Sair do WhatsApp não irá aumentar sua privacidade na internet

Com a publicação da nova política de privacidade do mensageiro mais utilizado no Brasil, muitas pessoas têm buscado alternativas ao WhatsApp. Isso porque, a partir de 08 de Fevereiro de 2021 para continuar utilizando o aplicativo, é necessário concordar com os novos termos que preveem o compartilhamento dos seus dados com o Facebook.

O Facebook adquiriu o mensageiro em 2014, e desde então tem mantido ele gratuito tanto para uso pessoal quanto profissional, mas isso tem um custo elevadíssimo, e agora este valor será cobrado. Não de forma direta, mas sim, com o compartilhamento dos seus dados.

Quando se fala em dados, a princípio não são os conteúdos das suas mensagens pois esses continuam com criptografia ponta a ponta, mas sim, seu número de telefone, sua localização, seus contatos, tipo de aparelho utilizado, além de outras informações. E como já se sabe há muito tempo, quando o serviço é de “graça”, o produto é “você”.
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• Dados fornecidos por terceiros sobre você. Recebemos dados de outros usuários sobre você. Por exemplo, quando outros usuários que você conhece utilizam nossos Serviços, eles podem fornecer seu número de telefone, nome e outros dados (como os que estão na agenda de contatos do celular deles), assim como os números desses usuários podem vir de seus contatos. Eles também podem enviar mensagens para você, para os grupos dos quais você participa ou ligar para você. Exigimos que cada um desses usuários tenha autorização legal para coletar, usar e compartilhar seus dados antes de fornecê-los para nós.

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• Dados sobre conexões e dispositivos. Coletamos dados específicos sobre conexões e dispositivos quando você instala, acessa ou usa nossos Serviços. Essa coleta inclui dados como modelo de hardware, informações do sistema operacional, nível da bateria, força do sinal, versão do aplicativo, informações do navegador, rede móvel, informações de conexão como número de telefone, operadora de celular ou provedor de serviços de internet, idioma e fuso horário, endereço IP, informações de operações do dispositivo e identificadores (inclusive identificadores exclusivos para Produtos das Empresas do Facebook associados ao mesmo dispositivo ou conta).

Fonte:  Política de Privacidade do WhatsApp (Última alteração: 4 de janeiro de 2021 (versões arquivadas))

 

Porque continuar com o WhatsApp

Em virtude dessa exigência, muitas pessoas passaram a cogitar deixar o mensageiro e passar utilizar outras alternativas ao WhatsApp. Elas existem e na sua maioria atendem perfeitamente as nossas necessidades. Contudo, é preciso dizer que sair do WhatsApp não irá lhe proteger de ser rastreado pelo Facebook, Google ou outros serviços.

Ou seja, mesmo sem utilizar o mensageiro você continuará sendo rastreado, e ainda, perderá o principal canal de comunicação. Ficará privado de conversar só com seus amigos e familiares, além de lojas, restaurantes, escolas e tantos outros serviços que só crescem e são disponibilizados pela plataforma.

Para efeitos de comparação: enquanto o WhatsApp está presente em aproximadamente 99% dos SmartPhones Brasileiros, o Telegram que é seu principal “concorrente” está somente em 35%.

Ou seja, com uma falsa impressão de privacidade nas redes, deixará de falar com a grande maioria dos seus contatos, e mesmo assim, continuará sendo rastreado.
Alternativas ao WhatsApp

Eu particularmente defendo o uso de outros aplicativos de comunicação, não com a falsa sensação de proteção e privacidade, mas sim, pelos serviços que eles oferecem. Dentre esses, destaco alguns a seguir:

• Telegram – Sem sombra de dúvidas o melhor mensageiro instantâneo que existe. Pois além dos bate papos de texto, áudio e vídeo, permite ainda chat por voz entre os participantes de um determinado grupo, envio de mensagens que se autodestroem no tempo determinado (chat secreto) e ainda o agendamento do envio de mensagens.

Quanto a privacidade, ele é uma das melhores alternativas para participar de grupos sem revelar seu telefone, apenas “@nomedosusuário”. E por falar em grupo, ele permite a criação de grupos com até 200.000 membros. Sem contar os inúmeros serviços disponibilizados pelos robôs do Telegram.

Na minha opinião, esse é um aplicativo para se utilizar junto com o WhatsApp, mas infelizmente com uma base de só 35% de usuários no Brasil, suas comunicações ficarão comprometidas.

• Skype – O Skype foi um dos primeiros aplicativos de comunicação com voz e chat, e mais recentemente com vídeos também. Foi Lançado em 2003 e adquirido pela Microsoft em 2011 e está presente no mundo todo. Mas, da mesma que os outros mensageiros, sua base de usuários é bem limitada e direcionada. Uma grande vantagem do Skype é que com ele, a partir da contratação de um plano ou créditos avulsos, é possível também ligar para telefones fixos e celulares do mundo todo.

• Signal – O Singal é considerado um dos melhores mensageiros no que se refere a privacidade. Tanto que, a Comissão Europeia recomenda o mesmo para a troca de mensagens públicas entre os parlamentares do bloco. Mas se o Telegram e o Skype já não tem muitos usuários, imagine o Signal aqui no Brasil. É bem provável que se você baixá-lo, talvez tenha menos de “meia dúzia” de contatos ativos que o utilizam.

Você pode estar se perguntando: e o messenger e o Direct do instagram também não são mensageiros? Sim, são, mas também de propriedade do Facebook. O que em tese, também coletam os dados dos seus usuários.

 

Privacidade na Rede

Uma vez que praticamente todos os sites tem elementos de coleta de informação dos seus visitantes com propósitos de publicidade, e agora inclusive nossos meta dados serão coletados durante nossas conversas, simplesmente sair da rede não vai nos livrar de termos nossas “pegadas digitais” coletadas e tratadas.

Mas se sair do WhatsApp não garante a privacidade, oque pode ser feito então?
Antes de responder a esta questão, vamos dividir a “privacidade” em dois tópicos. A privacidade “pública” e a que só os algoritmos sabem. Muita gente se preocupa muito com a segunda, mas negligencia totalmente a primeira situação.

Para ficar mais claro. Os dados que o facebook e google coletam, por exemplo, são utilizado para direcionar suas publicidades. Contudo, muitos ficam indignados com a coleta de dados para fins de direcionamento de publicidades, mas continuam publicando em tempo real onde estão, com quem estão, o que estão fazendo, e até mesmo em alguns casos, momentos mais íntimos.

De fato precisamos legislações mais específicas que proíbam a coleta dos nossos dados e que os mesmos sejam utilizados ou repassados sem nossa permissão, mas também, precisamos ter mais cuidado com o que publicamos.

De qualquer forma, uma das formas para diminuir um pouco o que as redes sabem sobre nós, podemos apagar de nossos celulares praticamente todos os aplicativos que nos ajudam muito no dia a dia. Só navegar na internet utilizando “abas anônimas”, e nunca postar nada. Será que você consegue?

Dica de Filmes
Infelizmente o mesmo algoritmo utilizado para direcionar publicidade, também pode ser utilizado para publicações dirigidas e desta forma, inclusive mudar o rumo de uma nação. Temos como fugir? Praticamente não! Tem realmente como nos protegermos? Muito difícil. Para entender um pouco mais o mundo em que estamos vivendo, recomendo a todos dois filmes no NETFLIX na seguinte ordem:
• O Dilema das Redes – Documentário de 2020 com 1h 34m
• Privacidade Hackeada – Documentário de 2019 com ‧ 2h 19m

E você o que acha disso? Está ciente de que “eles” sabem mais de nós do que nós mesmos? Se preferir, assista o comentário deste texto diretamente no Youtube: https://youtu.be/A0BCIKH0b7Q