Mulher de 45 anos está grávida dos netos;filho gay será pai de gêmeos

Por meio da chamada “barriga solidária”, a professora Valdira das Neves, 45 anos, e o filho Marcelo das Neves estão prestes a unir dois sonhos: ele será pai e ela avó. Sim, a mãe está gerando os filhos do filho!

“Me perguntam: você se sente mais mãe ou avó? Eu digo que sinto as duas coisas ao mesmo tempo. Vou ser mãe por gerar e avó de sentimento. Uma ‘mãe-avó’”, brinca Valdira.

No procedimento da barriga solidária, os médicos uniram os espermatozoides de Marcelo aos óvulos de uma doadora anônima. A fertilização foi feita in vitro. Os especialistas, então, transferiram dois embriões para o útero da mãe de Marcelo.

Infelizmente, no sétimo mês de gestação, ela foi submetida a uma cirurgia de emergência. Helena, como chamava-se a bebê, não resistiu. Mas não era o fim do sonho. É aí que entra o filho mais velho, Marcelo.

Marcelo é gay e revelou a orientação sexual para a família por volta dos 18 anos. Inicialmente, Valdira teve receio com a notícia: “Nós já esperávamos, mas meu medo era de que as pessoas tratassem ele mal por ser homossexual. Tínhamos medo da sociedade, que é muito preconceituosa”, lembra. “Mas nós nos resolvemos e amamos ele do jeito que ele é”.

A notícia veio acompanhada de outra: ele sonhava em ser pai desde a adolescência. “Eu vi em minha mãe uma tristeza grande, aquela depressão se acumulando dentro dela. Eu via ela mal [por ter morrido uma filha] e ficava mal. Então, a incentivei a ter um outro filho”, diz Marcelo.

Já que Valdira não poderia ter um filho biológico espontâneo, o filho fez o convite. Segundo a legislação médica, o procedimento de “útero de substituição” só é permitido para parentes consanguíneos de até 4º grau. Não há permissão para o pagamento de qualquer valor para a gestante, evitando assim a chamada “barriga de aluguel”.

Após tratar a tireoide, ela fez exames de rotina e os dois passaram por tratamento psicológico. O processo levou dois anos. Nesse meio tempo, foram quatro tentativas de fertilização. Quando estavam prestes a desistir, uma boa notícia.

O grande dia

“A gente comprou um teste de farmácia, só por via das dúvidas”, diz o filho. “Assim que ela fez, apareceram duas listinhas [indicando resultado positivo] bem fortes. Minha mãe gritou: deu, deu! Aí a gente se abraçou”. O teste de beta HCG também deu positivo.

Com seis semanas de gestação, mãe e filho fizeram um ultrassom. “Na hora que a médica começou o procedimento, já vi que eram dois bebês. Falei: ‘nossa, doutora, são dois?’ E ela respondeu: você descobriu primeiro do que eu!”

Marcelo também sentiu um pouco de medo. E não à toa. “Como ela é considerada uma gestante em idade avançada, é necessário um pré-natal de alto risco, inclusive pelo fato de serem dois bebês. Os riscos mais comuns nesse caso são o nascimento prematuro dos bebês e também riscos da gestante desenvolver diabetes gestacional e/ou pressão alta na gravidez”, explica a médica Camilla Vidal do CEFERP (Centro de Fertilidade de Ribeirão Preto), que cuida do caso.

A previsão é que os bebês, Noah e Maria Flor, nasçam até setembro. A empresa onde Marcelo trabalha deu direito a ele de ficar cinco meses em casa, cumprindo uma licença-paternidade. O registro de paternidade vai só no nome dele, mas a alegria, garantem, será dos dois.

“Está sendo maravilhoso e vai ser maravilhoso conviver com eles”, conclui Valdira.

Fonte: Universa/Fotos: Reprodução/Instagram