Memória Teleafetiva: conceito inédito vira livro

Tubarão

A nostalgia pode ser definida como a saudade de algo do passado ou como a vontade de voltar ou reviver um momento que já tenha ocorrido. Esta tem sido a aposta de muitas empresas que trabalham com séries e telenovelas: reprisar produções antigas ou produzir novas com base nesse passado. Rememorar o já visto tem acumulado audiência e gerado lucros. A explicação para isso pode estar nos estudos do doutor em Comunicação Social (PUCRS), Mário Abel Bressan Junior, professor da Unisul, que lança um livro com o inédito conceito de Memória Teleafetiva.

Para a formulação dessa nova definição, Mario se propôs a observar o passado que a televisão recorda através das reprises, principalmente de novelas, e o porquê de as memórias serem tão fortes nesse meio de comunicação. Ele analisou o Canal Viva, que possui uma audiência muito alta na TV a cabo e trabalha com reprodução de telenovelas antigas e que já fizeram sucesso na programação.

“Minha pesquisa analisou os efeitos e que estratégias existem nesse tipo de programação, que é totalmente déjá-vu, e por que trazia tantos efeitos nostálgicos, tanta movimentação nas redes sociais, como no Twitter. Eu percebia que jovens que não tinham visto aquela telenovela, por exemplo, também acompanhavam. Então, busquei entender que memória era essa que eles carregavam, e que memória tinham as pessoas que já haviam assistido na primeira vez e que agora estavam revendo no Canal Viva”, destacou Mário.

O livro Memória teleafetiva defende um termo que até então não existia publicado e busca trazer as explicações para a afetividade que as pessoas têm pela programação televisiva. “A memória teleafetiva recupera a recordação de uma experiência vivida em determinada época, data ou ano, em que pessoas tiveram acontecimentos diante da TV ou rememorados a partir dela. Uma cena ou uma música, por exemplo, podem evocar sensações prazerosas e sentimentais sobre algo vivido. Isso em virtude de uma relação afetiva intensificada pela TV”, esclarece Mario.

Uma das explicações do professor para a criação desse novo conceito é a existência do laço social e da afetividade. Pois, mesmo com a programação on demand (em livre escolha) que a internet possibilita, a televisão continua pautando os assuntos em conversas e ela socializa.

“Essa socialização acaba gerando afetos”, defende Mario. Já o laço social surge por meio da ligação invisível que existe entre pessoas que assistiram a uma mesma programação. “Eu defendo que esse laço é revisitado ao rever aquele conteúdo. Lembranças surgem, assim como a conexão com as pessoas que hoje pode se estender para as redes sociais e gerar conversas sobre o tema”, complementa.

 Sobre o autor

Mario Abel Bressan Junior é natural de Tubarão e trabalha na Unisul há 22 anos. Ele é docente da instituição desde 2003 e atualmente leciona nos cursos de Publicidade e Propaganda, Jornalismo e no Programa de Pós-Graduação em Ciências da Linguagem (mestrado e doutorado). A televisão sempre permeou os interesses de estudos do professor e o compartilhar de conhecimento também. Em 2011, a dissertação de mestrado também se tornou um livro intitulado de Semiótica do Crime: a semiótica da narrativa na telenovela.
Agora, ele publica seu segundo livro pela editora Insular, o Memória Teleafetiva. Em breve, Mario organizará o lançamento de seu livro na cidade Azul, tanto na Unisul junto aos cursos onde leciona como fora da Universidade, apenas a data ainda não está definida.