Agressão no presídio: Detentos são transferidos

Rafael Andrade
Tubarão

A agressão a dois detentos no Presídio Regional de Tubarão, na última sexta-feira, ganhou repercussão nacional e mobilização da sociedade, que cobra uma resposta. A chefe de segurança da unidade prisional, Carlos Augusto Macedo Mota, flagrado em um vídeo batendo nos presos, está isolado em casa, em Laguna, com a família.
Os detentos agredidos foram submetidos a exames de corpo de delito e transferidos de volta para Criciúma, por questões de segurança.

“Os próprios diretores do Departamento de Administração Prisional (Deap) sugeriram que ele ficasse um período em casa”, informa o diretor do presídio, Décio Paquelin. “Ele será um dos últimos a serem ouvidos. Estaremos em Tubarão na próxima segunda-feira para apurar mais fatos sobre ocorrido. Com o desenrolar dos depoimentos que iremos tomar, muitas surpresas podem aparecer sobre o caso”, avalia Cleto Navagio, corregedor do Deap.

O agente Carlos Augusto foi flagrado por uma câmera escondida na transferência de 16 presos que chegavam da Penitenciária Sul, de Criciúma. O acusado desferiu palavras de baixo calão aos detentos ainda no camburão, pegou um deles pelo cabelo e o arrastou junto com outro para a sala de triagem do presídio. Lá, foram desferidos cotoveladas, chutes e socos nos dois homens.

A dupla cumpre pena por tráfico de drogas e roubos. “O que me chamou a atenção é que não houve denúncia por parte das vítimas. Fiquei sabendo somente quando o caso foi divulgado, terça-feira. Mas foi um fato isolado aqui (no presídio) e não tolero este tipo de comportamento ou atitude”, reitera Paquelin.

Conduta de PMs será avaliada

O presidente da Comissão Estadual de Assuntos Prisionais, João Moacir, destaca que um procedimento será aberto pela Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Santa Catarina sobre a não interferência dos policiais militares que assistiram as cenas. “No mínimo, tinha que haver uma intervenção pelos PMs. O correto seria dar voz de prisão ao agente penitenciário Carlos Augusto, levá-lo à Central de Polícia e abrir inquérito por lesão corporal ou força excessiva da função”, informa João.

Um procedimento administrativo também deverá ser iniciado pela corregedoria da PM estadual para avaliar a conduta dos militares diante das agressões. “Vamos participar de uma reunião com o comandante do 5º Batalhão, Ângelo Bertoncini, na próxima segunda-feira, para avaliar quais os procedimentos serão tomados em relação ao caso”, frisa a presidenta da OAB tubaronense, Silvana Zardo.