E agora, Dilma?

Parafraseando Drummond: a festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu. E agora, Dilma? Desde o ano passado, é de conhecimento que o presidente Lula lançou a sua sucessora. E, de lá para cá, Lula vem ensinando a Dilma como fazer campanha. A razão é simples, a ministra não tem experiência eleitoral, ou seja, é uma imperita. Por conseguinte, os dias como ministras estão contados e, por sua vez, irá chegar o momento em que ela deverá dar seus próprios passos.

Dilma com seu temperamento difícil foi ministra de minas e energia e atual ministra-chefe da Casa Civil. Nascida em Belo Horizonte, mas foi no Rio Grande do Sul, pelo PDT, que exerceu cargo político. Teve também participação na militância contra o regime militar de 1964. Ultimamente, tem explorado muito as inaugurações provindas de sua responsabilidade política.

A imagem de FHC e Lula transpõem consequentemente para Serra e Dilma. Na cabeça do eleitor, pode ser muito óbvio quem ganha, o paralelo entre Dilma e Serra. Por outro lado, existe um abismo entre Dilma e Lula. Hoje, ambos são do mesmo partido e o presidente demonstra seu apoio. Contudo, ela necessita de carisma, personalidade para que as pessoas identifiquem-se, firmeza no que diz e não os mesmos chavões, e, sobretudo, mostrar que poderá ser melhor que o próprio Lula.

Seria quase que contraditório as recentes pesquisas mostrarem que nosso presidente chegou a um novo recorde no índice de popularidade, e sua candidata não crescesse. E quase que obrigatoriamente os institutos de pesquisa precisaram provar a máxima, se está bom, para que mudar? Outro dado que dever ser preocupante para os petistas: Serra, mesmo no impasse com Aécio e, não fazendo campanha, manteve-se na casa dos 30%.

Para muitos, é normal que a petista tivesse esse crescimento, pois o governo mantém esses órgãos de pesquisas. A imprensa está numa possível atmosférica de censura. E recentemente fazer oposição tem sido, como diriam, quase que um crime. Sem contar o boom do governo Lula, que não dá para comparar com outros governos por terem outras circunstâncias. Contudo, verdade ou não, são elementos favoráveis.

Embora que a oposição – principalmente da base do governo – saiba muito bem que Dilma “sozinha no escuro”, como diria o poeta Drummond, não está blindada. Cabe ao PT fazer grandes coligações, com um vice que tenha uma margem de voto muito grande. Sem mencionar que uma coligação assim proporcionará minutos a mais na televisão – está aí o item essencial para vender Dilma aos brasileiros. Doravante, faço uma ressalva na questão, uma campanha cheia de dados tem repercussão menor que uma emocional.

Em outras condições, embora recente, Michele Bachelet tinha a popularidade de Lula no Chile, mesmo assim não fez sucessor. As eleições brasileiras irão ficar mesmo entre PSDB e PT. Sendo que Dilma terá que vencer seu primeiro adversário, Dilma. Para que sua primeira eleição não se perca nos detalhes. Não discuto sua competência, apenas penso que Dilma com Lula é o clima de já ganhou, e Dilma sem Lula quem é ela mesmo? Depreendo com o próprio Drummond: você marcha, José! José, pra onde?