Vettoretti – A memória tubaronense está de luto!

 

Quem conheceu Amadio Vettoretti (para nós, simplesmente Vitoreti) como conhecemos sabe muito bem de quem estamos falando e a razão por que a memória histórica tubaronense está muitíssimo fragilizada.  
 
Vitoreti, que veio da região rural de Tubarão (hoje município de Treze de Maio), chegou na “cidade grande”, viu e, com todos os méritos, venceu! – E venceu não por favores, mas, sim, por esforço próprio. 
 
Primeiro, ele quis ser fotógrafo; e foi como poucos, instalando-se, numa portinhola, com o seu modesto “Foto Piratini”, em Oficinas, bem perto da Churrascaria Na Brasa, na Altamiro Guimarães, ao lado da Igreja São José Operário, a principal daquele bairro. 
 
Simples e dedicado ao extremo, deu tudo de si na profissão. 
 
Do seu tipo e jeito, aos poucos o “intrépido” foi ganhando espaço no setor, chamando atenção não só pela qualidade de suas apreciadas 3×4, mas, também, e muito, pela forma como executava trabalhos “de externa”, quando solicitado para trabalhar em casamentos, batizados e solenidades públicas, como desfiles de Sete de Setembro, Carnaval, etc. 
 
Nessas horas, nosso amigo Vitoreti não era só um hábil fotógrafo; era, sim, um verdadeiro malabarista da máquina fotográfica que, sem a menor preocupação em fazer pose – já que pose quem deveria fazer era o fotografado – procurava o melhor ângulo, independentemente de como fosse se posicionar. Em pé, sentado ou, acreditem, arrastando-se pelo chão, lá estava ele, às vezes, até, roubando a cena do evento e, de soslaio, alguns sorrisos. 
 
E ele lá, sem dar a mínima importância para o que viessem a falar ou pensar, firme e forte na sua missão de “fazer a diferença” e conquistar o seu público consumidor, o que logo conseguiu. Tanto logrou êxito que, sem demora, apareceram propostas mais desafiadoras, algumas vindas de instituições públicas e outras de administrações privadas, onde, não sendo diferente, se teve muito bem.
Vida que segue.
 
Vitoreti, apaixonado pelo ofício de fotógrafo, firmou, então, os olhos para a imagem que fotografava; mais àquelas que tivessem cunho histórico e que guardassem em si a memória da cidade de Tubarão e da Amurel. 
 
Estava nascendo, aí, o notável escritor e historiador tubaronense!
 
Insaciável de cultura e arte, achando pouco, Amadio não confiou só na prática e na vontade de ser um memorialista; foi adiante na sua gana de se aprimorar em conhecimento e deu-se aos bancos escolares, quando já não era só um garoto.
 
Cursou, então, o nível superior. Formou-se pela Unisul e, em maior estágio, tornou-se professor da mesma instituição.
 
Mais recentemente, o reconhecido escritor, mergulhado no seu mundo de documentos, fotos, mapas, jornais, e outros registros, se viu no lugar que mais gostava, ou seja, integralmente dedicado ao Arquivo Público Municipal de Tubarão, onde foi diretor, órgão fundado em 1990. Ali, sabe-se, instala-se o mais rico acervo do gênero no sul catarinense.