Profecia e ignorância

O ser humano é tão complexo que mesmo estando errado não admite jamais o próprio erro. Não é novidade ver ou ouvir alguém opinando e dizendo-se ter a fórmula ideal para melhorar o mundo. Pior que isto é a artimanha execrável do grupo de manipuladores que agem como se tivessem absoluto poder de autoridade máxima. Os que se “autointitulam” donos da razão acabam provocando atrocidades contra a própria ignorância humana.

Conta-nos a história que, desde a era inicial, mesmo sendo número pequeno de pessoas na época, já havia fortes tendências de discussões em torno de como agir e seguir a verdadeira lei divina. Com o passar dos tempos e com a natural transformação sócio-cultural, as mudanças teológicas também avançaram rapidamente em todo o universo e, com elas, surgiram milhares de religiões e seitas espalhadas por todo mundo. Hoje, as doutrinas estão em todas as partes – são bilhões de pessoas com diferenças ideológicas e que se concentram nos templos, igrejas e nos mais diversos locais considerados sagrados para o fortalecimento da fé através de cultos prestados a sua divindade.

Bom, como fiel cristão que sou, é indigno, no meu modo de entender, atitudes e exageros cometidos por um conjunto de indivíduos que se dizem preparados a professar fundamentos filosóficos, no mínimo, estranhos e comprometedores à raça humana, especialmente as camadas mais humildes e desprovidas de conhecimentos culturais e religiosos. Quem conhece um pouco a Bíblia está bem explícita (em Jo 2,15 s) a cena da expulsão dos vendilhões do templo. Jesus, quando caminhava com a multidão, ao longo de sua missão, refletia profundamente sobre a serenidade interior para a misericórdia aos pecadores e sofredores. Para não pairar nenhuma dúvida entre seus seguidores, dizia que toda a área que circunda o centro do Templo, denominado “o santo dos santos” é também santa.

Significativas eram suas palavras aos que vendiam ovelhas e bois: Tirai tudo isto daqui, não façais da casa de meu Pai uma casa de comércio. Sejamos purificados interiormente pela presença amorosa de Jesus e nossa vida seja toda ela voltada para Deus no serviço “despretensioso” aos nossos irmãos e irmãs. Faço essa observação para mostrar e alertar as autoridades corretas (se é que ainda existem) que, vergonhosamente, não há sentido algum de respeito sobre o princípio básico e sublime da lei de Deus. Já que vem ao caso: quem poderia dar um basta nisto tudo!? É necessário banir de vez os falsos, oportunistas e pseudo-profetas que usam aleatoriamente o nome de Jesus e de Deus para manipular, exorcizar e extorquir dinheiro da massa desinformada e extasiada.

Em qualquer situação da vida cotidiana, devemos, sim, pormenorizar as atitudes destes supostos líderes que existem aos montes na heterogênea sociedade. A maneira clássica que eles utilizam para argumentar não quer dizer curar, tampouco salvar ninguém. Outro ponto que curiosamente alimenta muita dúvida entre os seres humanos diz respeito ao dinheiro e à felicidade. Essa é uma pergunta que muitos pensam que sabem a resposta exata, mas, na realidade, não. É óbvio que se trata de um assunto bastante confuso, até porque pode-se analisar o fato em questão de diversos ângulos. O que para alguns pode parecer importante, para muitos não é o suficiente. O dinheiro, em tese, consegue equilibrar situações financeiras, porém, não equaciona o entendimento sentimental das pessoas. Quem tem em abundância, às vezes, não reconhece o real valor. Já os que possuem pouco, lamentam a falta de sorte para o que classificam de complemento da felicidade.

Embora com tanta fortuna, boa parte dos ricos sofre na mesma proporção da classe oprimida, os (chamados) pobres. Felicidade não se compra, no entanto, ameniza pelo menos o sofrimento e angústia de milhares criaturas que vivem abaixo da linha da pobreza. Se o capitalismo selvagem proporciona tranquilidade para poucos, ao contrário, atormenta a grande maioria da humanidade. Quero aqui afirmar que não se trata de nenhuma crítica a quem quer que seja, é apenas uma forma de avaliação coerente, compreensiva e com discernimento em defesa de todos aqueles se esforçam para sobreviver neste espaço disputadíssimo e misterioso que é o planeta Terra. Poder e ignorância caracterizam suposições meramente subjetivas.