Poetas meninos

Luiz Carlos Amorim
Escritor

Recebi uma carta do escritor e amigo Celestino Sachet, um dos baluartes da Literatura Catarinense. Ele é o arauto que está sempre atento a tudo quanto se escreve no Estado, é ele quem mapeia a produção literária catarinense, mantendo um painel das letras da nossa terra sempre atual, sempre completo.

Eu havia lhe enviado, logo que saiu do prelo, um exemplar da segunda edição da minha antologia poética “Nação Poesia” e ele leu, apreciou e me enviou a mensagem mais bonita que eu poderia receber, um testemunho espontâneo que me deixou atónito: tive que ler duas vezes para entender que era sobre o meu livro.

E não posso deixar de dividir isso com todos vocês, antes de colocar na contracapa do próprio livro, em uma próxima edição:

“Meu poeta-menino, irmão gêmeo do menino-poeta. Na manhã de um domingo friorento e chuvoso, percorri teu livro com ganas de curtir poesia. E me dei bem!

Teu “Nação Poesia”, a partir da capa, é um primor. Na sequência em que fui namorando teus versos, descobri que você é um poeta com todas as letras da linguística e com todas as artes de teoria da literatura. Já me explico.

O teu poema é uma síntese moderna do Olavo Bilac, no “Profissão de Fé”, quando sugere “Torça, aprimora, alteia, lima / A frase; e, enfim, / No verso de ouro engasta a rima, / Como um rubim.”

A grande maioria de teus poemas tem este final de ouro. Tomo como modelo o poema “Poeta”.

Dentro dos últimos cinco versos, veja a força que explode em “que me divido / em mais eus”.
Mas você é também Drummond, quando desafia – “Penetra surdamente no reino das palavras”. Só que você corrige Drummond e penetra “meninamente” na magia das palavras. Toda a sua (tua) poemática é de menino – Natal – passarinho – árvore – jacatirão.

Ah, seu bandido! Essas histórias de menino fazem saltar lágrimas no leitor.

Um abraço de admiração do menino que continuo sendo”.

Então, não é para ficar prosa? É um especialista em literatura, dando o seu testemunho de leitor comum, pleno de sensibilidade.