Morre no hospital uma das vítimas baleadas em Imaruí

Uma das vítimas do dupla tentativa de homicídio, que chocou a comunidade da praia do Lessa no último dia 20, não resistiu aos ferimentos e morreu pouco depois da 7h da manhã desta quinta-feira, 28.

O homem, de nome José Carlos, de 60 anos, estava internado na Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Nossa Senhora da Conceição, desde o dia em que foi baleado. A esposa, que também foi alvejada, saiu da UTI esta semana e ainda está em processo de recuperação.

O crime aconteceu por causa de um desentendimento comercial, um desacordo com relação à venda de um terreno que acabou em discussão e com um casal baleado dentro da própria casa.

O delegado titular da Delegacia de Imaruí, Raphael Rampinelli, informou à reportagem do Portal AHora, sobre o óbito ainda na manhã desta quinta.

O autor dos disparos que se apresentou à Delegacia na semana passada para depor, após “escapar do flagrante”, está foragido.

“Lamentamos a morte de uma das vítimas e agora o inquérito muda de direção; com a morte desse senhor, o caso passa a ser investigado como homicídio consumado e tentativa de homicídio”, declarou Rampinelli.

A dupla tentativa de homicídio foi registrada no final da tarde, início da noite da quarta-feira, 20 de março, na praia do Lessa, em Imaruí, e as vítimas foram encaminhadas em estado grave para a Unidade de Tratamento Intensivo do Hospital Nossa Senhora da Conceição (HNSC), em Tubarão.

A mulher, de 52 anos, deixou a UTI na terça-feira (26), um dia antes do crime completar uma semana. O delegado Rampinelli esperava poder colher o depoimento dela nesta quarta-feira, mas a vítima ainda se encontrava muito fraca e a oitiva acabou não acontecendo.

E.N.V.N, de 30 anos, apresentou-se à Delegacia de Polícia de Imaruí, acompanhado de seu advogado, no final da tarde da última quinta-feira, 21 de março.

No início da noite do dia 20, ele, acompanhado de J.S.S., de 31 anos, foi até a residência do casal, armado com uma pistola 380, e, após acirrada discussão, puxou da arma e disparou diversas vezes contra os dois que caíram no corredor da própria casa ao serem alvejados.

E.N.V.N., morador do bairro Arroio, de Imbituba, e o homem que o acompanhava fugiram do local, um no carro em que vieram e outro em uma motocicleta que no depoimento ficou esclarecido que havia sido usada como parte do pagamento do terreno, que o casal se recusou a devolver e que era de propriedade do autor da tentativa de homicídio.

Essa versão, declarou Rampinelli, só veio ao conhecimento da polícia durante o depoimento prestado pelo autor dos disparos.

Outra circunstância destacada no depoimento diz respeito ao outro suspeito do crime, J.S.S. 

E.N.V.N. disse ao delegado que no dia do crime passou pelo bairro Nova Brasília e convidou o conhecido para ir até a residência do casal “para buscar a moto que era de sua propriedade”. Segundo o depoente, J.S.S. não tinha maiores detalhes sobre o que estava acontecendo, achando se tratar de “algo simples”.

Ele disse que no dia da ocorrência encontrou o amigo no bairro Nova Brasília e o convidou para acompanhá-lo até a residência do casal; ele queria desfazer o negócio, a compra de um terreno, e queria a motocicleta usada na transação de volta porque o terreno comprado não tinha viabilidade de construção e não estava no nome do homem, uma das vítimas, que acabou falecendo em decorrência dos ferimentos.

O suspeito declarou também que após a negativa do dono do terreno em devolver a motocicleta, iniciou-se uma acalorada discussão e durante o bate-boca ele foi ameaçado com uma faca serrilhada. Foi então que pegou a pistola, calibre 380, e disparou diversas vezes contra o casal. Em seguida, os dois suspeitos saíram do local, um deles no automóvel que vieram e o outro à bordo da motocicleta, fugindo para destino ignorado.

Cena do crime

Quando a Polícia Militar chegou ao local, já na noite do dia 20, encontrou o casal alvejado caído em um dos corredores da casa. A mulher falava a todo momento aos policiais o nome da pessoa que havia atirado contra eles. Foram recolhidas na cena do crime 6 cápsulas e 3 projéteis da arma.

Sob os comandos do major Daniel Nunes, comandante da Guarnição Especial de Imbituba, e do delegado Rampinelli, as polícias Militar e Civil então se deslocaram até o bairro Arroio, dirigindo-se à casa de E.N.V.N. e foram recebidos pela sua esposa. Na casa, os policiais apreenderam uma maleta com o kit da pistola calibre 380 contendo dois carregadores e vinte e uma munições intactas, também de calibre 380, uma espingarda calibre 12 e os registros das armas. A pistola usada na tentativa de homicídio não estava no estojo. A arma do crime ainda não foi entregue à Polícia, apesar de que, em seu depoimento, o autor dos disparos disse que a entregaria por intermédio de seu advogado.

Mandados de prisão

A prisão preventiva dos suspeitos, pedida pelo delegado Raphael Rampinelli na quinta-feira, dia posterior ao crime, foi autorizada pela Justiça na terça-feira (26). De posse dos mandados de prisão, os policiais da DPCo de Imaruí se deslocaram durante a noite de terça e madrugada desta quarta-feira (27) aos endereços dos dois suspeitos para efetuarem as suas prisões. Eles não foram encontrados e passam a ser considerados foragidos da Justiça. Eles continuam foragidos.