Operação Mensageiro estima que Ponticelli e Caio teriam recebido R$ 2,5 milhões em propina

Um despacho da juíza Cinthia Bitencourt Schaefer, que veio à tona nessa segunda-feira (20), mostra que o prefeito Joares Ponticelli (PP) e o seu vice, Caio Tokarski (UB), tiveram a prisão decretada porque a magistrada estima que eles recebiam uma “mesada” de cerca de R$ 30 mil por mês, desde 2017. A defesa dos envolvidos nega as acusações e alega que não pode se manifestar pois o caso está em segredo de Justiça.

Esse valor representaria 10% do contrato da empresa Serrana com o município de Tubarão. No despacho ela escreve que “partindo-se da premissa das diversas provas indiciárias de que Joares Ponticelli e Caio Tokarski recebem 10% dos contratos do Grupo Serrana com Tubarão, o valor pago à título de propina para ambos os agentes públicos pode passar de R$ 2,5 milhões”, aponta a juíza.

Em Tubarão, a empresa Serrana tem, desde 2017, três contratos de coleta e destinação de resíduos sólidos no valor de R$ 23,4 milhões anuais. Também no despacho, a juíza diz que em 2016 Caio Tokarski teria procurado o representante da empresa e pedido o valor de R$ 30 mil e esse pedido teria sido aceito por conta dos contratos que a empresa tinha com o município.

Ela relata que em 2017, o gerente de Gestão Municipal da Prefeitura de Tubarão, Darlan Mendes da Silva, recebeu os donos da Serrana e também “solicitou um repasse mensal de propina para Caio César Tokarski e Joares Carlos Ponticelli no montante de 10% dos valores dos contratos do Grupo Serrana com Tubarão”. O documento conta que o empresário tentou negociar valores, mas após negativas de Darlan, fechou-se no referido valor.

A partir daí, o mensageiro da empresa realizava o pagamento através de dois envelopes, um contendo 10% dos empenhos do Grupo Serrana mensalmente, que ficava em torno de R$ 30 mil para o prefeito Joares e o vice Caio, e outro envelope com cerca de R$ 7 mil para Darlan Mendes da Silva.

Temendo a investigação

Em junho de 2022, o prefeito Joares Ponticelli teria ficado incomodado com a suspensão dos pagamentos e o sócio do Grupo Serrana teria ido pessoalmente até Tubarão para comunicar ao prefeito, ao vice, e também para Darlan que acreditava estar sendo investigado.

Diante da desaprovação de Ponticelli, o delator “optou por novamente efetuar o pagamento de propina para o prefeito, vice-prefeito e gerente de gestão, com o pagamento de propinas adiantadas até o final de 2022, além de deixar pagamentos pretéritos em dia”.

Cinthia Bitencourt Schaefer escreveu no despacho que “há indícios robustos de que Joares Carlos Ponticelli e Caio César Tokarski, juntamente com o já segregado Darlan Mendes da Silva integrem a organização criminosa responsável, em tese, pelo maior e mais complexo esquema de pagamento de propinas de Santa Catarina, conforme trazido pelo Gaeco”.

Licitação encomendada

A juíza Cinthia concluiu também que “após o recebimento de propina, em tese, por Joares Carlos Ponticelli, Caio César Tokarski e Darlan Mendes da Silva, os agentes públicos de Tubarão teriam realizado edital licitatório em conluio com funcionários da Serrana para fazer com que esta fosse a vencedora do certame, fazendo com que o pagamento de mesadas mensais aos três agentes públicos continuasse até a atualidade”.

Segundo ela, o dono da Serrana afirmou que Tubarão é a maior cidade que possuem como clientes a destinação final de resíduos sólidos, sendo um dos pilares do esquema criminoso.

A juíza apresenta como provas as trocas de mensagens, imagens de supostos encontros em postos de combustíveis e também a presença dos aparelhos de telefone celular na mesma antena de cobertura, junto à sede da Prefeitura Municipal, além dos relatos da delação premiada.

 

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Fonte: Hora Hiper