Sem tempo para a educação

Algumas semanas atrás, duas notícias divulgadas pela imprensa local e estadual nos chamou a atenção enquanto educadores. Uma delas referente ao resultado do Exame Nacional do Ensino Médio publicado pelo MEC, que não causou surpresa alguma, isto porque vivenciamos o dia-a-dia das escolas públicas estaduais.

baixo nível na avaliação dos alunos das escolas estaduais no Enem é o resultado de um conjunto de situações que são ignoradas pelos gestores públicos. Podemos até listar algumas: salas de aula superlotadas, escolas sucateadas e com a estrutura física decadente quando não caindo; professores com jornada de trabalho de até 60 horas semanais; um grande número de professores doentes, devido ao desgaste físico e ou emocional; escolas funcionando em salão de baile; a ausência de projetos de formação continuada para os professores e muito mais.

Temos certeza que os que comandam as ações em nome do governo vão discordar, mas lançamos aqui um desafio. Voltem às escolas, ou mais precisamente, às salas de aula. É muito fácil criar projetos para outros executarem sem se preocupar com as situações acima citadas. Ou então buscar mudanças na lei precarizando ainda mais as condições de trabalho dos professores. Se saíssem de seus gabinetes e procurassem conhecer melhor a realidade das escolas, ouvir aqueles que sãos os responsáveis pelo processo ensinoaprendizagem poderíamos ter um resultado melhor nas avaliações as quais os alunos são submetidos. Aí então estaríamos iniciando a democratização na educação pública.

A outra notícia, por coincidência no mesmo dia, e nos causou um enorme espanto, foi a vinda do secretário da educação a Tubarão e, pasmem os senhores, não para verificar a situação das escolas ou ouvir os profissionais da educação, mas sim para distribuir dicionários aos alunos de duas escolas estaduais. E é bom lembrar que uma delas é recém construída, como dizemos, novinha em folha. As escolas públicas estaduais (em nossa cidade, são 25 escolas) sempre receberam livros didáticos pelo correio, isto quer dizer que o ato foi apenas simbólico.

Nos causou surpresa a visita do secretário, já que o mesmo não tem tempo para receber os representantes da categoria para discussão dos problemas da educação e possíveis soluções, por exemplo, a implementação do piso salarial nacional, aprovado em junho de 2008. Não tem tempo para verificar in loco a infraestrutura das escolas, tais como: General Osvaldo Pinto da Veiga e São João Batista, em Capivari de Baixo; Célia Coelho Cruz, Alda Hülse e Gallotti, em Tubarão; Osni Pereira, em Jaguaruna; e outras mais.

Mas estas preocupações e angústias são prerrogativas de quem realmente faz a educação acontecer, ou seja, os trabalhadores em educação.
Finalmente, deixamos um alerta para toda comunidade escolar. Novas eleições estão aí e os candidatos já começam a se organizar e aparecer. Para isso, eles têm muito tempo. E nós já conhecemos os discursos. A mudança está em nossas mãos!