Arena Multiuso, necessidade ou interesse?

 

O novo Ginásio de Esportes (Arena) – mesmo que multiuso – que deverá ser construído na área do antigo Aeroporto, em Tubarão, cuja fundação, ao que parece, já teve o seu processo de sondagem iniciado, poderá, ao meu modesto julgamento, ser mais uma daquelas obras desnecessárias e com denominação já conhecida: “elefante branco”. O alto custo da obra, conjugado a uma estimativa irreal da demanda sócio-esportiva do município de Tubarão, aponta, com uma clareza de sol a pino, para um futuro incerto e duvidoso o qual poderá gerar à atual administração municipal um legado altamente negativo.
 
Há poucos dias, em entrevista em outro jornal, Carione Mess Pavanello, uma das maiores referências em gestão de futsal e que comandou a equipe da Malvee, de Jaraguá do Sul, perguntado sobre o modelo que se tornou deficitário lá, se poderia ocorrer o mesmo aqui? Sua resposta foi textual: “Tem que ver o custo dela. A Arena daqui teria um custo de R$ 43 mil mensais. É inviável. Você vai gastar R$ 600 mil por ano para manutenção? Faça um ginásio como foi feito em Capivari de Baixo, um pouco maior, que tem o mesmo efeito da arena de Jaraguá do Sul”.   
Qual a motivação, portanto, para a construção desta nova arena? É justificável e compreensível para uma cidade manter uma arena (ginásio), mesmo com indícios de um fracasso anunciado, sob o argumento de incentivo ao esporte e/ou à cultura? Na minha modesta visão, não. Não obstante não possuir bola de cristal, tampouco, ter a pretensão de ser o dono da verdade, ouso, todavia, afirmar que a administração municipal deveria tomar uma postura mais enérgica com relação a este assunto. 
 
Como se vê, acreditar, simplesmente, que essa nova arena (ginásio) será um monumento ou coisa que o valha, sem levar em consideração o seu elevado custo operacional e de sua manutenção, não deixa de ser uma atitude irresponsável e temerária; sobretudo, quando se tem ciência de experiências mal sucedidas, a exemplo de Jaraguá do Sul; Criciúma; São José; Concórdia; dentre outras. Por ser um projeto que envolve muito dinheiro (R$ 14,34 milhões) e que está a suscitar dúvidas e incertezas quanto à sua sustentabilidade, mereceria, ao meu juízo, uma reavaliação minuciosa.  
 
Qual a necessidade, pergunto, tem a prefeitura de Tubarão de construir um novo ginásio de esportes – mesmo que multiuso – se já existem, sabidamente, outros ginásios e que atendem, satisfatoriamente, a demanda do município? Podemos citar: Ginásio da Rede Ferroviária Federal, em Oficinas; Ginásio Paulo Jacob May, em Humaitá; Ginásio da Unisul, bairro Dehon; Ginásio Otto Feueurschuette, no Aeroporto; assim como outras dezenas de quadras poliesportivas em escolas estaduais e particulares, a exemplo de tantas; bem como de clubes e entidades associativas, como a Ases (Associação dos Empregados da Eletrosul); Clube 29 de Junho; Sesi; dentre outros. 
 
É bom deixar claro para a opinião pública e, sobretudo, para os dirigentes e políticos do nosso município, que uma operação com o BNDES – ao que me consta ser o órgão financiador deste projeto – por tratar-se de um empréstimo como qualquer outro, não é dinheiro público a fundo perdido, mas um contrato cheio de obrigações, inclusive com a cobrança de juros – mesmo que reduzidos – e, para tanto, algumas garantias deverão ser dadas. 
 
Por estas e outras razões, embora se noticie este imenso “oba-oba”, a equação econômico-financeira não me parece estar inteiramente fechada e esclarecida. É do conhecimento de todos que o Ginásio Otto Feuerschuette – que teve suas estruturas comprometidas em razão de um temporal – encontra-se, há um bom tempo, literalmente jogado às traças por falta de recursos financeiros. Deduz-se, por conseguinte, que a construção da “nova arena” está sendo lançada como um grande balão, que pode furar mais adiante, pois, se faltam recursos financeiros para a reforma daquele, de onde virão os R$ 8.339.036,00 do município, para a construção deste? Parece-me – e não vislumbro motivos suficientemente plausíveis para pensar diferentemente – porquanto, de fato, não sou ingênuo, ou melhor, não sou espetacularmente imbecil, a ponto de acreditar que apenas “anjos” estejam envolvidos com a construção desta obra (Arena Multiuso). Ressalte-se, ainda, que, se esta arena vier a se concretizar nos moldes e formas conhecidos, que ninguém se engane: o mérito e/ou a culpa também é de quem lutou pela sua aprovação; detalhe este que certamente escapa a muitos.