O que é ser neurocientista?

Foto: Divulgação/Notisul
Foto: Divulgação/Notisul

Rafael Mariano de Bitencourt
Neurocientista, Professor do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde – PPGCS – UNISUL bitencourtrm@gmail.com 

“Então você é professor(a), mas o que você leciona? Sou professor(a) de neurociência, um(a) neurocientista! [agora imagine aqui, como reação de quem fez a pergunta, qualquer comportamento que simbolize espanto, algo como se a pessoa estivesse frente a um ser de outro universo]”. Pois bem, esta é uma situação que eu imagino ser bastante rotineira na vida de qualquer neurocientista, ou, pelo menos na minha vida, tem sido. Quando me perguntam o que faço e eu dou a resposta exemplificada no diálogo acima, as reações vão de desconfiança à admiração, sempre passando, invariavelmente, pela surpresa. Tudo isso porque temos uma imagem bastante ilusória da neurociência, algo que não parece estar próximo da nossa realidade. E é aí que as pessoas se enganam, pois pode haver um neurocientista ao seu lado neste exato momento, enquanto você lê esta matéria, sabia? Mas, afinal, o que é ser neurocientista?

  Neurociência é o estudo científico do sistema nervoso e neurocientista é quem conduz estes estudos. Há neurocientistas para todos os gostos, desde aqueles encarregados por estudar o “detalhe do detalhe” dentro do cérebro, campo da neurociência molecular; até aqueles que se empenham em entender melhor como o nosso cérebro trabalha para produzir os nossos comportamentos e até mesmo criar a nossa mente, campos da neurociência comportamental e cognitiva. E tudo isso não está assim tão distante da gente, como costumamos imaginar.

Aqui mesmo na UNISUL, por exemplo, há diferentes grupos e neurocientistas empenhados no estudo da neurociência. Através destes grupos já aconteceram descobertas importantes, como, por exemplo, um estudo coordenado pela Profª. Drª. Fabrícia Petronilho, publicado na renomada revista Molecular Neurobiology no ano de 2018, o qual mostrou que a vitamina B6 pode exercer efeitos neuroprotetores contra a disfunção neuronal causada pela sepse, uma condição médica bastante grave. Já outros estudos bastante promissores estão em desenvolvimento, como os testes do canabidiol (CBD), um constituinte não-psicoativo (ou seja, não dá “barato e não vicia) extraído da cannabis sativa, que vem sendo testado através de experimentos em um modelo animal de autismo. Se confirmada a eficácia do CBD nesta condição, este estudo, coordenado por este que vos escreve, poderá contribuir para novas perspectivas no que diz respeito ao tratamento deste transtorno que é cada vez mais presente nos dias atuais. E, o melhor de tudo, é que toda esta neurociência está sendo feita aqui, praticamente no “quintal” da sua casa. E é assim, desmistificando o que parece ser inatingível, que iremos aprender como realmente é, e não como parecer ser. Quem sabe, em uma dessas conversas aleatórias que temos com pessoas estranhas em alguns momentos do nosso dia a dia, não seja você o próximo a me perguntar sobre minha profissão… e, quem sabe, seja a sua reação, e não a minha resposta, que irá surpreender.

Você sabia?

A Unisul possui em seus Campus, vinculados ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde (PPGCS), pelo menos três grupos de pesquisa em neurociência. São eles: Laboratório de Neurobiologia de Processos Inflamatórios e Metabólicos (NeuroIMet), coordenado pela Profª. Drª. Fabrícia Petronilho; Laboratório de Neurociência Experimental (LaNEx), coordenado pelo Profº. Drº. Daniel Fernandes Martins; e Laboratório de Neurociência Comportamental (LabNeC), coordenado pelo Profº. Drº. Rafael Mariano de Bitencourt. Há neurociência para todos os gostos nesses laboratórios, da molecular à comportamental, basta você encontrar aquela que melhor se encaixa no neurocientista que há em você. Que tal, vamos fazer neurociência?

Fique atento!

O Programa de Pós-Graduação em Ciência da Saúde (PPGCS) da Unisul está com edital de seleção de mestrado aberto até o próximo dia 26. Para acessá-lo, basta entrar na página da Unisul (www.unisul.br), clicar no campo “Mestrado e Doutorado” e acessar o link do respectivo Programa. No PPGCS há uma linha de pesquisa, através de diferentes grupos e professores, dedicada inteiramente à neurociência. Confere lá!