A vida humana tem valor absoluto!

Por que a vida humana é sagrada? Qual a real motivação para que o cristianismo dispense tamanho respeito à vida?
O Evangelho da vida, tema de uma Encíclica papal, é o anúncio da própria pessoa de Jesus. A possibilidade de conhecer a verdade plena sobre a vida humana é oferecida ao homem pela palavra, a ação e a pessoa de Jesus.

Em Cristo, é anunciado definitivamente o evangelho da vida que, de algum modo, está escrito no coração de cada homem e mulher.
A vida divina e eterna é anunciada e comunicada em Jesus. Graças a este anúncio e dom, a vida do ser humano, sempre, adquire plenitude de valor e significado. Aliás, a vida eterna é a direção para a qual estão orientados e chamados o homem e a mulher viventes.

Os pobres sentem-se particularmente interpelados pela pregação e ação de Jesus. As multidões de doentes e marginalizados que O seguem e procuram encontram na Sua palavra e gestos a revelação do valor imenso de sua vida que, incluindo também sofrimento, assemelha-se à vida de Jesus.

A palavra e os gestos do filho de Deus e da igreja não dizem respeito apenas a quem está enfermo, aflito pela provação, ou vítima das diversas formas de marginalização social. Vão mais fundo: tocam o próprio sentido da vida de cada ser humano nas suas dimensões moral e espiritual. Só quem reconhece que a própria vida está tocada pelas mazelas do pecado, pode reencontrar a verdade e a autenticidade da existência junto do salvador, segundo suas próprias palavras: “Não são os que têm saúde que precisam de médico, mas os que estão doentes. Não foram os justos, mas os pecadores que eu vim chamar à conversão” (Lc 5, 31-32).

Na vida de Jesus, do início até ao fim, encontra-se a dialética singular entre a experiência da contingência da vida humana e a afirmação do seu valor. A precariedade, a insegurança, caracterizam a vida de Jesus desde o nascimento. Foi na austeridade de vida que Jesus demonstrou também seu valor: não é o nível de conforto possuído que dá valor à vida, mas o fato de ser vida humana.

As contradições e riscos da vida são assumidos plenamente por Jesus: “sendo rico, fez-se pobre por vós, a fim de vos enriquecer pela pobreza” (2 Cor 8, 9). Esta pobreza de que fala Paulo não é apenas despojamento da condição divina, mas também partilha das condições mais humildes e inseguras da vida humana (cf. Fil 2, 6-7). É precisamente na sua morte que Jesus revela toda a grandeza e valor da vida, enquanto a sua doação na cruz se torna fonte de vida nova para todos os homens (cf. Jo 12, 32). Grande é o valor da vida humana: o filho de Deus a assumiu e fez dela o lugar onde se realiza a salvação para a humanidade inteira!

É pelo fato de a salvação nos ter sido alcançada através da encarnação do filho de Deus na realidade humana que existe valor absoluto, indelével na vida humana. A verdade de o filho de Deus ter se encarnado (E o verbo divino se fez carne… e habitou entre nós) alcançou a salvação para todo o gênero humano, pois sua vida humana e divina foi entregue na cruz por todos.

Esse é o motivo suficiente para valorizar e sacralizar a vida. Trata-se de um princípio supremo, inviolável: tudo o mais, normas, regras e princípios devem ser-lhe subordinados. A vida humana possui valor absoluto: foi assumida por Cristo e somente em Cristo se realiza e é defendida contra qualquer atentado à sua existência.