De férias no sul – Dunga: na sombra e com água fresca

Marco Antonio Mendes
Garopaba

Parecia ser uma missão um pouco complicada encontrar o técnico da seleção brasileira de futebol Dunga em Garopaba. Mas, depois de uns tantos quilômetros rodados, com partida de Tubarão, e algumas informações recebidas, apertamos a campainha daquela que poderia ser a sua casa. Curiosamente, o próprio Dunga atendeu. Com uma camiseta simples, bermuda da seleção, chinelo e cara de sono, o comandante da equipe brasileira no início que não queria muito conceder uns minutos das suas férias para uma entrevista, mas logo já estava na rua falando sobre a vida pessoal e profissional.

Há seis anos, o ex-capitão do Brasil descansa na tranquila praia de Garopaba. “Geralmente, eu venho com a família toda. Meus filhos, esposa e a minha mãe. É bastante sossegado. Além disso, tenho alguns amigos por aqui. Adoro este lugar”, elogia.

A rotina durante o período de descanso do gaúcho é como de qualquer mortal. Fica na praia, dorme bastante, faz alguns exercícios, reúne os amigos para uma partida de futevôlei, come um bom churrasco. Nada de mais, embora as férias não sejam motivo para se desligar do trabalho. “Estava aqui assistindo alguns jogos dos campeonatos europeus, observando os jogadores para as próximas convocações. Não posso parar”, conta.

Nesta quinta-feira, Dunga já retoma ao ofício junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). O primeiro compromisso do ano da seleção será no dia 10 de fevereiro, um amistoso com a Itália, em Londres, na Inglaterra.

Técnico votou em Cristiano Ronaldo
“Votei em Cristiano Ronaldo porque ele foi o destaque do ano no futebol. Com todas as conquistas, tive que reconhecer o trabalho dele”, revela o treinador, mesmo sem saber quem realmente levará o prêmio de melhor jogador do ano concedido pela Fifa. “Queria que Kaká levasse, mas sei que 2008 não foi um bom ano para ele. Falam no Messi, mas tem que observar todo o ano, não apenas os últimos seis meses”, justifica.

Tanto Ronaldo quanto Maradona também foram alvo de questionamentos. Para ele, ambos estão recebendo chances e, por isso, tudo dependerá deles próprios. O novo atacante do Corinthians volta aos campos este ano, mas o treinador da seleção é cauteloso. “Estão criando expectativas demais. Acham que ele voltará com tudo, mas é um trabalho a médio e longo prazo. Quem sabe ele pode tornar-se o fenômeno de antes. Já o Maradona, tem a oportunidade que sempre quis, treinar a seleção argentina. Tudo depende dele. Tomara que dê certo”, torce o rival da seleção brasileira.

Prioridade da vez será as eliminatórias da Copa
Entre um papo e outro com a redação do Notisul, o treinador da seleção brasileira fez a sua avaliação de 2008, ano que recebeu algumas críticas, principalmente por ter conquistado apenas o bronze nas Olimpíadas de Pequim, além do desempenho não muito bom nas Eliminatórias da Copa.

“Se você analisar que tivemos apenas 15 dias para preparar um time para disputar os Jogos Olímpicos, é muito pouco tempo. Não é fácil lidar com jogadores que estão em outras equipes, acostumados com fuso-horários diferentes e ainda mais aguentarem viajar por vários dias”, relata.

Segundo ele, os comentários sobre a sua saída do cargo após derrotas ou empates não o atingem. “Luxemburgo, Parreira ou quaisquer outros treinadores sempre passaram por isso. É sempre assim. Por isso, nem ligo”, afirma o comandante, que prioriza a classificação ao Mundial da África do Sul, em 2010, mesmo que este ano haja a Copa das Confederações, em junho.

Dunga evita falar sobre as convocações ou possíveis surpresas para o grupo este ano. “Tenho que continuar analisando, observando os atletas. Tudo vai valer pelos momentos que eles estão passando”, explica.