Vítimas da megatempestade relatam cenas de terror

Foto:Rafael Andrade/Notisul
Foto:Rafael Andrade/Notisul

Kalil de Oliveira
Tubarão

Quem estava circulando em via pública por Tubarão e região no final da tarde de domingo viu telhas e estruturas de galpões voarem. Justamente o que presenciou a aposentada Hélia Mendes, 77 anos, moradora da rua Coronel José Martins Cabral, bairro Humaitá de Cima, em frente à Igreja do Evangelho Quadrangular, que desabou.

Assim que a ventania começou a soltar peças do galpão, Hélia, a filha e o genro se trancaram no banheiro da casa. Foi a maneira encontrada para se proteger dos ferros retorcidos e pedaços de telha que voavam em direção ao imóvel. Um buraco a quase dois metros de altura ficou registrado na porta de vidro em frente da casa. “Foi um pedaço de telha. Parecia um tiro. Quebrou três vidros da casa. Como o banheiro é de alvenaria, ficou mais seguro ficar trancada lá. Eu sofro do coração e nem poderia ficar muito nervosa. A minha salvação foi a minha filha que por acaso estava me visitando e chegou momentos antes do vendaval”, descreve a aposentada enquanto observa a reconstrução do telhado, cujo trabalho durou toda a segunda-feira e ontem.

Um dos vizinhos, o empresário Marcos Durante, 37 anos, proprietário de uma oficina mecânica, também parecia não acreditar no que via. “Vamos ter que reconstruir tudo. Comprometeu a estrutura, danificou as ferramentas. Mas na verdade não sabemos bem direito como vai ser. Primeiro estamos tentando tirar os carros para tentar entender e pensar no que fazer”, revela.

Segundo o empresário, cinco carros estavam no interior da oficina quando o teto caiu. Três elevadores de veículos também foram atingidos. Uma caminhonete avaliada em mais de R$ 50 mil, pertencente a um cliente, teve perda total e foi “desenterrada” por uma retroescavadeira, embaixo dos escombros. Marcos calcula que precisará de algo em torno de R$ 300 mil para se reerguer.

Falta de luz: prejuízo em mercado ainda nem foi calculado
Edmar Kalf, 35 anos, proprietário de um minimercado no bairro São João, precisou alugar um caminhão frigorífico para não perder a mercadoria em virtude das 48 horas de falta de energia em seu estabelecimento. 

“O que tinha de frios, carne, frango, congelados, ficaram lá dentro, mas alguma coisa não deu tempo e estragou”, lamenta o empresário, que trabalhou na segunda-feira e ontem no escuro. Os produtos mais procurados foram as velas, que se esgotaram já no primeiro dia.

Ainda no bairro São João, o mecânico Adriano Mendes, 42 anos, teve dificuldade para encontrar lonas. O jeito foi improvisar. “A casa estava com um buraco no telhado e, como a previsão era para chuva, então saímos na marginal da BR-101 para tentar achar algum material, talvez algum telhado, aí achamos uma lona de um outdoor no acostamento. Serviu”, revela.