Túnel, a saga da pista simples

Hoje, a coluna não poderia deixar de citar o transtorno, nos próximos três meses, de quem precisará utilizar a BR-101 na região Sul de Tubarão, além dos moradores que costumam trafegar nas vias municipais que circundam o Túnel do Morro do Formigão, principalmente os milhares de trabalhadores dos bairros São Cristóvão, Sertão dos Mendes, Sertão dos Corrêas, Monte Castelo, Oficinas, Fábio Silva, São João margens esquerda e direita e Morrotes. Preparam-se, a paciência do já complicado trânsito urbano nessas localidades, principalmente em horários de rush, terá de ser redobrada. Muita gente, daqui e de fora, para não afunilar na região do Formigão, pois a pista passa a ser simples a partir desta segunda-feira, optará em pegar ruas e avenidas municipais, como a Sílvio Búrigo, Marehal Deodoro, São João e Severiano Albino Corrêa, entre outras principais, fora as transversais. O certo: vai trancar tudo! E três meses é muita coisa, em plena véspera de pré-temporada de verão. ‘Obrigado’ pelo ótimo trabalho de qualidade que nos entregaram em Tubarão, Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit).

Esta obra, a chamada transposição no Morro do Formigão, foi a última a ficar pronta no trecho de duplicação da rodovia entre Palhoça e Passo de Torres. Faz somente quatro anos que o túnel foi liberado e, sem muito alarde, justamente para que a imprensa e os motoristas não tenham tempo de questionar, o Dnit, que é uma autarquia federal vinculada ao Ministério da Infraestrutura, simplesmente decidiu fechar para reforma. A divulgação foi feita somente na semana passada, por meio de nota, sem coletiva, sem detalhes, o que se sabe é que as duas pistas serão demolidas e refeitas. O fluxo será modificado e, desde a tarde de ontem, a Polícia Rodoviária Federal (PRF), o Dnit e a empresa que executará a recuperação das faixas de concreto dentro do túnel iniciaram o processo de sinalização de afunilamento, ou seja, a volta da velha e detestada pista simples.

O túnel, de 450 metros de extensão, integrou o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), é a responsabilidade da reforma é do consórcio Jdantas/ Novatecna. O valor da obra foi de cerca de R$ 60 milhões e, conforme o Dnit, ainda está na garantia. Fico com uma pulguinha atrás da orelha sobre esta questão de garantia, mas enfim, confiemos no contrato. Também segundo o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes, esta recuperação poderá durar 30 dias a menos do previsto, ou seja, dois meses. Tomará!

23 anos de obras

Foram 8.395 dias de trabalhos, e a duplicação da BR-101 foi finalmente concluída em 2016. O trecho Norte do Estado ganhou nova pista entre 1993 e 2003. O Sul recebeu os primeiros operários em 2005, com previsão de entrega dos trabalhos em 2009 – utopia, né?
Mas, como no Brasil, tudo, ou praticamente tudo é muito moroso, a construção de duas novas faixas na rodovia entre os municípios de Palhoça – na Grande Florianópolis, e Passo de Torres – no Extremo-Sul -, um trecho de cerca de 220 quilômetros, teve um atraso de só sete anos.
Impacto econômico Além das filas, o atraso das obras de duplicação da BR-101 no Sul do Estado acarretou em prejuízos de até R$ 684 milhões para a economia da região. É o que mostrou um estudo da Confederação Nacional da Indústria (CNI), que calculou as despesas adicionais com transporte e quanto o PIB estadual foi impactado com o atraso da obra neste ano, quando a duplicação deve ser concluída. Para Ilana Ferreira, analista de políticas de indústria da CNI, um dos grandes vilões foi a baixa qualidade dos projetos básicos.

Histórico

• 1993 – Início das obras de duplicação trecho Norte;
• 1995 – Começam as discussões sobre as obras no trecho Sul;
• 2002 – Anunciada a licitação das obras de duplicação no trecho Sul;
• 2002/2003 – Conclusão do trecho Norte;
• 2005 – Início das obras da duplicação no Sul. Obra orçada em U$S 800 milhões;
• 2009 – Previsão contratual de conclusão das obras no trecho Sul;
• 2012 – Mais U$S 799 milhões investidos;
• 2016/2017 – Conclusão das obras.