Fusca gaúcho é uma das atrações da Copa do Mundo na Rússia

Após percorrer sete países da América Latina, um fusca de Pelotas chegou à Rússia e está sendo uma das atrações desta Copa do Mundo. Na bagagem, apenas uma barraca e uma procuração assinada pela mãe do técnico Tite, dona Ivone Bachi, que orienta os tripulantes: cuidar do treinador e escoltá-lo com a taça do hexacampeonato.

Foram 60 dias de viagem até que o fusca do fotógrafo Nauro Júnior, 49 anos, desembarcasse no país da Copa em 9 de junho. Após uma pequena complicação no porto de São Petersburgo, o Segundinho, como é chamado o Volkswagen de 1968, foi liberado para cruzar a Rússia e está fazendo sucesso.

 “O Segundinho é o fato curioso da Copa. Todo mundo quer conhecer ele e tirar fotos. Virou celebridade”, conta Nauro, que está sendo acompanhado nesta jornada pelo fotógrafo e editor de imagens, Caio Passos, de 22 anos, que também é de Pelotas, mas hoje mora em Portugal. 

O fusca já coleciona fotos com iranianos, paquistaneses, italianos, e, inclusive, com policiais russos que não resistiram aos encantos do carro. Trocado por um iPhone em 2011, o Segundinho sofreu poucas alterações: recebeu apenas uma ignição eletrônica e alternador.

O trio está em São Petersburgo, onde acompanhou do estádio a vitória do Brasil contra a Costa Rica por 2 a 0 nesta sexta-feira. Na estreia da Seleção contra a Suíça, eles tinham cogitado ir a cidade de Rostov, mas eram mais de dois quilômetros de distância. “Achamos arriscado ir com o Segundinho. Então resolvemos esperar o Brasil aqui”, explicou Nauro.

Eles assistiram a estreia do Brasil na FanFest, contudo, nos jogos das demais seleções, eles ficaram na rua, acompanhando o “lado B” da Copa e conversando com torcedores do mundo inteiro. A experiência na Rússia vai virar um documentário e um livro, que devem ser lançados logo após o maior evento de futebol do mundo.

 

 “O povo russo está sendo incrível com a gente. Na verdade, não só eles, porque isso aqui é uma Torre de Babel: todo mundo falando em todas as línguas e querendo nos conhecer. Até entrevista para a imprensa russa nós estamos dando”, conta Nauro. 

Eles falam inglês e espanhol e vão se virando como dá para se comunicar com os anfitriões da Copa. Um dos recursos adotados é o uso de aplicativos de celular que fazem tradução simultânea.

Foi assim que eles conseguiram conversar com o russo Ravil Shafigullian, um restaurador de carros antigos, que ao conhecer a história do Segundinho, acolheu Nauro e Caio em sua casa. “Ele se transformou em um amigo de infância. Sem nunca ter nos visto antes, nos recebeu em sua casa”, conta Nauro. Na primeira noite na Rússia, a dupla dormiu na barraca que tem em cima do fusca.

 Agora, após acompanhar no estádio a vitória do Brasil, os gaúchos estão se preparando para ir a Moscou, onde a Seleção encara a Sérvia na quarta-feira. Mas antes de partir, é preciso fazer algumas reparações no Segundinho. Amanhã, eles vão tirar o motor do fusca e trocar borrachas. Para que no domingo tudo esteja pronto para partirem para a capital da Rússia.

“São 800 quilômetros de São Petersburgo a Moscou e para o Segundinho é muito puxado. Então, vamos dormir no caminho, fazendo imagens e conhecendo pessoas”, conta Nauro. De lá, a ideia é seguir a Seleção Brasileira pelas cidades que jogar. 

E, caso alguma infelicidade tire o Brasil da Copa, eles vão seguir as seleções latino-americanas, “mostrando essa integração e esse território de paz chamado Copa do Mundo”.