A GLOBALIZAÇÃO DO CONSUMO E O TALENTO LOCAL

Prof. Dr. Marcos Marcelino Mazzucco,
Coordenador dos cursos de Engenharia Química, Química bacharelado, Química licenciatura, Engenharia de Controle e Automação e Engenharia do Petróleo na Unisul)

A aquisição de um bem difere muito da aquisição de um serviço por causa da materialidade do objeto. Contudo, muito além da materialidade do bem, está o resultado de muitos serviços prestados direta ou indiretamente para concretização, em nossas mãos de qualquer produto.

Na reflexão de hoje trago para a discussão a globalização do consumo como, no mínimo, uma diluidora dos impactos econômicos e sociais, tanto nos aspectos positivos como negativos. Vamos a um exemplo: seu amigo comprou, pela internet, uma camisa na Índia (um dos maiores produtores de algodão do mundo). Depois de 15 dias esta camisa viajou, pelo menos, dois continentes, e foi entregue na sua casa.

De fato é uma bela peça, com cores e qualidade do tecido inquestionáveis. O que ele comprou? Comprou uma camisa e uma grande organização de serviços que entregou o produto em sua casa. Enquanto a produção da camisa demandou muitos recursos do país de origem, os serviços diluíram-se no trajeto e muitos deles talvez nem estiveram no trajeto da compra, como as localizações dos sites de vendas, do banco que recebeu o pagamento e até a própria empresa que vendeu o produto.

Está muito simplista esta visão, vamos refiná-la! Para a produção da camisa, foi cultivado o solo na Índia, com água e mão de obra local. O fertilizante pode ter sido originário da Noruega (um grande produtor deste insumo valioso e muito demandado). Na indústria, a energia elétrica usada foi, majoritariamente, obtida de termelétricas que usam carvão mineral. Toda a cadeia de produção foi movimentada através de combustíveis, que são, quase integralmente, importados.

A indústria dos tecidos de algodão, como no mundo todo, usa equipamentos fabricados em vários lugares e usa produtos químicos de outra indústria que é esmagadoramente global. Num país com mais de 1,3 bilhão de habitantes, muita mão de obra precisa de ocupação e o cenário torna-se mais realista quando incluímos os efluentes sólidos, líquidos e gasosos que permanecem naquele país.

É um cenário tão complexo que os conceitos das pegadas de carbono, hídrica e energética tornam-se deléveis. Por exemplo, é necessária muita água para fazer crescer uma plantação de algodão, mas também é preciso muita água para fabricar o fertilizante e a energia elétrica usada nas fábricas indianas é uma parte deste tipo de energia, usada na fabricação, porém também foi investida energia em outros países para produzir as máquinas e os produtos químicos que tornaram o produto possível.

Na secagem do algodão foi utilizada madeira, para produzir o calor, e o ar foi o agente secante. Quando compramos algo fabricado em um local distante, compramos água, energia, ar, recursos minerais, inteligência e trabalho daquele local. A camisa é fabricada na Índia com recursos naturais globais, com inteligência global e com o talento local. Enfim, nesta grande contextualização, surge o talento local.

Como talento local refiro-me aos esforços de produção reunidos na força e criatividade de profissionais da produção, técnicos, engenheiros, gestores, etc. e também refiro-me à força empreendedora que está nos empresários e nas atitudes empreendedoras que diferenciam muitos profissionais. A camisa fabricada na Índia pode ser muito parecida com àquela de procedência brasileira, inclusive no custo, mas o que se fabrica aqui é com o nosso talento local.

Para um país que valoriza seus talentos, prover (às custas dos tributos de sua população) infraestrutura, formação de qualidade e planejar seus crescimentos agrícola, industrial e social é construir meios de manter, desenvolver e fazer seus talentos se multiplicarem. Na crença em contrário, para um país, resta ser um grande movimentador de mão de obra, um reservatório de poluentes e um espaço para manobras políticas, enriquecedoras de alguns às custas das dificuldades de muitos. Que não se perca de vista e nem se deixe de dar o merecido valor ao TALENTO LOCAL!

 

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