Igualdade: uma questão de justiça

Ao analisar o comportamento da força de trabalho feminina no Brasil no último quarto de século, há dois fatores que me chamam a atenção. O primeiro trata do vigor e a persistência do seu crescimento. O segundo trata da forma discriminatória como a mulher continua sendo tratada pelo mercado de trabalho.
Mesmo com o aumento da participação feminina no mercado, segundo o censo de 2000 do IBGE, apenas 35,5% da população economicamente ativa no país é composta por mulheres, enquanto que a participação masculina é composta por 64,5%. É crescente também a participação de mulheres em cargos de liderança em vários setores, alguns deles até então a cargo somente de homens.

Para buscar espaço, a mulher tem se dedicado, arduamente, porque da mulher mais se exige do que do homem.
Por isso, a mulher somou, às suas tarefas de cuidar da casa, dos filhos, trabalhar fora, administrar a empresa, também a volta aos bancos das salas de aulas, onde busca, com afinco, conquistar o seu primeiro diploma universitário ou sua pós graduação.
De posse de seus canudos, as mulheres conquistam, ainda que vagarosamente, cargos de comando. Em média, as mulheres chegam a esses cargos com 33,7 anos de idade, enquanto os homens conquistam esse espaço, um pouco mais tarde, aos 38 anos. Mas, quando a mulher chega à chefia, chega ganhando menos.

Nesse quadro, é na região sul que a mulher encontra melhor e maior empregabilidade, mas também aqui não foge da situação de ganhar menor salário.
Então, se no dia internacionalmente dedicado à mulher, todos ou quase todos os segmentos da sociedade direcionarem um olhar cheio de homenagens lembrando-lhes a faceta de mãe ou esposa, como rege o convencional, o momento pede que esse olhar seja direcionado também à mulher trabalhadora, à mulher da dupla jornada, à mulher que sustenta a casa, que educa os filhos, que comanda a sua e a vida de outros, em especial quando não tem um companheiro por opção ou condição que a vida lhe impõe. E, ao direcionarmos esse olhar, que busquemos também o motivo que se traduz como fator de aprisionamento da mulher ao jugo do preconceito. E, se formos responsáveis, que possamos ter coragem para empunhar a espada que liberta!