Religiosidade – arma contra a violência (1)

Vivemos momentos muito preocupantes com relação à insegurança que toma conta do nosso dia-a-dia. Antes, somente os grandes centros eram manchetes de altos índices de criminalidade. Parecia que este problema estava longe de nós, porém, aos poucos, quase que imperceptivelmente, os crimes de assaltos à mão armada e os homicídios foram tornando-se rotina e fazem parte do cotidiano das pequenas e médias cidades.

Tão importante como o combate é conhecer a causa dessa violência. Não conseguiremos estancar a escalada do crime se não for identificado e combatido o agente causador na origem. Isto torna a missão ainda mais difícil, pois não existe uma única causa, e sim um somatório de fatores que levam muitos agentes a praticar tais crimes.
Seguramente os agentes causais levam a desestruturação familiar pela perda de valores morais e éticos tornando a falta de dignidade o passaporte para o mundo do crime. É uma questão de tempo.

Este processo teve início com a industrialização do país e o aumento da migração campo/cidade. Os pequenos agricultores, sem perspectivas de renda – a renda rural é, em média, um terço da renda urbana – começaram a buscar alternativas na cidade. Sem recursos suficientes para morar, vestir e comer dignamente, começou a formar os bolsões de pobreza que passaram a ser denominadas de favelas. Sem a instrução e formação necessárias para competir por melhores empregos, passaram a viver das migalhas que o subemprego lhes dava. Constituíram famílias sem os meios de prover-lhes as necessidades básicas de todo cidadão.

Na época do Império e durante bom tempo na república, ao homem, elemento masculino, era dada a responsabilidade de viabilizar os meios para o sustento da família. A mulher era a responsável pela educação dos filhos, diretamente ou pela intermediação da vontade do pai. Com a necessidade de ajudar na busca de renda. Ela ingressou no mercado de trabalho e as crianças ficaram sem a orientação, o cuidado, o ensinamento e a vigilância necessária para que não fossem desvirtuadas na sua formação.

Paralelamente, os maus exemplos da grande maioria das classes econômicas e sociais, como empresário que sonega e trapaceia, políticos que corrompem e deixam-se corromper e profissionais autônomos sem ética, preenchem a maior parte dos noticiários, mostrando exemplo de sucesso pela via da corrupção, contribuindo para o desânimo de quem trabalha árdua e honestamente para sobreviver.
Temos ainda, uma sociedade hipócrita coordenada por um estado que não cumpriu com seu papel de atuar nas funções de controlar e evitar as causas da degradação social brasileira. (Continua na edição de amanhã).