DESIGN DE PRODUTO: PARCEIRO NA INOVAÇÃO SOCIAL

Meu amigo pesquisador …

Entendendo a vinculação do tema a nossa vida cotidiana, para a proposta desta semana, tenho a honra de apresentar minha amiga pesquisadora Vívian Mara Silva Garcia. Catarinense de Araranguá, graduada em Design de Produto pela Universidade Federal do Rio de Janeiro – UFRJ e mestre em Ciências da Linguagem pela Unisul, Vívian morou cerca de vinte anos no Rio de Janeiro, onde trabalhou em jornais, editoras, publicou livros e foi cocriadora da Impressões do Brasil Editores. Após o nascimento de sua filha, Giovana, em 1997, a família mudou-se para Tubarão. Logo que chegou, foi contratada pela Unisul como redatora do Gabinete do Reitor. Paralelamente, em 1999, criou a marca de surfwear, Mohaai. Assinou a coluna Cibercultura no jornal Notisul, tornando-se visível para a Academia Tubaronense de Letras, onde ocupa a Cadeira nº 24. A partir de 2006, na Unisul, lecionou Design Gráfico nos cursos de Web Design e Multimídia Digital. Em 2009, idealizou o Centro de Design+Artes e o Grupo Carambola Design [Oficinas], que propunham estreita conexão entre Universidade e indústria. Professora no curso de pós-graduação em Gestão da Inovação e Design Estratégico, foi autora do segmento referente ao Design, introduzindo o DesignThinking, em 2012. Ainda na pós-graduação, foi docente em Tecnologia e Inovação de Produtos e A Função Social da Arte. Lecionou História da Arte no curso Design de Moda e em Publicidade e Propaganda. Na licenciatura em Artes Visuais, professora-pesquisadora nas disciplinas Artes Visuais, História da Arte Brasileira, Estética, Cinema e Literatura. Aluna no Doutorado em Design da UFSC, na disciplina Design Thinking. Atualmente é doutoranda em Ciências da Linguagem, Unisul, sendo objeto de pesquisa uma rede japonesa de design, presente em mais de 30 países. Uma profissional exemplar, culta, de alma nobre, forte, determinada – que nos inspira com seu estilo de vida. Um convite ao aprendizado…      

Design de produto: parceiro na inovação social 

O Desenho Industrial [Design de Produto], filho direto da Revolução Industrial, é parceiro da capacidade humana para inovar, criar oportunidades e soluções. Não importa em qual segmento, o design sempre caminhou de mãos dadas com a inovação. A primeira escola de Design, a Bauhaus, fundada em 1919 na Alemanha, nasceu da confluência ou parceria entre arte, indústria e tecnologia. Com o passar dos anos, os caminhos e “descaminhos” do Design o levaram a sintonizar com as demandas da pós-modernidade, assumindo definitivamente um papel fundamental nos processos de inovação social. Papel corroborado pelo International Council of Societies of Industrial Design (ICSID), criado em 1957, que define design como atividade criativa para estabelecer as qualidades multifacetadas de objetos, processos, serviços e seus sistemas em ciclos completos de vida. Portanto, design possui conexão direta com inovação, seja de tecnologias, de produtos ou de serviços, seja realizando intercâmbio cultural e econômico. Desde janeiro de 2017 o ICSID passou a se chamar World Design Organization – WDO (http://wdo.org/) e esse novo formato colocou o Design de Produto como processo estratégico para impulsionar a inovação, levando à melhoria da qualidade de vida das pessoas.

Ao agir efetivamente na transformação social, o design ampliou sua natural interdisciplinaridade e incluiu a Antropologia, trazendo a empatia para os projetos de design centrados nas pessoas [human-centered design] para as quais o projeto efetivamente se destina. Esta é a base do Design Thinking, assim como essa nova forma de projetar é o fundamento do Design Social ou design participativo, que prestigia não somente a busca conjunta de soluções para os problemas que afetam as comunidades, mas considera, sobretudo, a finitude dos recursos naturais – por isso, visa à sustentabilidade e não ao produto em si. Na verdade, o papel social do designer industrial sempre esteve presente, já que seus projetos incluíam um olhar também para pessoas portadoras de alguma limitação física, por exemplo, projetando para elas artefatos, transporte e soluções, como mobiliário hospitalar adequado. O que realmente mudou no decorrer do tempo foi que essa essência social, formadora do designer industrial, levou-o a se afastar de concepções vinculadas ao consumo, à concorrência das empresas e o vinculou preferencialmente às necessidades sociais, mais do que ao status social. 

O Design Social [https://www.youtube.com/watch?v=QSs397-JF-Q] portanto, é um coadjuvante privilegiado na melhoria das condições de vida de determinados grupos, além de fortalecer a mão de obra e os saberes locais. Se considerarmos que as inovações sociais, em geral, demandam novas estratégias, conceitos e métodos para atender a diferentes necessidades sociais, no trabalho, lazer, educação, saúde e tantos outros segmentos, por extensão devemos entender que o design capaz de produzir inovação social não poderia impor um valor universal, mas, sim, resultar de interação e diálogo.

São inúmeros os problemas sociais que ainda aguardam solução e boa parte deles está fora da alçada do design industrial, obviamente, mas vale celebrar cada solução encontrada, mínima que seja, para solucionar ou amenizar os problemas que afetam intensamente o cotidiano das pessoas. Um exemplo já clássico do desenvolvimento de comunidades criativas agindo em conjunto com designers para solucionar seus problemas e criar novas oportunidades, está no HippoWaterRoller Project [https://www.youtube.com/watch?v=KpjcAf35Mjo] – uma ideia simples que resolveu parte do problema de acesso à água em regiões cujas fontes de água potável ficam a quilômetros de distância dos povoados. 

Você sabia?

Existe um movimento chamado Design for Change que, no Brasil, chegou em meados de 2012, e se trata de uma das formas de Design Social voltado para crianças e adolescentes, ajudando-os a se tornarem inovadores e empreendedores de mudanças sociais à medida que aprendem a ter mais empatia e conexão com o ambiente onde vivem. A proposta é levá-los a observar o que precisa e pode ser melhorado e a desenhar uma possível solução e a executar suas ideias. Confiram nos vídeos abaixo e vejam quantas boas ideias e variações delas temos aqui para cocriar, recriar, compartilhar e aplicar com os alunos da Unisul, por exemplo.

https://www.youtube.com/watch?v=JkwmWaP6XXw [Índia]

https://revistatrip.uol.com.br/trip-transformadores/design-for-change [Brasil]  

Fique atento!

Para estudantes de Design, o iF Design Talent Award é um prêmio mundial que reconhece o talento de estudantes e recém-formados em cursos relacionados ao Design. A premiação acontece duas vezes por ano e proporciona aos jovens talentos a chance de mostrar ao mundo suas inovações. Confiram no link quando estarão disponíveis as próximas inscrições!

https://ifworlddesignguide.com/our-awards/student-awards/overview