós Verdade? Este termo foi utilizado pela primeira vez em 1992 durante a Guerra do Golfo, e foi considerado pelo Oxford a palavra do ano em 2016, é de forma geral é utilizado para representar circunstancias onde fatos objetivos são menos influentes na opinião pública do que a interpretação ou emoções geradas por eles nas pessoas, e também, intenciona-se mudar o passado, pelo menos do ponto de vista histórico (como contar o fato ocorrido). E novamente, a internet e as mídias digitais, são apenas meios para que isto tudo ocorra mais rapidamente.

Como escrevi no texto “ódio digital”, é agora que vou conquistar meus “haters” (risos).
No Brasil, e em muitos outros países do mundo inteiro, temos presenciado situações muito similares aos enredos de “1984” e das outras obras, pois, os Governos que assumem o poder tentam de toda a forma reconstruir a verdade segundo suas ideologias. Está acontecendo isso neste exato momento, sem contar que o grupo político que governou o Brasil nos últimos 16 anos fez exatamente a mesma coisa, assim como o anterior também o tinha feito. E não é só isso, mesmo períodos mais distantes estão sendo “reescritos” e “recontados” com vieses diferentes de acordo com a ideologia dos escritores (re-escritores). Alguns exemplos são relativos ao período do Regime Militar, do Estado Novo, e até mesmo da Monarquia, onde frequentemente novas obras são editadas e publicadas trazendo versões “demonizando” estes acontecimentos enquanto outras os “reconstroem” como tendo sido os melhores tempos vividos pelos Brasileiros.

A verdade é que não foram “nem 8, nem 80”, e sim, épocas tanto de opressão quando de segurança, dependendo do ponto de vista do historiador.

Ocorre no Brasil, na América, na Europa, Ásia, em todos os países. Este mecanismo foi utilizado ontem, é utilizado hoje e será amanhã. Então cabe a nós Pais, Educadores e Estudante, tentar identificar este artificio que comumente está presente nas mídias publicadas pelos governos, oposição, centro, direita ou esquerda, e olhar além do fato relatado e buscar a verdade nua e cria. É fácil? Garanto que não é não. Mas é necessário.

E é exatamente neste ponto que a Educação se torna a principal arma. Busque ler não apenas “um lado da história/estória”, e sim, consulte outros autores que pensam diferente. Reflita, questione, o mais importante, jamais “compre” a notícia como sendo verdade absoluta se a única fonte disponível for um post em alguma mídia social, uma mensagem eletrônica, e até mesmo aquela notícia no “jornal das 8” da emissora mais importante do país. Sempre questione, porque eles estão dando este enfoque para o ocorrido? Quais são os interesses escondidos por traz do tom noticioso?

Pais/educadores:
Dependendo da idade dos seus filhos e alunos, uma dica é a leitura das obras citadas neste texto, e a discussão das mensagens transmitidas pelas mesmas. Podem aproveitar também os acontecimentos atuais no Brasil e no Mundo e como eles estão sendo divulgados. Busque a mesma notícia em mais de um jornal/revista/canal de TV e compare as manchetes e os conteúdos, discuta com seus alunos/filhos o fato de que o mesmo acontecimento por vezes é tratado como positivo ou negativo, dependendo de quem o escreve.
Acredite no que você vê/lê, mas também duvide!

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Justiceiros digitais

No livro “1984”, de George Orwell, o governo tenta controlar não apenas as ações e fala, mas também o pensamento dos seus cidadãos, e isto se dá por meio da “polícia do pensamento”. Já no romance “O Conto da Aia” de Margaret Atwood, a polícia secreta é denominada de “Os Olhos”. Antes fosse só na ficção científica e romances, mas na vida real também há muitos exemplos de nações que incentivam sua população a denunciar tudo que seja contrário a ideologia dos seus governos, em especial em regimes autoritários. O Brasil também já passou por isso há algumas décadas, e foi mais de uma vez, e haverá quem diga que ainda vivemos tempos em que o “denuncismo” é incentivado.

Hoje, em pleno século 21, acreditar que estas “polícias secretas” ainda existam em países desenvolvidos como o nosso parece não fazer o menor sentido, mas de forma não estruturada sempre persistiram. Se no passado haviam grupos designados pelo estado com esta função, hoje é a própria população que acabada por fazer este papel voluntariamente, seja por acreditar em alguma ideologia ou mesmo para prejudicar pessoas, organizações ou governos legitimamente constituídos (observe que o termo legítimo não quer dizer que são competentes, e sim que chegaram lá pelos meios legais e eleitorais).

Neste contexto, e novamente trazendo a internet como um novo meio de transmissão e de articulação, começam a surgir os “Justiceiros Digitais” ou “Justiceiros da internet”, que são pessoas (na maioria jovens) que se utilizam de meios informatizados para expôr “criminosos” e assim fazer a justiça segundo suas convicções. Em um primeiro momento, isso pode até parecer bom, pois estariam auxiliando as autoridades constituídas a elucidar possíveis transgressões contra a sociedade. Porém, ao analisar mais profundamente vamos observar que geralmente estes “investigadores” e “julgadores” tomam seus “vereditos” baseados em suas “convicções”, as quais não necessariamente seguem as leis vigentes.

E é exatamente neste ponto que mora o grande perigo, pois como já escrevemos em outros textos, cada vez mais grupos de pessoas com pensamentos parecidos se reúnem em grupos e comunidades virtuais, as quais trabalham para reforçar ainda mais seus pensamentos congruentes e refutar tudo que seja contrário as suas ideologias.

Vejam por exemplo o que está acontecendo no Brasil nos últimos meses: o fato de alguns grupos políticos não concordarem com a decisão da justiça em relação a alguns de seus membros, os mesmos se “acham com legitimidade” para cometerem outros crimes, como a invasão de computadores e celulares de autoridades, a fim de tentar “contrabalancear” as condenações que na visão deles são “injustas”.

Não fosse apenas a grande velocidade que a internet possibilitou para juntar “parecidos” em comunidades virtuais e também difundir suas opiniões por vezes radicais, temos ainda o avanço na nossa sociedade e nas leis Brasileiras em relação a criar legislações específicas para proteger as minorias e também animais, juntamente com isso a abertura canais legais para denúncias, canais estes que acabam por vezes sendo usados incorretamente pelos “justiceiros digitais” uma vez que as queixas podem ser feitas anonimamente.

Assim, informalmente estamos voltando para a “era do denuncismo”, como escreveu Atwood em sua obra, “Os Olhos” estão aí para ver e delatar. O problema é que na maioria das vezes eles não veem, apenas ouvem, e tiram suas conclusões no “acho que está acontecendo isso”.

Para sua reflexão e própria opinião, vejam em que ponto chegamos: basta uma pessoa dizer que não gosta de animais para tornar-se um “transgressor em potenciar” e ser execrado publicamente em especial em seus perfis de mídias sociais. Não estamos falando em quem realmente comete maus tratos, e sim, alguém que apenas expos seu parecer de não gostar de cachorros, por exemplo.

Pais/Educadores: Que tal discutir com seus filhos e alunos quem foram as “polícias secretas” tanto em nosso país quanto em outros, e exemplos de como chegaram a interferir na forma de viver se seus cidadãos? Outra sugestão é refletir a nossa sociedade atual, e por quais meios estamos sendo “vigiados” e “manipulados” diariamente.  
Não seja omisso ao ver algo errado, mas procure ter certeza do que está vendo, e não apenas achar que viu ou ouviu!

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Ódio digital

Dentre as competências para o profissional do Século 21 apontadas pelo Fórum Econômico Mundial, há uma em especial que se refere à “Inteligência Emocional”, que em resumo é saber reconhecer seus próprios sentimentos, além os dos outros, e conseguir lidar com eles. Contudo, em tempos que internet com direito a “tretar” no Microblog “Twitter” a qualquer momento, parece que para muitos a “razão” dá lugar as “emoções viscerais”, e o ódio acaba por aflorar na rede.
O que presenciamos não é nada de diferente do que a humanidade sempre viveu, como por exemplo o “bullying”, acontece que como já tratamos em outros textos, a rede mundial de computadores está servindo como um meio para difundir o “ódio digital” numa velocidade nunca antes vivenciada. Ou seja, intrigas, ofensas e provocações sempre existiram, só que agora encontraram um terreno fértil para uma maior propagação.

Mas porque pessoas calmas e educadas no mundo “real” se tornam tão agressivas e por vezes assumem até mesmo comportamento completamente reprováveis quando estão atrás de uma tela? Essa é uma resposta difícil de esboçar, mas vou tentar descrever algumas das condições para que isso aconteça.

Um dos fatores que pode contribuir com esta situação é o fato de se sentirem “seguras” atrás da tela dos seus computadores ou SmartPhones, como se se tornassem invisíveis e protegidas por estarem distantes. Associado a isto, temos o fato de que hoje vivemos um tempo com uma geração cheia de “mimimi” e “não me toque”, como se houvesse uma hipersensibilidade para cada frase dita ou não dita, para cada olhar deferido ou desviado, para cada concordância ou discordância seja de uma pessoa conhecida ou até mesmo desconhecida.

Outra facilidade que a internet nos proporciona é o encontro de outras pessoas ou “tribos” que pensam similarmente a nós ou de forma contrária, o que também proporciona que as “tretas” arranjadas a partir de um comentário de alguém que não gostamos ou não concordamos, ganhem uma proporção muito grande em questão de minutos, pois simplesmente muitos irão concordar com nossa posição “contrária” enquanto outros tantos irão “discordar” da nossa posição. Em resumo, em minutos uma guerra “virtual” estará em andamento na internet. E o que é pior, muitas vezes tudo começa porque o leitor não conseguir “interpretar o texto” corretamente, seja por deficiências em linguagem mesmo, ou por que havia um sarcasmo na fala original de forma implícita. 

Outro cenário de briga certa são as publicações de políticos nas mídias sociais. Em questão de instantes estarão lá seus apoiadores, e ao mesmo tempo, os de correntes políticas contrária. Mais uma briga se inicia.

Ah, antes que vocês decidam “tretar” comigo por não conhecerem esta palavra, deixem-me dar uma breve explicação do que ela significa: Tretar – é uma ação ardilosa feita com o propósito de enganar, de iludir, mas na gíria popular tem o significado de criar uma situação complicada, uma briga ou discussão muito agressiva.

Isto te assusta? Pois bem, tenho uma triste notícia para você.  Qualquer “coisa” que você fizer e disser sempre haverá os “haters”, que vivem para postar comentários de ódio ou crítica no mundo digital.

Recomendo o episódio 673 – Haters gonna hate do PodCast NerdCast – com 1h19, de 17 de maio de 2019, para você se aprofundar no assunto.

Pais/educadores: Que tal discutir com seus filhos e alunos a importância do controle e inteligência emocional, bem como fazer eles identificarem situações que uma simples palavra mal interpretada deu início a uma “treta digital”? Discuta com eles também os riscos dessas brigas digitais chegarem ao mundo real, e quais as consequências disso, além de fazê-los entender que não existe anonimato completo na rede e que tudo que dissermos e fizermos na internet hoje, ficará gravado para sempre nos chamados rastros digitais.

Discorde, concorde, mas pense muito bem antes de partir para a agressão digital.
Leia outros textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt.

Você acredita na ciência ou no místico?

O texto da última semana gerou muitos comentários e também algumas interações, de tal modo que nos motivou a escrever mais uma coluna destacando outros tipos de crenças populares baseadas na “pseudociência” e também no “obscurantismo”, não só por que o tema por si só já é polêmico, mas principalmente devido a consequências que estas “falsas ciências” podem gerar na vida das pessoas que as procuram, das suas famílias e até mesmo de toda a sociedade.
Mas afinal, porque uma coluna de “Tecnologia & Educação” se propõe a tratar deste assunto? O motivo é porque se hoje temos acesso a uma série de facilidades, elas só existem graças a tecnologias que foram criadas por motivos muito específicos, como por exemplo a corrida espacial. O mais interessante é que mesmo quem nega que o homem tenha pisado na lua, não deixa de usar soluções criadas para este propósito, como as comunicações super-rápidas e os aplicativos de navegação por GPS. Dentre estes grupos já citamos alguns na edição passada, que são os “terraplanistas” e os do movimento “antivacinas”.

Para dar continuidade, hoje vou apresentar mais alguns assuntos que são evidenciados pela tecnologia, porém negados pelos que são impactados de uma forma ou outra. Um deste é o “Aquecimento Global”, porém antes de mais nada é necessário separar a questão política da ambiental. No âmbito político, é fato que todos os últimos presidentes e/ou ministros responsáveis quando estavam no poder negaram os números de desmatamento apresentados, porém, são os primeiros a acusar seus sucessores de negligência (hipocrisia total). Já na questão ambiental, é inegável que a temperatura média da terra esteja subindo rapidamente, principalmente neste último século, isso tudo medido com o auxílio de centenas de estações terrestres e também de satélites. Ah, terão aqueles que afirmarão que isso se deve a ciclos naturais do planeta. Pode até ser este um dos motivos, mas negar o aquecimento e suas consequências não tem como, é um fato.

Já na questão da saúde, no Brasil gasta se milhões de Reais anualmente do Sistema Único de Saúde (SUS) com as chamadas Práticas Integrativas e Complementares (PIC), como aromaterapia, reiki, florais de bach, dentre outros. Não haveria nada de errado em pacientes buscarem tratamentos complementares alternativos, mas, considerando o sempre deficitário orçamento do Ministério da Saúde, vocês leitores acham correto investir em tratamentos cientificamente não comprovados em detrimento a outros comprovados? E o que é muito pior, pacientes que realmente precisam de tratamentos “pesados” os abandonarem em favor destes “alternativos” sem evidencias comprovadas de eficácia. Ainda nesta área, temos outros exemplos de pseudociência por meio da difusão de medicamentos homeopáticos e/ou alternativos que além de não fazer bem, podem inclusive fazer muito mal.

Indo para a questão social, há quem use a pseudociência inclusive para argumentar sobre o “Racismo Científico” ou “Racismo Biológico”, vejam que para estes defensores há evidencias empíricas que justificariam a inferioridade ou superioridade de raças, tais quais como a craniometria e aspectos físicos, entre outros. Esta pseudociência já teve seu lugar de destaque entre o século XVII e final da primeira guerra mundial, mas infelizmente ainda hoje há que o defenda e até mesmo use da força física com tais argumentos, até mesmo para dizimar populações inteiras.

Novamente registro que a lista de assuntos considerados como pseudociência é enorme, e que se fossemos abordar todos certamente poderia ser editada uma enciclopédia inteira, e ainda, certamente eu “conquistaria alguns inimigos”. De qualquer forma, não há nenhum problema em acreditar um pouco, bem pouco, em algum tema considerado pseudociência e até mesmo místico, ou ainda do ramo do “obscurantismo”, o que é completamente reprovável é o abandono de teorias cientificamente comprovadas em favor do místico, como por exemplo, no tratamento de doenças e/ou outros males.

Sempre é bom relembrar, a mesma internet com seus canais de vídeos e blogs que tanto nos informam, quanto os SmartPhones com seus aplicativos de mídias sociais e mensageiros instantâneos que nos deixam a apenas um “clique” de distância de qualquer pessoa na terra, também podem ser utilizados para a disseminação destas falsas verdades. Fique atento! E tome muito cuidado com o que você consome na internet, especialmente se for de fontes não verificadas cientificamente.

Ah, claro, você pode acreditar que isso tudo é relativo a alguma teoria da conspiração e eu sou um “agente infiltrado” querendo te convencer do contrário. Pode ser! (risos).
Para quem quiser se aprofundar um pouco mais no assunto sugiro ouvir o PodCast do NerdCast nº 681 – Reprogramação Quântica de Mindset, com duração de 1h36min de 5 de julho de 2019, e também conferir a Revista Super Interessante edição 404 de Julho de 2019.

Pais/Educadores: Um bom tema para ser explorado em sala de aula é a diferença entre medicamentos placebos, homeopáticos, fitoterápicos e fármacos. Outro é sobre as consequências geradas pelo aquecimento global (acredite você ou não), e se os países desenvolvidos têm direito de criticar nossos desmatamentos? (Cuidado, este tema pode gerar muita polêmica).

Pode continuar acreditando nos seus “amuletos” mágicos, mas com moderação!

Leia outros textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt

O risco dos terraplanistas

Não se sabe exatamente quando e por quem, mas foi por volta dos séculos que antecederam a nossa “era cristã” que se concebeu a esfericidade da terra pela primeira vez, e assim passa a ser aceita. O que se tem registrado é que no século 6 a.C., o paradigma da Terra esférica apareceu na filosofia com Pitágoras, e por volta de 330 a.C., Aristóteles já aceitava esta teoria com bases empíricas, além de outros filósofos. 

Já no início do século 16, o astrônomo e matemático polonês Nicolau Copérnico começa a divulgar sua teoria do modelo heliocêntrico, no qual a terra é apenas um planeta que, como os demais corpos cósmicos, circula ao redor do Sol, e não o contrário. O resultado foi que teve problemas com o que igreja acreditava até então e foi obrigado a se retratar. Mais tarde, Galileu Galilei com o uso de telescópios conseguiu fazer a comprovação do modelo heliocêntrico, porém, sob ameaça de excomunhão e morte pela Santa Inquisição, em 1633 teve que negar formalmente suas descobertas. Somente quase um século e meio depois o físico Isaac Newton traz a comprovação definitiva que o sol é o centro do nosso sistema solar por meio da base física da gravitação dos planetas criado por ele. 

Soma-se a estas, tantas outras experiências e evidências com bases científicas, além de observações possíveis, como por exemplo, a viagem de Fernão de Magalhães que circunvagou a Terra entre 1519 e 1522, linhas aéreas que circulam o planeta, e ainda as viagens espaciais e satélites colocados em órbita a partir dos anos de 1960. 

Com todas estas evidências, há ainda quem acredite, e o pior, que defenda e divulgue como se tivesse fundamentos “científicos” não só que o homem nunca foi a lua, mas que a terra é plana, e pasmem, há inclusive milhares de seguidores que dão ouvido a estas “baboseiras”, além de  inúmeros sites e canais de vídeos que se propõem a comprovar tal teoria. Há inclusive sociedades organizadas como a Flat Earth Society, fundada em 1956, que é uma organização pseudocientífica que defende tal teoria. 

A princípio, além de umas boas “gargalhadas” em relação ao que esta turma dissemina, não haveria maiores problemas, pois se caso a terra realmente fosse plana para eles, então quando chegassem a “beirada” do planeta encontrariam um precipício e nele cairiam para o “espaço infinito”. Quanto a nós que acreditamos na ciência podemos continuar fazendo nossas viagens de avião e de navio sem medo, pois a terra é realmente esférica (ou quase). 

Mas acontece que, muitas vezes estes defensores começam suas dissertações afirmando que se “você entender e aceitar você é sábio, caso contrário, é soberbo e ignorante”, e ainda, fazem uso de afirmações e argumentações supostamente científicas para comprovar suas teorias (facilmente refutável por qualquer organização científica), porém, como a maioria absoluta da população não tem embasamento teórico sobre todos os assuntos, muitos acabam sendo convencidos por eles. Isso chama-se de pseudociência.
  
A pseudociência é frequentemente caracterizada pelo uso de afirmações exageradas, vagas e ditas com uma confiança excessiva, sempre colocando em “cheque” quem os questionar, e sempre tendo respostas para tudo, nem que para isso tenha que negar inclusive a existência da gravidade. Mesmo que se defina como baseada em fatos científicos, na verdade dificilmente podem ser provados através de métodos confiavelmente aprovados e reconhecidos. 

Até então acreditar que a terra é plana não teria maiores problemas, mas o risco inicia-se quando milhões de pessoas ao redor do mundo começam a acreditar neles e duvidar da ciência real, ficando esta massa populacional suscetível a serem facilmente manipulados, seja como for.
Além de que o homem nunca foi a lua, que a terra é plana, que o sol gira ao redor da terra, que Elvis não morreu, e até mesmo que os aviões deixam as “Chemtrails” (trilhas químicas) que é a pulverização de veneno a mando do governo norte americano, além de inúmeros outros exemplos de afirmações esdrúxulas baseadas em pseudociência, temos uma que talvez seja a mais grave de todas no momento e que inclusive tem gerado mortes, o “movimento antivacinas”.

Seus argumentos se assemelham muito aos dos terraplanistas, em que afirma que o governo mente para nós e que as vacinas não passam de uma forma de controlar as populações, e assim recomendam que ninguém as tome. Qual a consequência disso? O retorno de doenças que já haviam sido erradicadas em quase todos os países, e que acabam causando mortes e sofrimento para muitas famílias. 

Para os que acham que só os “ignorantes” acreditam nestas afirmações, a resposta é que infelizmente não, pois eu pessoalmente conheço pessoas formadas e esclarecidas que acreditam e até mesmo disseminam algum tipo de informação baseada em pseudociência. Isso acontece inclusive no meio político, recentemente aqui mesmo em Santa Catarina dois deputados estaduais propuseram um projeto de lei que proíbe o teste e implantação da rede de telefonia celular “5G” baseados em uns vídeos da internet considerado “Fake News” e recheado de argumentos fundamentados na pseudociência. 

Tome muito cuidado com o que você consome na internet, os aplicativos que temos hoje facilitam muito nossa vida e comunicação, mas também a disseminação destas falsas verdades. Fique atento!  

Pais/Educadores
Vamos levar para as salas de casa e salas de aula o tema? Será que nós também acreditamos em alguma afirmação baseada em pseudociência? Educadores: que tal discutir com seus alunos as bases cientificas e culturais das vacinas, e quais males poderiam voltar se não houver uma imunização maciça da população? E qual a consequência disso? E que tal discutir com seus alunos e criar argumentos que refutem a teoria dos terraplanistas?  
Leia outros textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt.

Tecnologia espacial

Ainda no período em que se comemora o cinquentenário em que o primeiro homem pisou na lua, há muitos que continuam não acreditando nisto, e entre seus argumentos há pelo menos dois que são bastante relevantes e que justificam ser explorados neste texto, sendo eles: 1. Por que não voltamos mais para nosso satélite natural? e, 2. O que a humanidade ganhou com a corrida espacial?

As respostas são fácies, porém, podem ser bastante extensas. Deste modo, vou procurar responde-las de forma mais didática e o mais simples possível, mas fica aqui a provocação para que você continue explorando o tema.

Quanto ao retornar ou não a Lua, a verdade é que só no projeto Apollo foram 11 missões tripuladas, das quais 6 pousaram em solo lunar e lá 12 astronautas tiveram o privilégio de deixar suas marcas lá. A última destas missões foi a Apollo 17 em 1972. É verdade que (até onde se sabe) o homem não voltou mais para lá depois deste ano, mas isso é devido ao fato de que a principal intensão no final da década de 1960 era “chegar” e não necessariamente o que se faria depois, e ainda, que durante o período da “Guerra Fria” e “corrida espacial”, valia quem chegasse primeiro, e neste desafio foram os Americanos, já que na maioria dos outros foram os Russos.

Contudo, mesmo não indo pessoalmente nunca paramos de visitar e explorar nosso satélite natural, desde o final dos anos 1957, quando a sonda Luna 2 (URSS) a tocou pela primeira vez, já foram enviadas muitas outras sondas e até mesmo veículos remotos, tanto pelos EUA, quanto Rússia e China. E para os próximos anos, está previsto o retorno humano, mas desta vez financiado com dinheiro público – privado, e, é claro, as empresas envolvidas não estão interessadas em somente serem as primeiras a “tocar” o solo, e sim, explorá-lo financeiramente, inclusive. Deseja-se explorar água (onde o hidrogênio e oxigênio serviriam de combustíveis para naves), ouro, platina dentre outros materiais.

Já em relação ao segundo questionamento, para respondê-lo teremos que escolher apenas alguns dos avanços tecnológicos/produtos que fazem parte de nossas vidas e surgiram graças à corrida/exploração espacial, pois são tantos que não caberiam em uma edição inteira do Jornal, pois estima-se que só a Nasa tenha mais de 6,3 mil patentes de produtos.

Uma conquista inicial certamente foi o avanço no desenvolvido dos computadores e da eletrônica em geral, pois para poderem “caber” nas naves os computadores e demais componentes tiveram que ser “miniaturizados”, o que só foi possível com o desenvolvimento dos “CIs” Circuitos Integrados (presentes hoje em todos eletrônicos). Ainda nesta área, não só os hardwares (máquina) evoluíram, mas também os próprios sistemas e softwares de controle e de cálculos, por exemplo.

Nesta corrida, nossos engenheiros espaciais aprenderam também a “manobrar” e “estacionar” satélites, e graças a estas novas competências podemos utilizar nossos APPS com sistemas de navegação e geolocalização, pois os mesmos funcionam graças a redes de satélites que estão em órbita terrestre. São quatro os sistemas de geolocalização, onde o mais conhecido é o Navstar/GPS (Americano) com uma “constelação” atual de 24 satélites que vem sendo lançados desde 1978, e que se tornou completamente operacional em 1995, sendo que em 2000, foi liberado para uso civil geral. Há ainda o “Glonqass”, que é uma versão Russa, e o “Galileu”, da União Europeia, além do “Beidou” – Chinês, estes dois últimos em desenvolvimento.

Já na área da saúde, um exemplo são os termômetros auriculares por infravermelho, que fazem uso da mesma tecnologia que a Nasa utiliza para medir a temperatura de estrelas, também temos as próteses e implantes que são fabricados com materiais leves e resistentes, tal qual são necessários em viagens espaciais. Poderíamos colocar nesta seleção ainda o aprimoramento da tecnologia dos filtros de água, pois lá no espaço não tem como “trocá-la” conforme é consumida, e sim é necessário “reutilizá-la”.

Já na área das comunicações, se hoje conseguimos falar com o mundo todo graças aos nossos dispositivos e aplicativos conectados à internet, assistir TV por assinatura ao vivo, falar em telefones celular e até mesmo telefones fixos, e receber informativos climáticos em tempo real, isso só é possível porque existem satélites de todos os tipos, inclusive os de comunicação.

Os exemplos ainda são muitos, como a criação de placas solares para geração de energia, espumas para isolamento térmico, dos aspiradores de pó sem fio, lentes resistentes ao aranhão, espuma de poliuretano com memória (hoje presentes em colchões e travesseiros), além do aprimoramento de detectores de fumaça, de panos de flanela altamente absorventes, tecidos especiais para roupas e calçados (hoje muito utilizadas por atletas), alimentos concentrados, medicamentos, dentre milhares de outros.

Por fim, “nem tudo são flores”, a cada lançamento de satélite e ou de naves espaciais, são necessários foguetes para levá-los para o espaço, além do que, após a vida útil dos satélites e sondas, juntamente com os restos dos foguetes estes acabam se tornando “lixo espacial”. Alguns acabam retornando à terra e na maioria das vezes entram em combustão completa durante a reentrada, enquanto a maioria fica “viajando” pelo espaço a uma velocidade de até 36 mil km/h, um risco potencial de choque para a estação espacial e também para os satélites ativos. Só por curiosidade: segundo a Nasa, desde o lançamento do primeiro satélite, em 1957, o Sputnik pela URSS, estima-se que já foram ao espaço mais de quatro mil satélites.

Pais/Educadores: Aproveitem o tema e discutam com seus filhos e alunos sobre as viagens espaciais, as tecnologias desenvolvidas, o período em que tudo isso iniciou (Guerra Fria), quais foram os principais países envolvidos, e, ainda, se vocês realmente acreditam que o homem pisou na Lua.

Leia outros textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt.

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