Suspeito confessa o crime

Depois da morte do menino ficaram alguns objetos da família no local. Eles estavam embaixo de uma árvore durante o almoço. - Foto: João Batista Coelho Júnior/Divulgação/Notisul.
Depois da morte do menino ficaram alguns objetos da família no local. Eles estavam embaixo de uma árvore durante o almoço. - Foto: João Batista Coelho Júnior/Divulgação/Notisul.

Silvana Lucas
Imbituba

Ao completar 14 dias da morte do menino Vitor Pinto, de 2 anos, em Imbituba, o suspeito de 23 anos confessou ontem o crime. Ele estava preso desde o dia 31 na Unidade Prisional Avançada (UPA).

O assassino somente assumiu a autoria do homicídio no terceiro interrogatório ao delegado Raphael Giordani, responsável pelo caso. Ele estava acompanhado por dois advogados.

“O rapaz alegou que degolou a vítima motivado por influências de uma religião. Também declarou que, segundo promessas de espíritos, se ele matasse uma criança poderia alcançar seus anseios profissionais e ser aceito perante a sociedade”, relatou Raphael.

O delegado informou que nos outros dois interrogatórios o suspeito negou ser o responsável pela morte do menino. A primeira vez ocorreu no dia 1º deste mês, quando ele estava sozinho. Na segunda oportunidade, acompanhado por representantes da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), falou pouco e negou novamente o crime.

“Hoje (ontem), ele falou cerca de 30 minutos e assumiu ter matado Vitor. Todo o interrogatório está gravado”, completa o delegado.

Raphael informou que ao mostrar as imagens com a chegada do acusado ao local do crime e o momento em que matou a criança, o investigado afirmou ser ele. Também confirmou que as roupas apreendidas são exatamente as mesmas que usou no dia do assassinato.

O inquérito policial deverá ser encerrado nos próximos dias e encaminhado ao poder judiciário do município, com o pedido de prisão preventiva do suspeito, que permanece na UPA.

A escolha pela criança
O delegado acrescentou que, durante o interrogatório, o rapaz foi questionado sobre os motivos de ter escolhido a criança como vítima. Ele alegou que são seres mais sensíveis e que a sociedade receberia a notícia com mais impacto e choque. Afirmou que não cometeu o crime por ele ser indígena. Disse que não houve nenhuma influência racial e finalizou ao dizer que quando matou o menino não estava lúcido.

A morte do menino
Vitor foi assassinado por volta das 12 horas do último dia 30, quando se alimentava no colo da mãe. Os dois estavam à sombra de uma árvore, próxima à rodoviária. O suspeito aproximou-se e cortou o pescoço do menino, que morreu na hora. O garoto era de uma família de índios kaingangues e vivia na aldeia Condá de Chapecó. Eles estavam na cidade para vender seus produtos artesanais.

O acusado
O assassino confesso, de 23 anos, é natural de Imbituba e foi o segundo suspeito preso pelo crime. O primeiro foi detido horas depois do homicídio e liberado por não corresponder às características do homem que aparecia nas imagens.

Protesto
Quando completou uma semana do crime no último dia 6, no mesmo horário e local do assassinato foi realizada em Imbituba uma manifestação em homenagem ao menino. Várias pessoas, entre religiosos, índios e moradores usaram um lenço vermelho amarrado no pescoço, onde a criança foi cortada. Faixas, cartazes e tintas coloriram a calçada da rodoviária para lembrar o sangue derramado. Em Chapecó, cidade de origem da família, cerca de 200 indígenas também protestaram.