Segue o impasse

Ontem, o Sinte passou o dia em reunião com os comandos regionais. A decisão é de manter a greve e aumentar a adesão dos professores, com manifestos marcados para a quinta-feira da próxima semana -  Fotos: Graciela Fell/Sinte-SC/Notisul
Ontem, o Sinte passou o dia em reunião com os comandos regionais. A decisão é de manter a greve e aumentar a adesão dos professores, com manifestos marcados para a quinta-feira da próxima semana - Fotos: Graciela Fell/Sinte-SC/Notisul

 

Zahyra Mattar
Tubarão
 
A greve na rede estadual de ensino completa cinco dias hoje. E os números de adesão seguem conflitantes. Ontem, o Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte) emitiu nota onde assegura que 60% da classe deve estar parada até a próxima semana. No momento, conforme a entidade, 30% dos educadores estão de braços cruzados em todo o estado.
 
Na outra ponta, o governo mobiliza diretores de escolas para seguir com as aulas, independente do número de professores disponíveis. O estado trabalho com o número de 3% dos professores paralisados deste a segunda-feira. A adesão ao movimento, considera a coordenadora do Sinte-SC, Alvete Bedin, foi atrapalhada pelos conselhos de classe.
 
“Providencialmente, as escolas começaram a realizar as reuniões nesta semana. Também temos grande dificuldade de entrar nas escolas e levantar informações junto aos docentes. Eles estão proibidos de repassar qualquer coisa. A pressão é grande”, revela a professora.
 
Nesta semana, Alvete protocolou um pedido para reunir-se com o governador Raimundo Colombo, a fim de discutir uma nova proposta. Este encontro não tem muitas chances de ocorrer, especialmente porque a secretaria estadual de educação reforçou que não retomará as negociações enquanto a greve continuar.
 
Por outro lado, a direção do Sinte já avisou que não irá desistir do movimento enquanto o canal de diálogo não for reaberto. Diante do impasse, é bem provável que a justiça precise ser acionada para intervir na queda de braço.
 
Rodada de negociação ocorre hoje em Gravatal
Nem a chuva atrapalhou os professores da rede municipal de Gravatal de reivindicarem o pagamento do piso nacional da categoria. A exemplo de muitos municípios pelo país, a prefeitura não cumpre a regra.
Conforme dados do Sindicato dos Trabalhadores da Prefeitura de Gravatal (Sintrag), mais de 50% dos educadores – cerca de 120 pessoas – aderiram à paralisação de 24 horas, realizada ontem.
Os docentes foram recebidos pelos secretários de finanças, Idoir Daufemback, e de educação, Raquel Marcom. Ficou acordado que eles receberão uma comissão dos professores hoje, às 11 horas, para uma possível negociação. 
“Estamos em negociações desde o início deste mês e ainda não tivemos nenhuma proposta concreta”, lamenta o presidente do Sintrag, professor Márcio Laurentino Mendonça.
A única escola que não participou da manifestação foi a de Várzea das Canoas, do interior da cidade. Caso não haja qualquer acordo, os educadores prometem entrar em greve por tempo indeterminado.
 
Em Gravatal, cerca de 120 professores fizeram um protesto na frente da prefeitura. As aulas foram suspensas durante todo o dia. Hoje, as atividades ocorrem normalmente
Foto: Sintrasg/Divulgação/Notisul
 
Corte nos salários
A coordenadora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação (Sinte), Alvete Bedin, considera que o motivo da greve este ano não é por reivindicação de aumento salarial, mas para o cumprimento de uma lei, que garantiu um reajuste de 22,22% no piso da categoria.
Segundo ela, ontem o sindicato recebeu uma série de denúncias de que os docentes não integram a greve sob a ameaça de desconto salarial ou demissão, especialmente no caso de ACTs.
O secretário de assuntos jurídicos e trabalhistas do Sinte, Aldoir José Kraemer, reitera que, a exemplo do ano passado, a greve tem proteção constitucional. Inclusive, destaca, está garantida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) na forma de um mandado de injunção.
“Qualquer ameaça de corte de ponto dos trabalhadores grevistas, bem como demissões, representa clara e inegável ofensa à Constituição. A atitude do estado é  totalmente arbitrária e despótica”, rebate Aldoir.