Chuvas em SC: Quantidade de mortos ultrapassa 80

Tubarão

As chuvas que castigam Santa Catarina desde outubro – e acentuaram-se nos últimos dias – deixaram um rastro de destruição especialmente no norte, litoral norte e Vale do Itajaí, local onde a situação é a mais preocupante neste momento. Embora ainda restem seis dias para o fim do mês, já se pode dizer que, historicamente, nunca choveu tanto em novembro, principalmente nas localizadas entre a Grande Florianópolis e o litoral norte.

O número de mortos confirmados subiu para 84 (número até 21h28min de ontem, conforme relatório disponibilizado pela Defesa Civil de Santa Catarina. Ao todo, 1,5 milhão de catarinenses foram afetados diretamente por conta das chuvas. Por volta das 16 horas, mais sete corpos foram encontrados em Blumenau, cidade mais afetada pelas chuvas, onde o número de óbitos é de 20 pessoas. Em Luiz Alves, são quatro mortos, um em Brusque, um em Bom Jardim da Serra, 15 em Gaspar, 12 em Jaraguá do Sul, um em Pomerode, dois em Rancho Queimado, 18 em Ilhota, dois em Benedito Novo, quatro em Rodeio, dois em Itajaí, um em São Pedro de Alcântara e um em Florianópolis.

Já são seis os municípios com registro de calamidade pública: Pomerode, Gaspar, Rio dos Cedros, Nova Trento, Camboriú e Benedito Novo. As cidades de Luis Alves, São João Batista, Rio dos Cedros, Garuva, Pomerode, Itapoá, Benedito Novo e São Bonifácio estão completamente isoladas e contabilizam o maior número de pessoas afetadas: quase 100 mil catarinenses. Até as 19h40min de ontem, eram 22.952 desabrigados (perderam a casa e estão em abrigos públicos organizados em associações e escolas) e outros 31.087 desalojados (estão em casa de parentes e amigos), totalizando 54.039 pessoas afetadas. A maior prioridade neste momento é a arrecadação de água potável.

Fornecimento de GNV segue cortado

Tatiana Dornelles
Tubarão

O fornecimento de gás em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul ficou comprometido após a explosão no gasoduto de Gaspar, no último sábado. Em Tubarão e região, os motoristas não conseguem abastecer os carros com gás natural veicular (GNV) desde domingo, quando o fornecimento foi cortado. A previsão é que tudo volte ao normal em 21 dias. Segundo a SCGás, a volta do fornecimento depende da Transportadora Brasileira Gasoduto Brasil-Bolívia (TBG).

O incidente, ocorrido sábado, foi causado por um rompimento no duto em função de grande quantidade de terra e lama que se movimentou em virtude das chuvas torrenciais dos últimos dias. O acesso ao local para os reparos necessários só pode ser feito por via aérea, incluindo o transporte de equipamentos e equipe técnica. A Petrobras disponibiliza técnicos e equipamentos para que a situação seja normalizada o mais breve possível.

Para minimizar o prazo de reparos no trecho do gasoduto afetado, será realizado um desvio no duto de aproximadamente 300 metros de comprimento, adotando-se as medidas necessárias de segurança da operação. Para que o cronograma seja cumprido, é fundamental a melhoria das condições climáticas na região. Na região, cerca de cinco mil veículos são convertidos para GNV. Somente em Tubarão, são 2.943 carros a gás.

Estudantes do Vale são resgatados em Gaspar

Wagner da Silva
Braço do Norte

Enquanto uns estão mobilizados em ajudar as famílias vítimas pelas chuvas em Santa Catarina, muitos pais tentam controlar a angústia e o nervosismo de ficar sem notícias dos filhos. Alguns estudantes da região viajaram ao parque aquático Cascanéia, em Gaspar, no Vale do Itajaí, a região mais afetada do estado.
Sábado, a queda de uma barreira deixou aproximadamente 600 turistas isolados no local, sem energia e sem telefone. Até a tarde de segunda-feira, muitos ainda não tinham notícias dos familiares. É o caso de Adelina da Rosa Ferreira. Pela primeira vez, ela deixou a filha, Franciély Ferreira, viajar com amigos.

Franciély estava com um grupo do colégio estadual Dom Joaquim, de Braço do Norte. A viagem foi uma comemoração da formatura da turma. Além de alunos de Braço do Norte, existem turmas também de outras cidades do Vale, como São Ludgero e Rio Fortuna.
Várias tentativas de retirar os turistas do local foram feitas por policiais e bombeiros. Em uma delas, 40 pessoas foram resgatadas através da mata. Pouco depois, um deslizamento fechou o acesso e novamente o parque ficou isolado. Com uma pequena melhora no tempo, novas tentativas de resgate foram feitas com sucesso. Até o início da tarde de ontem, 200 pessoas foram retiradas de helicópteros e outras 400 caminharam com orientação de bombeiros e policiais.

Amurel arrecada mantimentos

Seja qual for a tragédia climática que abata o estado, nada consegue abalar uma das qualidades que mais caracteriza o povo catarinense: a solidariedade. Ontem, várias empresas e entidades lançaram campanhas para angariar alimentos e água potável, a maior necessidade neste momento, nas regiões mais afetadas pelas chuvas.
Em Tubarão, a Amurel contatou as principais entidades representativas de classe da região e os prefeitos dos 17 municípios que representa, no sentido de mobilizar todos para auxiliar as vítimas. Além das pessoas afetadas no norte, litoral norte e Vale do Itajaí, a região com maior número de desabrigados e mortos, a Amurel também contabiliza doações para ajudar as vítimas na região.

A intenção é tornar a sede da entidade representativa em um posto de arrecadação. Além de alimentos não perecíveis e água mineral, a campanha também busca arrecadar cobertores, colchões e roupas para pessoas de todas as idades. O Centro de Integração Empresa-Escola de Santa Catarina (CIEE) também arregaçou as mangas e organizou as unidades espalhadas em todo o estado para ajudar na arrecadação de mantimentos.

Como ajudar
Amurel: rua Rio Branco, 67, bairro Vila Moema. Contatos pelo telefone (48) 3626-5711.
CIEE: avenida Marcolino Martins Cabral 1788, centro. Informações pelo telefone (48) 3626-8113.