Projeto de castração social ganha força

Profissionais do Projeto Castração trabalham com amor a cada cão e gato que chega no local  - Fotos: Rafael Andrade/Notisul
Profissionais do Projeto Castração trabalham com amor a cada cão e gato que chega no local - Fotos: Rafael Andrade/Notisul

Rafael Andrade
Tubarão

Não é uma questão comercial, de concorrência de mercado, de quem efetua o serviço mais adequado e pelo preço mais acessível. É uma questão de saúde pública, como prevê a lei. O assunto em questão é a castração de cães e gatos, que são, há séculos, os animais que mais se relacionam com os homens. Na região, alguns municípios enfrentam quase que uma epidemia de cachorros e felinos em vias públicas, os quais podem facilmente transmitir doenças se não cuidados, e mais facilmente ainda se reproduzem.

Para que ocorra um controle desta natalidade é preciso castrar. Legalmente, o poder público (União, Estado, municípios) fica responsável por esta fiscalização e/ou inspeção/controle. Mas em tempos de crise econômica e falta de dinheiro até mesmo para efetuar o pagamento dos vencimentos dos servidores públicos, uma das ações de segundo plano é esta (da castração).

Já que não há um amparo total do poder público à questão, o serviço sobra para Organizações Não Governamentais (ONGs), e parceiros. A clínica da Unidade de Tubarão do Projeto Castração – único projeto credenciado no Estado para este tipo de trabalho -, que tem sede em São José, apoia a causa e realiza castrações todas as quartas-feiras, a um valor social, como define a responsável pelo espaço, a veterinária Marina Moneta Dante. “Além de ser muito viável utilizamos a técnica do gancho minimizado invasivo, com um corte de aproximadamente um centímetro. Além de atendermos os animais que vêm das ONGs, também efetuamos o serviço às famílias de baixa renda que têm o seu cão ou gato em casa e quer realizar este controle de natalidade, muito importante hoje em dia”, observa.

A Lei 001/2012, do Ministério Público, refere-se ao direito dos animais, que é um assunto que tem entrado constantemente em pauta, e muito se discute sobre a violência, abandono e castração. A lógica é simples, com a castração dos animais haverá menos abandono, menor número de bichos para sofrerem com a violência e menos indivíduos transmitirão doenças, tanto de um animal para outro quanto as zoonoses, transmitidas de animais para pessoas.
Entre as doenças que podem ser transmitidas de animais para humanos estão a raiva (doença incurável para animais e pessoas), leishmaniose e esporotricose, esta última no caso dos gatos.

Conheça algumas doenças
• Raiva (cão, gato, primatas e cavalo): A transmissão ocorre pela mordida do animal doente. O vírus encontra-se presente na saliva.
• Larva Migrans Cutânea ou Bicho-Geográfico (cão): A transmissão é pelo contato com areia contaminada com fezes de cães.
• Leptospirose (cão): causada por bactéria presente na urina dos ratos que contamina a água de enchente, lama etc. O cão que tiver contato com a urina de ratos se contamina e pode transmitir ao homem.
• Sarna (cão e gato): produz coceira incessante e causa feridas. Pode ser contraída no contato direto com a pele.

30 milhões de cães e gatos estão nas ruas do Brasil
Os cães (e vamos pôr aí os gatinhos) são os melhores amigos do homem, mas o homem é o que do animal? Alguns tratam os animais como simples coisas, mas não podemos generalizar. Porém podemos dizer que os maus-tratos ficam mais evidentes a cada dia. Como é o caso da cachorra Tchutchuca, que foi encontrada na rua em estado deplorável a beira da morte, mas recebeu cuidados e hoje alegra o quintal da casa de Thiago Oliveira Catana, membro de um grupo voluntário que cuida de animais abandonados e maltratados.
A Organização Mundial da Saúde estima que só no Brasil existam mais de 30 milhões de animais abandonados, entre dez milhões de gatos e 20 milhões de cães. Em cidades de grande porte, para cada cinco habitantes há um cachorro. Destes, 10% estão abandonados. No interior, em cidades menores, a situação não é muito diferente. Em muitos casos o número chega a 1/4 da população humana.
Combater o problema é fundamental. Mais importante ainda é não deixar que ele surja. Sabemos que todos precisam ter direito à vida e somos minoria perante aos demais habitantes da Terra. Por isso devemos respeito. *Fonte: Agência de Notícias de Direitos Animais (Anda).


Estes dois cãezinhos foram castrados ontem. Nos próximos dias, estarão disponíveis nas ONGs