Correios: Greve afeta 60% do efetivo

Adesão varia entre as cidades; em Tubarão, por exemplo, os funcionários voltaram ao serviço ontem.

Tubarão

Deflagrada na quarta-feira da semana passada contra a proposta de privatização e reivindicando melhores condições de trabalho, a greve de funcionários dos Correios deve seguir por tempo indeterminado. Na região, segundo avaliação do Sindicato dos Trabalhadores na Empresa de Correios e Telégrafos e Similares de Santa Catarina (Sintect/SC), a adesão varia de cidade para cidade.

Em Tubarão, os funcionários voltaram ontem ao trabalho. No mesmo dia, o Sintect programou uma assembleia para avaliar os rumos da paralisação, considerando as decisões tomadas pelos sindicatos país afora.

Em reunião na quarta-feira à noite no Tribunal Superior do Trabalho (TST), em Brasília, representantes dos funcionários dos Correios e dirigentes da empresa discutiram as propostas de revogação da suspensão das férias até dezembro deste ano, a manutenção do plano de saúde e a negociação dos dias de paralisação, apresentadas pelo vice-presidente do TST, ministro Emanuel Pereira.

O plano de saúde CorreiosSaúde arca com 93% das despesas médicas e odontológicas dos funcionários. A empresa alega que o atual modelo é insustentável. Em nota, reafirma que confia no bom senso dos funcionários para encerrar a paralisação parcial, de forma a não prejudicar ainda mais a qualidade dos serviços prestados à população.

De acordo com o diretor de Formação Sindical do Sintect, Samuel de Mattos, as propostas apresentadas até agora não atendem às reivindicações da categoria. Ele diz que a greve paralisa 60% dos trabalhos oferecidos pelos Correios. Criciúma, Morro da Fumaça e Urussanga estão entre as cidades onde a adesão é maior.

Em Imbituba, segundo Mattos, todos os carteiros estão participando do movimento. Já em Laguna ocorre o contrário: nenhum funcionário decidiu tomar parte da greve. Em Garopaba também há paralisação.

Carteiros estão entre os principais grevistas
Em todos os casos, as maiores adesões são registradas entre os carteiros. Outras categorias, como os funcionários das agências, tiveram adesão menor. Na avaliação de Mattos, a explicação está no fato de a greve atual ter como objetivo principal a manutenção de benefícios adquiridos, em vez de ser, por exemplo, uma campanha pelo reajuste salarial, o que poderia favorecer o índice de participação.
“Há também uma pressão da empresa com a ameaça de demissão de funcionários. Mas isso não é de agora. O governo quer privatizar os Correios”, comenta. Mattos relata ainda que em muitos locais as condições de trabalho são críticas, com empregados tendo de revezar os veículos para poderem dar conta de suas tarefas.