Surge uma nova droga: o óxi

O óxi é inalado ou fumado, na lata ou cachimbo.
O óxi é inalado ou fumado, na lata ou cachimbo.

Mirna Graciela
Tubarão

Mesmo com as tentativas dos profissionais da saúde e da segurança de encontrarem soluções eficientes para combater o tráfico e tratar usuários de entorpecentes, uma droga ainda mais devastadora começa a se espalhar: o óxi. Mais poderosa que o crack, pode matar uma pessoa em menos de um ano de consumo.

Ainda desconhecido pela maioria da população, o óxi é inalado ou fumado, assim como o crack, na lata ou no cachimbo. Como no crack, o princípio ativo do óxi é a pasta base da folha de coca. Enquanto o crack é obtido a partir da mistura e queima da pasta base com bicarbonato de sódio e amoníaco, no óxi são utilizados cal virgem e combustível, como querosene, gasolina e até álcool de bateria – substâncias que baixam o custo do entorpecente. As três drogas – cocaína, crack e óxi – possuem o mesmo princípio ativo e um efeito parecido, que é a aceleração do metabolismo. A maior diferença na aparência entre as duas drogas é a cor mais amarelada do óxi, enquanto a pedra do crack é mais clara.

Para o delegado Cláudio Monteiro, que coordena a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), na capital, é lamentável o desenvolvimento de mais um novo tipo de substância, com mais perigo à saúde e segurança da população. “O ser humano tem uma capacidade incrível de se autodestruir e consegue criar mais um veneno para se matar aos poucos”, indigna-se o delegado.

Aonde o óxi já circula
O óxi é produzido na Bolívia e no Peru. Entrou no Brasil em 2005 pelo interior do Acre. Em pouco tempo, chegou a Rio Branco, onde há um número elevado de usuários, e espalhou-se para outras capitais da região norte, como Manaus (AM), Belém (PA), Macapá (AP) e Porto Velho (RO). Nos últimos meses, houve apreensões e registros de usuários em Goiás, Distrito Federal, Pernambuco, Mato Grosso do Sul e Piauí – onde foram confirmadas 18 mortes só neste ano por conta do uso do óxi.

A secretaria nacional de políticas sobre drogas (Senad), informou que pesquisadores do órgão registraram a circulação da droga em Santos (SP). Na capital, não há registros de usuários de óxi no SUS. “Não temos notícias de apreensão em Santa Catarina. Mas, se houver demanda, com certeza será comercializada. Não escolhemos o tipo, se há a informação vamos trabalhar em cima para reprimir. Será difícil controlar a sua entrada”, informou o delegado Cláudio Monteiro, que coordena a Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic). Segundo o departamento de investigações sobre narcóticos (Denarc) da Polícia Civil, o óxi já pode ter sido apreendido, mas não foi diferenciado em razão de sua semelhança com o crack.

Efeitos e danos ao organismo
Os componentes do óxi são corrosivos e altamente danosos ao organismo. A droga inalada chega ao cérebro entre sete e nove segundos apenas, e acelera o metabolismo do usuário, o que causa sensações de euforia, depressão, medo e paranoia. Diferente da cocaína, os efeitos duram pouco tempo, no máximo dez minutos. Essas circunstâncias obrigam o drogado a inalar o óxi repetidamente para manter o “barato”, o que aumenta as agressões ao organismo.

O que torna o óxi mais letal que o crack é, em primeiro lugar, os componentes adicionais – cal e combustível – e, em segundo, a quantidade do princípio ativo da cocaína, que no óxi é de 60% do composto, um pouco superior ao encontrado no crack. São substâncias com alta toxicidade, que causam dificuldades na respiração, fibroses e endurecimento do pulmão. Afetam o sistema cardiorrespiratório e promovem uma vasoconstrição muito intensa. Muitos usuários têm perda de consciência, o que leva a uma parada cardíaca e ao coma.