Tubarão: miocardiopatia hipertrófica: quando o coração trabalha fora do ritmo

Em junho, o ator global, Rafael Cardoso, 35 anos, precisou passar por um procedimento cirúrgico. Já em setembro, um menino de 10 anos morreu depois de ter um mal súbito enquanto brincava com amigos em Cubatão, em São Paulo. Os dois foram diagnosticados com uma doença rara denominada miocardiopatia hipertrófica.

A criança não teve a mesma sorte que o ator. A doença é silenciosa e muitos morrem sem ter recebido o diagnostico, como foi o caso do menino. Por outro lado, Rafael teve o diagnóstico apenas esse ano, quando realizou os exames após muita insistência da sogra, a jornalista Sonia Bridi.

O Notisul procurou o médico cardiologista de Tubarão, Ricardo Pereira da Silva, para falar sobre a doença grave do músculo do coração que pode causar morte súbita. Ela explica que a miocardiopatia hipertrófica é uma doença cardíaca de origem genética, onde há um crescimento exagerado de alguma parte da musculatura cardíaca favorecendo o aparecimento de arritmias com grande potencial de fatalidade. “Nos atletas profissionais, trata-se da principal causa de morte súbita. Podemos identificar por meio de exames de imagem como ecocardiograma e, quando ainda há duvidas, ressonância cardíaca. O eletrocardiograma pode dar alguns indícios do problema, além da consulta onde pode guiar o orientar esta hipótese”, detalha.

Ele afirma que a doença deve ser investigada e acompanhada por um cardiologista. Em alguns casos apenas se observa com consulta e exames periódicos, outros indicam-se o cardiodesfibrilador implantável e, em alguns casos (minoria), pode-se ate indicar uma cirurgia cardíaca para retirar parte da musculatura. A doença existe com vários graus e cada uma com os seus riscos. Deve ser individualizado cada caso e importante contraindicar de forma definitiva atividade física de alta performance e/ou profissional.

Sobre Rafael, o profissional de cardiologia conta que o ator passou por um procedimento que foi um implante de Cardiodesfibrilador Implantável (CDI). Trata-se de um aparelho similar a um marcapasso e que evita a morte súbita por arritmias potencialmente fatais. “Recentemente teve um caso de um jogador famoso da seleção dinamarquesa de futebol, onde acabou implantando este aparelho também”, lembra

De acordo com o médico, a Covid não causa esta doença. Alguns casos de Covid podem causar miocardite, que seria uma inflamação do musculo cardíaco e que também tem potencial de causar arritmias e morte súbita, porém trata-se de outra doença. A cardiomiopatia hipertrófica (CMH) é uma doença genética. “A pessoa já nasce com ela. Porém muitas vezes é identificada numa fase mais avançada quando adulto ou ate idosos. No entanto, jovens e atletas, principalmente, que apresentam desmaio sem explicação durante exercício devem investigar a possibilidade desta patologia”, assegura.