Diretor do CIP pede mais preparo para os monitores

Maycon Vianna
Tubarão

Terceira fuga consecutiva em menos de dois meses. O saldo da insegurança do Centro de Internamento Provisório (CIP) é negativo. O diretor da instituição, Vasco Francisco da Silva, constata o problema e afirma que o local está mais seguro, com câmeras, alarmes, cercas de arame e vigia de um policial militar 24 horas. “O problema está no confronto direto entre os monitores e os adolescentes. Imagine 17 pessoas rebeladas contra apenas duas. É humanamente impossível controlar um levante. Mas, em uma fuga, se precisar, vou até o inferno para recapturá-los”, enfatiza Vasco.

Segundo o diretor do CIP, os adolescentes conhecem as ‘manhas’ do crime, pois já envolveram-se em atos graves, até mesmo homicídio. “É fácil um jovem manipular o outro, por exemplo, e ensinar como render um monitor com um objeto pontiagudo. Está bem complicado. Falta preparo”, lamenta.

Na noite de terça-feira, por volta das 22 horas, cinco adolescentes fugiram do CIP. Quatro deles foram recapturados. Os dois primeiros, de 13 e 16 anos, foram apreendidos pela PM às 7 horas de ontem, no bairro São Bernardo. Os outros dois, de 17 e 18, foram detidos pelos policiais civis no Morro do Bem Bom, bairro São João, no início da tarde de ontem.

“Os investigadores receberam denúncias anônimas de populares e foram até o local designado. Eles tentaram cruzar o Morro do Bem Bom pela parte de trás, em um matagal e, na correria, os policiais civis agiram com precisão e apreenderam os foragidos”, relata o delegado Marcos Ghizoni, da Polícia Civil de Tubarão.
O quinto jovem foragido, de 17 anos, ainda não foi encontrado.

Vizinhos estão preocupados
com a segurança do CIP

O excesso de fugas do CIP tem deixado preocupados os moradores das redondezas do CIP, no bairro São João margem esquerda. Eles reclamam da insegurança e pedem providências. “Isso não pode ocorrer. São fatos que ocorrem com frequência. Os vizinhos estão apreensivos”, desabafa a dona de casa Maria Cleide Silva.
Para o aposentado Marco Aurélio Souza, que mora a poucos metros do CIP, os moradores podem tornar-se reféns dos infratores. “Pode ocorrer até algum tipo de tragédia. Na fúria dos adolescentes, eles podem cometer loucuras”, relata.

O diretor do CIP, Vasco Francisco da Silva, afirma que uma das formas de combater a violência interna no Centro de Internamento Provisória (CIP) é preparar melhor os monitores para que não sejam surpreendidos. “Talvez equipar os agentes educacionais com cacetetes ou gás de pimenta seja uma forma de coibir as tentativas de fugas”, avalia.

Deve ser agendada para a próxima semana uma reunião entre a direção do CIP, um representante do comando do 5º Batalhão da Polícia Militar de Tubarão e a juíza Brigitte Remor de Souza May. A intenção é buscar uma alternativa para evitar fugas.