Situação financeira desencoraja vítimas

Tubarão

Em silêncio durante o primeiro interrogatório à Polícia Civil, o comerciante de 40 anos gravado em um vídeo de agressão contra uma criança, que viralizou nas redes sociais na última semana e repercutiu nacionalmente, confirmou a veracidade das imagens horas depois. O caso acende o alerta sobre o tema da violência doméstica, conforme a delegada Vivian Garcia Selig, da Delegacia da Criança, do Adolescente e de Proteção à Mulher e ao Idoso (Dpcapmi), em Tubarão.

Segundo Vivian, a delegacia especializada recebe denúncias semanalmente de crimes contra a mulher e crianças, muita vezes de vizinhos e amigos, mas, devido ao medo, já ocorreram ocasiões nas quais o agressor saiu impune. “Se a vítima não quer auxiliar nas investigações, ficamos em uma dificuldade muito grande de reunir provas”, observa.

O perfil das vítimas é de mulheres de origem humilde e com muitos filhos. Neste caso, o criminoso tira proveito do poder econômico para desencorajar as denúncias. Aberta 24 horas, as vítimas podem procurar, em Tubarão, a delegacia especializada que fica na mesma rua do Detran, próxima ao Angeloni. O horário do expediente é do meio-dia às 19 horas, e atende em escala de plantão.

Segundo pesquisas, no Brasil, dez mulheres morrem por dia vítimas de violência doméstica. Em 70% das ocorrências, o agressor é o próprio companheiro ou o ex-marido. Quase sempre o argumento é o mesmo: a não aceitação do fim de um relacionamento.

De acordo com a delegada, o vídeo do agressor foi gravado pela mãe da vítima, uma criança de 3 anos que está em medida protetiva. A Polícia Civil de Imbituba, onde o casal morava no momento das agressões, segue em busca de novas provas com pessoas que conheciam a família. No momento, como não houve à época registro de queixa por parte da mulher, ficou mais difícil de a polícia manter a prisão do suspeito.