“Pena de morte: contra ou a favor”?

Lendo o artigo da jornalista Tatiana Dornelles no Notisul, e refletindo sobre pena de morte, deparei-me com tal questionamento: Será que a pena de morte é uma realidade polêmica somente para cristãos, e de modo exclusivo ao catolicismo? Quando falamos de pena de morte, tratamos de ser humano num todo, ou emitimos juízos de valor a partir de suas especificidades?

Pois bem, acredito que a reflexão sobre pena de morte, vai além de um pensar dentro dos paradigmas de uma cidade, “principalmente numa cidade praticamente católica, como Tubarão”. Sendo que tal assunto está intimamente relacionado à alteridade, ao outro, ao próximo, ao diferente, deve ser algo ponderado, não se pode deixar a questão em meio ao relativismo, “pense bem antes de optar pela pena de morte ou não…” Vocês sabem por que digo isso?

Encontramo-nos numa fase de pleito político, se interpelarmos um grande número dos eleitores, a maioria deles não é capaz de lembrar em quem votou na ultima eleição. “Somos um povo de memória curta”, não consideramos nossas experiências históricas, nem para criticar, enquanto mais para dar luzes ao futuro.
Relativismo é típico de sociedade apática, em frente tais circunstâncias, que caminha conforme o legalismo “imposto”, a saída mais prática: elimina-o!

Do mesmo modo que trocamos nossa alimentação caseira por instantâneos, que nem sempre são mais saudáveis, é bem mais simples resumir a vida humana à pena de morte. A alimentação caseira demora, e enquanto demora, o(a) cozinheiro(a) tem um tempo para pensar, e esse tempo de pensar que denominamos muitas vezes de “perda de tempo”; não nos damos conta que daí geralmente brotam fagulhas de inspirações para problemas rotineiros.

Pois bem! Pensar a pena de morte necessita desse tempo, pois é pensar no ser humano. “A corda sempre arrebenta no lado mais fraco”, é mais fácil e viável o ser humano pagar do que se repensar as estruturas de prisão que temos em nossas cidades e estados. Será que o condenado tem culpa da prisão estar lotada? Da sociedade não integrá-lo? De ter injustiças nos trâmites? De a prisão ser apenas para os pobres? Sabe quem é o culpado?

São aqueles que escolhemos e não lembramos. Construção de prisão não dá voto, oferecer condição humana ao marginal também não. Mas, ter as “costas cheias de processos” por desvios, e algumas máquinas trabalhando na cidade, isso sim! Eta político bom! Essa também é uma realidade que burla os paradigmas das cidades. É aqui e acolá.

Já afirmava Hobbes: “O homem é o lobo do homem”, um homem que esquece que transcende transforma sua vida no “absurdo do dia a dia” como diz Sartre, e que se resumi a “uma paixão inútil”. Qual a diferença dum “marginal” para um “legalista”? Nenhuma, apenas os meios. A pena de morte é para ambos? Ou apenas para o tido marginal, segundo o senso comum? Com certeza, se deixarmos ao relativismo, vamos escolher apenas o do senso comum, pois nos impõe medo; o outro é inteligente, anda de gravata, é simpático.

Assim como percebemos em Jesus, não há, pois, categoria do “próximo”, a ciência do “próximo” é logo interceptada por uma práxis do “próximo”; faça-se “próximo” de qualquer um. Mas o cume da história apresenta outra face, a dialética, o encontro torna presente uma pessoa a outra pessoa, ou seja, um face a face. Não apenas um “eu”, a um objeto, dominado e totalizado. Ser humano é todo aquele que não se pode totalizar, que foge do domínio, que transcende qualquer postura egocêntrica.