Tubarão
A solicitação de apoio ao governo estadual para produção de vídeos em língua brasileira de sinais (libras), a fim de atender as necessidades dos surdos no processo de retirada da Carteira Nacional de Habilitação (CNH), foi o encaminhamento proposto em reunião técnica realizada no Palácio Barriga Verde.
O encontro foi promovido pela comissão de defesa dos direitos da pessoa com deficiência da assembleia, e reuniu representantes de associações de surdos, do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), da Fundação Catarinense de Educação Especial, do Conselho Estadual dos Direitos da Pessoa com Deficiência e da Associação Catarinense de Tradutores e Intérpretes de Língua de Sinais, entre outras entidades.
A proposta é que sejam produzidos vídeos adaptados em linguagem de sinais, tanto como materiais para formação de condutores quanto para prova teórica a ser aplicada pelo Detran. Primeiramente, a implantação deste sistema diferenciado será feita em Joinville, onde uma iniciativa da câmara de vereadores, neste sentido, já ocorre e Florianópolis. Depois serão beneficiadas todas as outras regiões do estado.
Segundo a gerente de habilitação de condutores do Detran, delegada Cláudia Regina Bernardi da Silva, o órgão estadual não possui um intérprete de libras em seu quadro de funcionários. Em decorrência disso, muitos surdos encontram dificuldades quando se candidatam a retirar a carteira de habilitação, pois não há uma ferramenta adequada para fazer a avaliação, especialmente a teórica.
O exemplo de Joinville
Na maior cidade do norte catarinense, Joinville, o problema enfrentado pelas pessoas surdas quando tentam obter a CNH foi identificado a partir do contato com alunos do curso gratuito de libras promovido pela Escola do Legislativo da câmara e vereadores.
Além do Detran não ter uma prova específica para os surdos, as autoescolas também têm dificuldades de encontrar intérpretes que possam lecionar o curso de formação.
Diante deste contexto, a Escola do Legislativo passou a oferecer, desde setembro deste ano, um curso de apoio todo ministrado em libras. O conteúdo é o mesmo oferecido pelas autoescolas. No mês passado, um teste semelhante ao do Detran foi aplicado aos 57 alunos do curso.
Das pessoas surdas que participaram da prova, todas, sem exceção, foram melhor no teste feito em libras. O grande problema para estes alunos não é desconhecimento do conteúdo, mas de interpretação da questão que, quando aplicada em libras, torna-se mais fácil para eles.
É a partir desta iniciativa que a assembleia pretende formular, primeiramente, um curso modelo para ser trabalho nas duas maiores regiões do estado, Joinville e Florianópolis.
