Leite: Preço cai, mas só para o produtor

Zahyra Mattar
Braço do Norte

A seca, que assola especialmente a região oeste de Santa Catarina, começa a somar prejuízo para o produtor de leite. O estado tem uma relação diferenciada com este tipo de cultura. Assim como no Rio Grande do Sul, aqui o leite está associado a uma renda extra mensal às famílias rurais. E isto é um dos motivos que mantém muitos ainda no campo porque as safras anuais – como o fumo e o arroz, por exemplo -, não garantem o sustento.

O problema é que agora a família rural tem mais prejuízo do que lucro. Cada litro de leite produzido não é vendido por mais de R$ 0,60 às indústrias de laticínios. Paralelamente a isso, a agricultura familiar neste segmento segue em decadência por conta da abertura do mercado externo.

Há um mês, os maiores produtores de leite da América Latina, Uruguai e Argentina, tinham uma cota de exportação do produto ao Brasil. Algo que não é mais observado. “Nunca se importou tanto leite como nos meses de junho e julho deste ano. Mesmo com os impostos, o produto chega no Brasil com preços que jamais conseguiremos competir”, lamenta o produtor Edésio Oenning, de Braço do Norte.

Representante da região no Conselho Paritário do Leite (Consleite), Oenning não é nem um pouco otimista com relação ao atual cenário. “A tendência é cair ainda mais. Especialmente por conta do clima. Tem produtor rezando para que não chova porque senão teremos bons pastos e ainda mais oferta no mercado”, explica.

Se para o produtor a situação não é das melhores, para a dona-de-casa a grande oferta de leite no mercado também não traz grandes vantagens. Em Tubarão, por exemplo, o valor mínimo do alimento nos supermercados não baixa de R$ 1,44. E é justamente o valor repassado para o consumidor que corrobora com aquilo que o produtor Edésio Oening, de Braço do Norte, pontua sobre a abertura do mercado brasileiro para outros países. O preço de R$ 1,44 diz respeito a uma marca importada. Entre as nacionais, o menor valor encontrado é bem superior: R$ 1,66.

50 mil famílias catarinenses complementam a renda com a produção de leite.

350 mil litros de leite são recolhidos e processados por dia pela agroindústria da bacia leiteira do Vale do Braço do Norte.

11 pequenos laticínios atuam na região. Braço do Norte é o município líder na produção de leite.