Hanseníase: Uma luta contra o preconceito

Carolina Carradore
Tubarão

Uma das doenças mais antigas do mundo, a hanseníase, ainda é um caso de saúde pública. A campanha maciça entre 2003 e 2008 fez com que o registro de novos casos no Brasil reduzisse em 30%: passou de 29,37 doentes por 100 mil habitantes para 20,56 casos. Dados preliminares do Ministério da Saúde, apontam que o coeficiente baixou para 16,72 no ano passado.

Santa Catarina apresenta uma das menores taxas do país. São 2,5 casos para cada 100 mil habitantes. Em Tubarão, 2009 fechou com três casos da doença. Todos os pacientes contraíram a doença em outros estados e são tratados por meio do Programa de Hanseníase, da secretaria de saúde da prefeitura, sob a coordenação da assistente social Suzan Karla Peruch.

O último caso confirmado na cidade, em um homem, contraiu a doença no Maranhão e já está em fase final do tratamento. “Todos que estão com manchas na pele que não causam dores e não tem pêlos na região, precisam procurar o programa. Nós encaminhamos ao médico, realizamos os exames e diagnosticamos se de fato trata-se de Hanseníase ou outra doença”, incentiva Suzan.

Em Laguna, apenas um caso foi registrado em 2009. E para marcar o Dia Mundial de Luta Contra a Hanseníase, lembrado neste domingo, profissionais de saúde aproveitaram a semana para distribuir panfletos explicativos sobre a doença.

Na região
Além dos casos em Tubarão e Laguna, há mais duas pessoas em tratamento: um homem em Gravatal e uma mulher em Capivari de Baixo. Ambos adquiriram a doença em outros estados.

Tratamento precoce

A hanseníase tem cura, mas precisa ser diagnosticada precocemente. Quando o paciente inicia o tratamento, o risco de transmitir a doença é praticamente nulo. O contágio, explica a coordenadora do Programa de Hanseníase da prefeitura de Tubarão, Suzan Carla Peruch, ocorre quando há contato prolongado com o doente não diagnosticado. O tratamento da Hanseníase consiste em uma combinação de medicamentos fornecidos gratuitamente pelo serviço de saúde. Durante e após o tratamento regular, o paciente não precisa mais ser isolado porque deixa de ser um transmissor da doença.

Saiba mais

A doença
A hanseníase é uma doença infecciosa de evolução prolongada que ataca principalmente a pele e os nervos.

Causa
É causada pelo Mycobacterium leprae, bacilo descoberto em 1873 pelo cientista norueguês Gerhard Armauer Hansen. Daí o nome hanseníase.

Transmissão
A hanseníase é considerada a menos contagiosa das doenças transmissíveis. O doente que não está em tratamento é a principal fonte de propagação do bacilo. A hanseníase não é hereditária, isto é, ninguém nasce com a doença. Desde o momento em que o bacilo penetra no organismo, até o aparecimento dos primeiros sinais e sintomas, podem passar em média dois a sete anos. A hanseníase é a doença com o mais longo período de incubação.

Sinais e sintomas
• Manchas esbranquiçadas ou avermelhadas em qualquer parte do corpo, com diminuição, aumento ou ausência de sensibilidade ao calor, ao frio, a dor e ao tato;
• Nódulos (caroços);
• Dor próxima ao cotovelo, joelho e tornozelo;
• Queda de pêlos nos locais onde surgem as manchas.

Sequelas
A hanseníase pode causar incapacidades físicas por conta da agressão do bacilo aos nervos e por reações hansênicas (processos inflamatórios). As incapacidades podem ser evitadas com o diagnóstico precoce, tratamento adequado e técnicas de prevenção.

* Dados Programa de Hanseníase da prefeitura de Laguna.