“Saímos de casa sem saber se voltaremos”

Alexandre ama o que faz. O seu excelente desempenho já lhe rendeu homenagens, como o recebimento de troféus e certificados de destaque
Alexandre ama o que faz. O seu excelente desempenho já lhe rendeu homenagens, como o recebimento de troféus e certificados de destaque

 

Mirna Graciela
Braço do Norte
 
Quem trabalha com profissões arriscadas, a exemplo dos policiais, possui um nível de estresse mais elevado. Para promover o bem estar a este profissional, o serviço de assessoria psicológica (SAP) da Polícia Civil, por meio do setor de gestão de pessoas, desenvolveu o programa de gerenciamento de estresse.
 
As inscrições estão abertas. Quem tiver interesse, deve confirmar a participação por meio do site www.policiacivil.sc.gov.br. O programa ocorrerá em Florianópolis (confira no quadro abaixo). O objetivo é desenvolver o autoconhecimento sobre a vida laboral e o desenvolvimento interpessoal, como formas de enfrentar as situações diárias causadoras de estresse. 
 
Para o chefe do setor de investigação da Polícia Civil de Braço do Norte, Alexandre Martimiano, o estresse realmente é grande entre os profissionais. “Este tipo de conteúdo pode até ajudar o policial, mas a realidade é muito dura”, destaca.
 
Segundo ele, para trabalhar diariamente com, muitas vezes hediondos, como estupros e assassinatos, é preciso ter um senso psicológico muito grande. “O que esperamos é um maior reconhecimento do governo. Afinal, estamos sempre em risco. Saímos de casa sem saber se voltaremos”, lamenta Alexandre. 
 
Conforme o investigador, isto também provoca um esgotamento físico e mental. “Os baixos salários nos deixam infelizes. O governo não tem dado as promoções que temos direito por lei. Isto desmotiva. A remuneração em Santa Catarina é uma das piores do Brasil. Quando chega no fim do mês, o descontentamento e a ansiedade e ficam ainda maiores”, queixa-se.
 
Uma das profissões com maior índice de divórcio
O chefe do setor de investigação da Polícia Civil de Braço do Norte, Alexandre Martimiano, ressalta que, apesar de todo o descontentamento sobre os baixos salários e o estresse diário, ele escolheu esta profissão e adora o que faz, a exemplo de muitos de seus colegas. O policial já recebeu várias homenagens pelo seu trabalho, inclusive convites para trabalhar em outras regiões. 
Outra questão levantada e que exige um ‘jogo de cintura’ são as ameaças. “Já me mandaram recados dos mais variados. Até que iriam sequestrar alguém da minha família. Isto gera ainda mais estresse. Mas não tenho medo. Esta é a minha profissão e me preparei para isto”, considera Alexandre. 
Uma das atividades que possuem o maior índice de divórcio, conforme Martimiano, é a do policial. Além da preocupação dos parentes, a rotina é inusitada. “Muitas vezes você está com a família e tem que largar tudo”, pontua o investigador.
 
Na PM, 4% da tropa foi afastada por doenças
O problema de estresse estende-se aos outros profissionais que atuam na área da segurança pública. Em Santa Catarina, fatos decorrentes desta doença vieram à tona por meio de atitudes dos profissionais. 
Conforme dados do ano passado, na Polícia Militar, 432 são afastados ao ano por problemas de saúde, causados pelo estresse. Isso representa 4% da tropa. O índice é preocupante, mas considerado baixo, segundo especialistas. Na Polícia Civil, dos 3.274 integrantes na ativa, 33 largaram as atividades por doenças.
A necessidade de apoio psicológico é essencial para os que trabalham com crimes sexuais. No estado, há casos de policiais que sofreram abalos ao atuar em operações que envolveram a pedofilia, por exemplo.
 
Confira os horários e local do curso 
O programa de gerenciamento de estresse da Polícia Civil, abordará temas como estresse laboral, formas de enfrentá-lo, sofrimento e prazer no trabalho policial, relacionamento interpessoal no trabalho e qualidade de vida, entre outros pontos. O curso será ministrado em cinco módulos.
 
Confira as datas e local:
Datas: 16, 23 e 30 deste mês.
             6 e 13 de setembro.
Horário: das 9 às 18 horas, com intervalo para almoço.
Local: Serviço de Assessoria Psicológica (SAP) – Avenida Santos Saraiva, 2209 – Capoeiras, anexo à 3ª DPCAP, em Florianópolis.