Sobrevoo registra 42 baleias-francas entre SC e o RS

Por meio de um monitoramento aéreo realizado nos dias 17 e 18 deste mês no litoral de Santa Catarina e Rio Grande do Sul foram avistadas 42 baleias-francas. Destas, 20 eram mães acompanhadas de seus filhotes e duas adultas estavam sozinhas.

Esse foi o principal sobrevoo de monitoramento da Temporada 2020, já que setembro é o auge do período reprodutivo das baleias-francas, quando um maior número é registrado no Litoral Sul do Brasil. O próximo sobrevoo está previsto para novembro, no fim da temporada.

A maior concentração foi observada em Laguna, com 24 baleias, seguido de Mostardas (RS), com 10 baleias, Jaguaruna, com seis baleias e Capão da Canoa (RS), duas baleias. Também foram avistados grupos de toninhas (Pontoporia blainvillei), pinípedes (lobos e leões marinhos) e golfinhos nariz-de-garrafa (Tursiops truncatus).

ProFRANCA
Intitulado expedição ProFRANCA, este sobrevoo foi uma ação conjunta do Programa de Monitoramento das Baleias-francas da SCPAR Porto de Imbituba (SC) e do Projeto Franca Austral, realizado pelo Instituto Australis, com patrocínio Petrobras. Além do tradicional monitoramento que abrange a região da Área de Proteção Ambiental (APA) da Baleia Franca, entre Torres (RS) e Florianópolis (SC), o percurso foi estendido e iniciou no município de Santa Vitória do Palmar, extremo sul gaúcho, percorrendo cerca de mil quilômetros de costa até a cidade de Penha no Litoral norte de Santa Catarina.

Dentro da área regularmente sobrevoada em anos anteriores, entre Florianópolis (SC) e Torres (RS), foram avistadas 30 baleias, sendo 15 mães acompanhadas de filhotes, um número menor que o observado em setembro do ano passado, quando foram avistadas 52 baleias no mesmo trecho.

Segundo a diretora de Pesquisa do ProFRANCA, Karina Groch, o baixo número de baleias foi uma surpresa, pois este ano elas chegaram na região mais cedo, o que em geral é um indicativo de um número maior de baleias virem se reproduzir no litoral do Brasil. “Além disso, estamos tendo um ano muito atípico em termos de distribuição das baleias, com ocorrência mais ao Sul. E temos feito contato com os pesquisadores que atuam nas outras áreas de concentração de baleias-franca no Hemisfério Sul, que também estão registrando números menores do que em 2019″.

Vários fatores podem influenciar no número de baleias avistadas neste ano
A equipe de monitoramento aéreo, formada por um a dois observadores e um fotógrafo, faz o censo e o registro da localização das baleias-francas, além de fotografá-las. As fotos serão utilizadas na identificação dos indivíduos adultos, possível através de calosidades que cada animal possui sobre a cabeça, únicas para cada baleia-franca, como se fosse uma impressão digital.

Para os pesquisadores que participaram do sobrevoo, diversos fatores podem influenciar no número de baleias em áreas reprodutivas avistadas neste ano. “A variação pode estar atrelada a fatores como a disponibilidade de alimento antes da migração e a reprodução desses animais na Argentina, que é uma área mais próxima às zonas de alimentação, localizadas na Antártica”, afirma Gilberto Ougo, oceanógrafo da empresa Acquaplan que integrou a equipe da expedição.

Monitoramentos
Um monitoramento sistemático a partir de terra está sendo realizado pelo projeto ProFRANCA ao longo de 15 pontos fixos na região da APA da Baleia Franca. A metodologia empregada dá continuidade aos estudos de longo prazo realizados pelo Instituto Australis, para avaliar a abundância, o padrão de distribuição, a sazonalidade e o comportamento das baleias-francas.

Na região do Porto de Imbituba, o Programa de Monitoramento integra o Plano de Controle Ambiental (PCA) da SCPAR Porto de Imbituba, Autoridade Portuária. Realizado há 12 anos, o trabalho abrange duas metodologias: monitoramento aéreo e terrestre. Por terra, a observação ocorre em pontos fixos nas enseadas das praias do Porto e da Ribanceira, entre os meses de julho e novembro, e é executado pela empresa Acquaplan Tecnologia e Consultoria Ambiental e o Instituto Australis.

O monitoramento da frequência dos cetáceos na região possibilita que o porto estabeleça controles operacionais voltados à conservação da espécie. “As informações coletadas ao longo da temporada permitem analisar a frequência de uso e comportamento das baleias, a fim de garantir a segurança e a conservação da espécie em harmonia com as operações portuárias”, avalia Camila Amorim, oceanógrafa e gerente de Saúde, Segurança e Meio Ambiente da SCPAR Porto de Imbituba.

As baleias-francas
A baleia-franca é uma espécie ainda ameaçada de extinção no Brasil, e conta com uma população estimada em 500 indivíduos e uma taxa de crescimento de 4% ao ano. Os números são resultado de uma tese de doutorado apresentada este ano, contemplando a uma análise de 15 anos de dados dos sobrevoos de monitoramento da espécie. A realização e continuidade deste monitoramento sistemático de longo prazo é fundamental para acompanhar a recuperação populacional da espécie no sul do Brasil.

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