Você acredita na ciência ou no místico?

Foto: Divulgação/Notisul
Foto: Divulgação/Notisul

O texto da última semana gerou muitos comentários e também algumas interações, de tal modo que nos motivou a escrever mais uma coluna destacando outros tipos de crenças populares baseadas na “pseudociência” e também no “obscurantismo”, não só por que o tema por si só já é polêmico, mas principalmente devido a consequências que estas “falsas ciências” podem gerar na vida das pessoas que as procuram, das suas famílias e até mesmo de toda a sociedade.
Mas afinal, porque uma coluna de “Tecnologia & Educação” se propõe a tratar deste assunto? O motivo é porque se hoje temos acesso a uma série de facilidades, elas só existem graças a tecnologias que foram criadas por motivos muito específicos, como por exemplo a corrida espacial. O mais interessante é que mesmo quem nega que o homem tenha pisado na lua, não deixa de usar soluções criadas para este propósito, como as comunicações super-rápidas e os aplicativos de navegação por GPS. Dentre estes grupos já citamos alguns na edição passada, que são os “terraplanistas” e os do movimento “antivacinas”.

Para dar continuidade, hoje vou apresentar mais alguns assuntos que são evidenciados pela tecnologia, porém negados pelos que são impactados de uma forma ou outra. Um deste é o “Aquecimento Global”, porém antes de mais nada é necessário separar a questão política da ambiental. No âmbito político, é fato que todos os últimos presidentes e/ou ministros responsáveis quando estavam no poder negaram os números de desmatamento apresentados, porém, são os primeiros a acusar seus sucessores de negligência (hipocrisia total). Já na questão ambiental, é inegável que a temperatura média da terra esteja subindo rapidamente, principalmente neste último século, isso tudo medido com o auxílio de centenas de estações terrestres e também de satélites. Ah, terão aqueles que afirmarão que isso se deve a ciclos naturais do planeta. Pode até ser este um dos motivos, mas negar o aquecimento e suas consequências não tem como, é um fato.

Já na questão da saúde, no Brasil gasta se milhões de Reais anualmente do Sistema Único de Saúde (SUS) com as chamadas Práticas Integrativas e Complementares (PIC), como aromaterapia, reiki, florais de bach, dentre outros. Não haveria nada de errado em pacientes buscarem tratamentos complementares alternativos, mas, considerando o sempre deficitário orçamento do Ministério da Saúde, vocês leitores acham correto investir em tratamentos cientificamente não comprovados em detrimento a outros comprovados? E o que é muito pior, pacientes que realmente precisam de tratamentos “pesados” os abandonarem em favor destes “alternativos” sem evidencias comprovadas de eficácia. Ainda nesta área, temos outros exemplos de pseudociência por meio da difusão de medicamentos homeopáticos e/ou alternativos que além de não fazer bem, podem inclusive fazer muito mal.

Indo para a questão social, há quem use a pseudociência inclusive para argumentar sobre o “Racismo Científico” ou “Racismo Biológico”, vejam que para estes defensores há evidencias empíricas que justificariam a inferioridade ou superioridade de raças, tais quais como a craniometria e aspectos físicos, entre outros. Esta pseudociência já teve seu lugar de destaque entre o século XVII e final da primeira guerra mundial, mas infelizmente ainda hoje há que o defenda e até mesmo use da força física com tais argumentos, até mesmo para dizimar populações inteiras.

Novamente registro que a lista de assuntos considerados como pseudociência é enorme, e que se fossemos abordar todos certamente poderia ser editada uma enciclopédia inteira, e ainda, certamente eu “conquistaria alguns inimigos”. De qualquer forma, não há nenhum problema em acreditar um pouco, bem pouco, em algum tema considerado pseudociência e até mesmo místico, ou ainda do ramo do “obscurantismo”, o que é completamente reprovável é o abandono de teorias cientificamente comprovadas em favor do místico, como por exemplo, no tratamento de doenças e/ou outros males.

Sempre é bom relembrar, a mesma internet com seus canais de vídeos e blogs que tanto nos informam, quanto os SmartPhones com seus aplicativos de mídias sociais e mensageiros instantâneos que nos deixam a apenas um “clique” de distância de qualquer pessoa na terra, também podem ser utilizados para a disseminação destas falsas verdades. Fique atento! E tome muito cuidado com o que você consome na internet, especialmente se for de fontes não verificadas cientificamente.

Ah, claro, você pode acreditar que isso tudo é relativo a alguma teoria da conspiração e eu sou um “agente infiltrado” querendo te convencer do contrário. Pode ser! (risos).
Para quem quiser se aprofundar um pouco mais no assunto sugiro ouvir o PodCast do NerdCast nº 681 – Reprogramação Quântica de Mindset, com duração de 1h36min de 5 de julho de 2019, e também conferir a Revista Super Interessante edição 404 de Julho de 2019.

Pais/Educadores: Um bom tema para ser explorado em sala de aula é a diferença entre medicamentos placebos, homeopáticos, fitoterápicos e fármacos. Outro é sobre as consequências geradas pelo aquecimento global (acredite você ou não), e se os países desenvolvidos têm direito de criticar nossos desmatamentos? (Cuidado, este tema pode gerar muita polêmica).

Pode continuar acreditando nos seus “amuletos” mágicos, mas com moderação!

Leia outros textos desta coluna em http://bit.ly/fernandopitt