Superação: Artistas cegos apresentam-se em Tubarão

Mauri e Maria estão em Tubarão desde domingo à noite. Para eles, é uma cidade bastante acolhedora.
Mauri e Maria estão em Tubarão desde domingo à noite. Para eles, é uma cidade bastante acolhedora.

Karen Novochadlo
Tubarão

Animados e alegres, Mauri, 63 anos, e Maria, 50, foram a sensação, ontem, no calçadão de Tubarão. Ele toca acordeão. Ela canta um repertório eclético de músicas sertanejas e folclóricas. Detalhe: os dois são deficientes visuais. Mauri perdeu a visão aos 30 anos. Maria aos 25. Mas nem por isso deixaram de fazer aquilo que adoram: música.

O casal mora em Florianópolis e devem ficar em Tubarão até o dia 18 deste mês. Mauri e Maria conheceram-se na capital, há cinco anos. Ela vendia cartões telefônicos e ouviu o acordeão de Mauri. Pronto! Foi paixão ao primeiro som, como brincam.

Hoje, eles percorrem os estados do sul e do sudeste com sua arte popular. E se apresentam assim: Mauri e Maria. Nada de sobrenomes. “Só forneço o nome artístico”, brinca Mauri, que trabalha com música há mais de 50 anos.

Ele começou a tocar em conjuntos musicais e depois passou a fazer a alegria do povo onde o povo está: na rua. “Gosto de dizer que moramos na rua. Nossa casa, em Floripa, é só um cantinho para passarmos as férias”, dispara Mauri, com um bom-humor invejável.

Maria é natural de Orleans e nunca teve contato tão direto com a música antes de conhecer seu companheiro. Hoje, nem imagina fazer outra coisa. “Adoro cantar. Especialmente o sertanejo. São músicas belas e com um tom saudosista”, avalia a artista.

A jornada de trabalho inicia às 9 horas e vai até o fim do dia. Mauri e Maria vivem de doações. Não sabem quanto arrecadam por dia, mas garantem ser o suficiente para pagar a hospedagem e a alimentação. O próximo destino da dupla? Nem eles sabem ainda. “Voltamos para Florianópolis para passar as festas de fim de ano com a família. Depois, só Deus sabe!”, responde Mauri.