Diárias da câmara de Tubarão: Jarrão é intimado pela polícia a depor

Carolina Carradore
Tubarão

Esta semana, o Tribunal de Contas do Estado (TCE) apresentou os valores gastos em 2009 pelas câmaras de vereadores do estado com diárias. O legislativo de Capivari de Baixo ocupa o terceiro lugar na lista e Imbituba e Laguna também figuram entre os que mais gastaram com viagens em Santa Catarina. Apesar da notoriedade do caso, nenhum dos presidentes das três câmaras em questão tornou públicos os detalhes das diárias, com nome de vereadores, destino das viagens e valores dispensados.

O presidente do legislativo de Capivari, Francisco dos Santos Justino, o Seu Chico (PSDB), garantiu ontem à noite que não detalhará os R$ 283.309,00 gastos em diárias. Ele justificou que seria um desrespeito com o presidente do legislativo do ano passado, Valmiro Miranda da Rosa, o Bila (PMDB). “Esse relatório é da gestão dele (Bila), não da minha. Fica chato eu divulgar algo que não é da minha presidência”, frisa Seu Chico.

Ministério Público
O promotor Sandro de Araújo, que responde no Fórum de Capivari de Baixo, tirou cópia de reportagens que apresentaram o relatório divulgado pelo TCE referente a gastos com diárias na câmara de vereadores de Santa Catarina. Ele passará a situação referente a Capivari, que está em terceiro lugar na lista, para a promotora Maria Modesto Rebello, que volta ao posto após as férias, na próxima segunda-feira.

Sem detalhes

Na câmara de Laguna, que figura na lista do TCE no 18º lugar e gastou em 2009 R$ 100.390 mil com viagens a trabalhos e cursos de qualificação, o relatório que detalha esses gastos também permanece em mistério.

O presidente Deyvisson da Silva de Souza (PMDB), estava resolvendo assunto de saúde na família, em Florianópolis, e não pôde disponibilizar o documento. Deyvisson adiantou também que, em princípio, nenhum procedimento será tomado no legislativo para esclarecer o valor divulgado pelo TCE. “Tudo foi usado de acordo com a lei. Foram cursos de qualificações necessários para vereadores e funcionários da casa”, enfatizou.

Em Imbituba, o gasto em diárias, segundo o tribunal, foi de R$ 120.324,00, fato que fez a cidade ocupar o 12º lugar. O presidente do legislativo, Christiano Lopes de Oliveira (DEM), disse ontem que o setor jurídico da câmara prepara o relatório, que deve ser entregue em dois dias.

“Quero saber onde gastaram tudo isso!”

Na sessão da câmara de Capivari de Baixo de ontem à noite, o clima era tranquilo e poucos comentavam o valor exagerado dispensado para diárias. O vereador Elto Aguiar Ramos, o Eltinho (PDT), foi o único a levantar o assunto.

Ele entrou com requerimento pedindo esclarecimento sobre o alto valor para o presidente da casa e ao ex-presidente Bila quanto ao dinheiro gasto em diárias, conforme o TCE. “Quero saber de onde gastaram tanto. Estranho esse valor, é muito alto. Dava para construir 22 casas populares”, compara o vereador. Eltinho deixou claro que não é contra cursos de qualificação, mas que poderia haver bom senso nos gastos.

Tanto que no ano passado o legislador apresentou projeto de lei para que seja criada uma escola de gestão pública em Capivari de Baixo. “Temos a Fucap, que poderia nos auxiliar. Assim, poderemos dar qualificação ao funcionário do legislativo, sem que seja necessário um deslocamento da região para isso. A economia seria gritante”, argumenta. O projeto está em análise nas comissões.

Caso Jarrão: polícia inicia depoimentos

O delegado Carlos Diego de Araújo intimou para o próximo dia 13 o vereador de Tubarão, Geraldo Pereira, o Jarrão (PMDB) e sua assessora, Cynara Guimarães Antunes, a prestarem depoimentos à polícia. Ambos serão ouvidos no mesmo dia. O delegado também deve intimar esta semana o presidente da câmara de vereadores de Tubarão, João Batista de Andrade, o sargento Batista (PSDB). “Ele liberou as diárias, precisa prestar esclarecimentos”, explica o delegado.

A Central de Polícia investiga denúncia divulgada em reportagem do Fantástico no último dia 7, que mostrava o vereador Jarrão e a assessora Cynara fazendo turismo com dinheiro público no Porto de Galinhas, enquanto deveria estar no Recife, participando de um curso de vereador.

No entanto, o vereador garante que participou do curso no período da tarde e que no horário em que foi flagrado na praia, próximo das 11 horas, estava de folga dos seminários. “Não era horário do curso, era folga”, diz. A assessora Cynara até o momento não quis prestar declaração ao Notisul.