Atraso do frio limita pesca da tainha na região

Faltando apenas nove dias para acabar o mês de maio e quase nada de tainha. Em 2018, por exemplo, nesta época havia fartura na captura do animal. A pesca deste ano ainda não rendeu. Os pescadores afirmam que a pesca depende muito de um ritual climático, neste tempo seco e quente é muito difícil os cardumes aparecerem.

De acordo com a coordenadora da União das Associações de Pescadores da Ilha (UAPI), Maria Aparecida Ramos, a Cida, a captura ainda é pouca. “A maior produção por meio de embarcações de pequeno porte ainda não chegou a uma tonelada. Os pescadores capturaram cerca de 700 quilos. A expectativa é que o tempo possa melhorar (esfriar) e assim, mudar as águas. Desta forma, podemos ter uma safra mais produtiva”, explica.

Cida conta que as capturas maiores foram feitas por canoas de praia, que alcançaram seis ou sete toneladas do pescado que é considerado a principal fonte de renda da pesca industrial e artesanal. Em 2013, esse peixe foi reconhecido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) como ameaçado de extinção.

Em tempos de pandemia, a coordenadora destaca que os cuidados foram redobrados e os pescadores seguem o decreto municipal, estadual e as normas da Organização Mundial de Saúde. “Eles estão orientados. Podemos constatar a utilização das máscaras, álcool em gel e um cuidado especial em distanciamento, além de toda a normativa necessária”, afirma.

Neste ano Laguna tem 25 embarcações de pesca. Pescadores das comunidades Ponta da Barra, Campo Verde, Santa Marta Pequena, Passagem da Barra e Farol de Santa Marta se cadastraram para os trabalhos. Todas localizadas na região da ilha.

No calendário da pesca artesanal, o arrasto de praia teve início no dia 1º de maio. No último dia 15 começou a Caça de Malha Anilhada, em alto mar, com embarcações de botes pequenos. No dia 1º de junho estará liberada a pesca industrial, feita por embarcações maiores e no dia 31 de julho, finaliza-se a temporada. Na região da Cidade Juliana cerca de três mil famílias sobrevivem exclusivamente deste trabalho.

Em Laguna, por exemplo, a tainha é pescada em tarrafas nas encostas, nas praias e nos Molhes, com auxílio dos botos. Na região do Farol de Santa Marta, a captura se faz por meio de arrastão, com o cerco do cardume feito pelos barcos, onde um olheiro pescador visualiza os peixes do alto das encostas. As tainhas são vistas em cardumes, pois é uma característica da fecundação, onde as fêmeas lançam os óvulos no mar e estes se encontram com os espermas, e por isso elas nadam tão juntas.