Construção civil: Giro de R$ 100 milhões até 2010

Amanda Menger
Tubarão

Para saber se uma região ou país está em crise, analise o setor de construção civil. Não é a toa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem apoiado projetos de incentivo à área. A construção civil emprega um grande número de trabalhadores e concentra investimentos financeiros. Em Tubarão, entre este ano e o próximo, a expectativa do Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) é que sejam entregues 100 mil metros quadrados de área construída. Isso representa algo em torno de 20 edificações e um giro econômico de R$ 100 milhões.

“A construção civil é uma grande indústria em Tubarão. Há empresas que gostariam de investir mais se tivessem empregados. Temos, hoje, uma grande dificuldade de encontrar mão-de-obra. A minha empresa, para tocar uma obra em Braço do Norte, traz funcionários de Araranguá, porque faltam pessoas”, afirma o presidente do Sinduscon e dono da Camilo e Ghisi, Silvio Ghisi.

Segundo ele, Tubarão é um cenário propício para investimentos voltados a diversos públicos. “Ainda mais agora, com os incentivos do governo federal, neste projeto Minha Casa, Minha Vida. Sentiremos ainda mais o problema da falta de mão-de-obra, pois os recursos estão mais acessíveis às empresas e ao público também”, observa Sílvio.

Um projeto deve ser proposto ao Sindicato dos Lojistas (Sindilojas) e à Câmara de Dirigentes Lojistas de Tubarão (CDL). “Queremos ver a possibilidade de Sindilojas e CDL entrarem com o terreno, o Sinduscon com o projeto e o governo federal com os recursos, para a construção de um residencial voltado aos comerciários, já que eles entram na faixa estipulada pelo governo de até dez salários mínimos”, afirma o presidente do Sinduscon.

Construção civil em crescimento

Tatiana Dornelles
Tubarão

Basta olhar para um dos lados onde você está agora, caro leitor, que um prédio ou casa está em construção. A cada dia, o setor de construção civil cresce em Tubarão e sempre há clientes em busca da realização do sonho de ter a casa própria.
Mesmo com um cenário de preocupação devido à crise econômica mundial, quem quer investir em imóveis não está deixando de fazê-lo. Pelo contrário, procura o imóvel adequado ao bolso e ao investimento pretendido.

Segundo um dos proprietários da Qualienge Construções, Eládio Ghisi, de Tubarão, o setor da construção civil é um mercado em constante crescimento. “À medida que a população cresce, o mercado acompanha. Sempre há clientes querendo comprar um imóvel. Entretanto, é preciso atender as classes C e D, uma vez que grande parte dos lançamentos no mercado, hoje, são para um público com maior poder aquisitivo”, analisa Eládio.

Atualmente, admite ele, muitas pessoas querem comprar um imóvel, mas não têm condições de adquirir o que o mercado oferece. “Deveria haver um foco voltado a este público. Quem trabalha no comércio, por exemplo, não tem como comprar algo de R$ 120 mil. Hoje, nossa empresa tenta oferecer produtos com preços mais acessíveis, entre R$ 80 mil e R$ 110 mil, com custo mais baixo. Para este ano, lançaremos um condomínio de casas geminadas”, ressalta Eládio.

O proprietário da Qualienge diz ainda que o mercado está aberto a todos e que há muita gente com dinheiro para comprar. “Tubarão está em ritmo acelerado em construção civil. Tem muito apartamento para vender, mas tem bastante gente para comprar. As pessoas não precisam ter medo, afinal, imóvel é um excelente investimento”.

Mão-de-obra qualificada
Mesmo com tantos empreendimentos a serem lançados em Tubarão e na região, um problema que afeta a construção civil é a mão-de-obra qualificada. Trabalhadores há para o setor, mas grande parte não se profissionaliza.
“Esta é uma dificuldade que enfrentamos. O setor cresce a cada ano em ritmo acelerado, mas tem muitas construções e poucos profissionais. Os bons pedreiros, por exemplo, já estão empregados. Sobra apenas o pessoal que vai de obra em obra e que não quer ter uma profissão, apenas um trabalho. Assim, não se profissionalizam”, considera o proprietário da Qualienge Construções, Eládio Ghisi, de Tubarão.

Segundo ele, a demanda não é atendida pelos novos operários que estão no mercado de trabalho. “O setor da construção civil gera muito emprego, mas tem aqueles funcionários fixos e rotativos, que vão de obra em obra. Estes não querem qualificar-se. É um serviço pesado e os profissionais bons são absorvidos rapidamente. Os novos estão aí apenas para trabalhar, querem arrumar coisa melhor e não seguir a profissão”, ressalta Eládio.

Os dados do Caged, em janeiro, apontavam que na construção civil foram admitidos 117 e demitidos 78, perfazendo um saldo de 39. Nos últimos 12 meses, foram 980 admitidos e 957 demitidos, com saldo de 23. No estado, em janeiro deste ano, 7.818 foram contratados, 5.723 desligados. Nos últimos 12 meses, 74.276 pessoas foram admitidas no setor e 64.282 demitidos.

Imóveis são bastante procurados

O mercado imobiliário está em crescimento em Tubarão. A cada dia, aumenta o número de pessoas à procura de imóveis para comprar e novos empreendimentos são lançados. “Há demanda e o mercado está cada vez mais seletivo com relação aos empreendimentos. As pessoas estão mais preocupadas em comprar com empresas seguras, confiáveis e estão críticas quanto a isso”, analisa o proprietário da Imobiliária Vendelar, Fernando Matos, de Tubarão.

Segundo ele, há muita gente adquirindo imóveis para alugar. “Há clientes que compram para locação, formam carteira, e esperam os lançamentos para adquirir mais imóveis. Demonstra um bom crescimento no mercado”, avalia Fernando.
Sobre a necessidade de empreendimentos voltados às classes C e D, Fernando revela que, no segundo semestre deste ano, será lançado um empreendimento com apartamentos de R$ 70 mil para serem financiados pela Caixa Econômica Federal. “A Vendelar quer atender esta demanda. Além disso, tudo o que foi lançado foi absorvido dentro das nossas expectativas. Mais do que nunca, o imóvel tem se mostrado um porto seguro”, ressalta.

Fernando diz que tudo o que foi lançado foi realizado através de pesquisa. Outro fator importante é quanto à segurança na relação compra e venda. “O comprador tem que escolher bem com quem adquirir, verificar toda a documentação para fazer negócio. É sempre importante lembrar que a segurança do mercado está ligada às pessoas que se envolvem nesta relação”.

Mão-de-obra especializada
será formada por escola

Com a dificuldade de encontrar profissionais para tocar as obras, o Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon) apresentou recentemente ao prefeito de Tubarão, Dr. Manoel Bertoncini (PSDB), um projeto para construir uma escola de formação de mão-de-obra. A ideia é tirar o projeto do papel ainda neste ano.

“Já fizemos a proposta ao prefeito e falta definir a área. O projeto já está pronto, incluindo o arquitetônico. Queremos formar pedreiros, pintores, carpinteiro, encanadores, eletricistas, colocadores de azulejos e piso, entre outros profissionais. Temos alguns parceiros como indústrias de cerâmica, de tinta, que estão interessados em colaborar com a escola, além dos governos federal e estadual, e o prefeito sinalizou que o município também poderá engajar-se na nossa iniciativa”, adianta o presidente do Sinduscon e dono da Camilo e Ghisi, Silvio Ghisi.

Como faltam profissionais, já em maio, serão realizados dois cursos: de pedreiro e encanador. “E as mulheres serão muito bem-vindas. Elas destacam-se em áreas, como a colocação de azulejos e encanamentos”, observa Silvio. Estes dois cursos serão realizados em parceria com o governo do estado.
A proposta da escola terá também um lado social. “Os alunos terão que praticar o que aprendem em sala de aula. Para isso, eles farão trabalhos para a comunidade. Por exemplo, há famílias que precisam construir banheiros e os aprendizes poderão fazer este serviço. Até o material poderá ser doado pelos nossos parceiros”, explica Silvio.