Um dia histórico para o estado

Governador Raimundo Colombo e o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio Luiz de Lorenzi (o terceiro da esquerda para a direita) participam hoje do seminário ‘A carne suína de Santa Catarina e do Brasil no Japão’
Governador Raimundo Colombo e o presidente da Associação Catarinense de Criadores de Suínos (ACCS), Losivânio Luiz de Lorenzi (o terceiro da esquerda para a direita) participam hoje do seminário ‘A carne suína de Santa Catarina e do Brasil no Japão’
Zahyra Mattar
Braço do Norte
 
Se o ditado popular diz que a “esperança é a última que morre”, para os suinocultores de Santa Catarina a esperança renova-se hoje, com a assinatura do contrato de exportação entre o estado e o Japão.
 
A previsão inicial é que a primeira carga seja enviada em duas semanas para o país asiático. Ainda que o momento seja de real comemoração, em especial porque desta vez a abertura do mercado para a carne suína brasileira é, enfim, no campo prático, os criadores mantêm o pé atrás.
 
Muitos atuam, há pelo menos dois anos, com as contas no vermelho. Hoje, o custo de produção segue alto, em torno de R$ 2,70 o quilo. No campo, o empreendedor não recebe mais do que R$ 2,40 por quilo. Não precisa ser matemático para entender que a conta está invertida.
 
“Ainda que a carne a ser exportada não seja da nossa região, o fato da demanda internacional aumentar significa que voltaremos a abastecer o mercado interno brasileiro. É nisso que nos apegamos”, confere o presidente do núcleo regional sul da Associação Catarinense de Criadores Suínos (ACCS), Adir Engel.
 
A maior dificuldade, no momento, está no alto preço da soja, o principal insumo que compõem a ração para o animal. A alimentação do suíno corresponde a cerca de 76% do custo final da cadeia produtiva. 
 
“Se os estoques nacionais diminuírem, teremos chances de reverter a atual situação. Hoje (ontem) visitei dois criadores em Braço do Norte e ambos confessaram que se continuar assim, desistirão da atividade no próximo ano. Persistirão por enquanto por causa da abertura do mercado japonês”, atesta Adir.
 
A assinatura do acordo
Hoje, a partir das 9 horas no Japão, terá início, em Tóquio, o seminário “A carne suína de Santa Catarina e do Brasil no Japão”. É neste evento que o governador Raimundo Colombo assina o contrato para exportações da carne suína catarinense para o país asiático, o maior importador mundial do produto. 
 
Nesta primeira etapa, oito plantas de cinco empresas catarinenses foram autorizadas a vender cortes de carne suína para os japoneses. A expectativa é de que a nova parceria comercial represente um ganho significativo em preço e em volume. 
 
Hoje, Santa Catarina já é líder nacional em produção de carne suína: são cerca de 800 mil toneladas por ano. Deste total, aproximadamente 200 mil toneladas vão para o mercado internacional atualmente. O estado tem cerca de 12 mil suínos, distribuídos em oito mil propriedades rurais, com ênfase nas regiões sul e oeste.
 
230 mil toneladas
Esta é a expectativa de exportação de carne suína de Santa Catarina para este ano. Hoje, o estado comercializa cerca de 183 mil toneladas para o mercado internacional. Apenas o Japão deverá comprar 100 mil toneladas. A previsão é que Santa Catarina exporte 300 mil toneladas de carne suína em 2014, um aumento de mais de 30% em relação ao ano passado.
 
Ucrânia retoma importações de suínos
A suspensão das exportações de carne suína catarinense pela Ucrânia, em março deste ano, gerou um impacto negativo em toda a cadeia produtiva do estado.
 
Esta semana, contudo, uma boa notícia veio para complementar a abertura do marcado japonês: o país europeu reabriu o mercado para as exportações catarinenses antes do esperado, e decidiu utilizar novamente o protocolo anterior à suspensão, sem novas exigências sanitárias. 
 
O volume de carne suína que voltará a ser exportado é o mesmo: de 12 mil toneladas ao mês, equivalente a cerca de R$ 72 milhões.
 
A retomada nas exportações era prevista apenas para o segundo semestre. A antecipação deve-se à escassez do produto na Rússia, país que compra da Ucrânia a carne suína catarinense.